31 agosto 2007

Vota no "Diário de um sociólogo"?



Se este blogue lhe diz algo, se acha que ele é socialmente útil, então dê-lhe um voto neste concurso internacional que hoje começou aqui. Muito obrigado.

Kanimambo aos estudantes da UEM

Aos estudantes que me escolheram para ser este ano o seu padrinho na cerimónia de graduação a ocorrer en Novembro na Universidade Eduardo Mondlane, o meu grande obrigado, o meu grande kanimambo. Tudo farei para honrar o convite.

Bizarra decisão

"O ministro da Administração Estatal, Lucas Chomera, garantiu, esta semana, em Namaacha, que todas as cidades e vilas municipais terão representantes do Estado até ao final do ano. Anotou que, a julgar pela experiência das sete cidades onde tais figuras já foram nomeadas, não haverá conflitos de qualquer espécie com os órgãos municipais."
Aqui está uma notícia no mínimo bizarra. Bizarra primeiro porque mostra quão frágil é a defesa da descentralização; segundo, porque é claramente mostrado que não se confia nos municípios; terceiro, porque se tem já a presciência iluminada de que não haverá conflito decisional.
Nem sequer quero falar sobre os encargos financeiros com mais funcionários a remunerar.

30 agosto 2007

Americanos proibem tchuna babies


Seguindo o exemplo de outras cidades americanas, a cidade de Alexandria, no Estado do Lousiana, proibiu o uso de calças de cintura baixa, vulgarmente conhecidas entre nós por tchuna babies. Uma exercício de prevenção contra a sexualidade perigosa. E, já agora, recorde isto aqui.

Uma sidação de 600 mil dólares

"Bem, então vou nisso, arranjem três milhões e cozinhem 150 bois e carneiros. Quantos mais, melhor, que assim eu também aproveito" (mestre Ubu, in "Mestre Ubu" de Alfred Jarry)
Seiscentos mil dólares é quanto custa a primeira conferência nacional sobre o HIV/Sida em Moçambique, agendada para Novembro. Os organizadores estão preocupados, pois só existem por agora 222 mil - reporta o semanário "Zambeze" na sua edição de hoje (p.12). Uma sidação, tudo isto.

Moçambique: roubar tudo


Segundo Salomão Moyana, existe em Moçambique uma generalizada cultura de "roubar tudo". Poucos são os que não roubam - assegura. O director do "Magazine" pede aos poucos que ainda não roubam para cerrarem fileiras "num combate sem tréguas contra a delapidação do património comum" ("Magazine", 29/08/07, p. 7).

Alumínio que afugentou as rolas


"Os megaprojectos são necessários, mas têm os seus inconvenientes. Na zona junto à Mozal não há rolas, por causa da poluição ambiental. Por acaso há um centro de saúde bom; há uma escola boa, cujas infra-estruturas foram feitas pela Mozal, como forma de compensar o mal que aquela indústria produz. Não foi em vão que a fábrica foi transferida de Durban, para Moçambique. A fábrica já estava feita e a produzir, mas foi retirada para Moçambique, por quê?" - extracto de uma entrevista dada ao semanário "Magazine" pelo advogado e político Máximo Dias (edição de 29/08/07, p. 4).

29 agosto 2007

De Madeira a Paulino: o mundo dos planetas


Deixem-me, então, escrever um pouco, não com a razão, mas com os sentidos, como sempre faço. Pensar assim é mais quinestésico. Tem o piripiri do optimismo.
Saiu Madeira e entrou Paulino como Procurador-Geral da República.
Quando assim acontece nas coisas da vida, é de regra pensar-se que aconteceu uma revolução. E nesse interim, condenado é o saído, ovacionado o entrado. Critica-se naquele o deixa-andar, aclama-se neste a expectativa do começa-a-mudar. O mundo é, afinal, a apetência das madrugadas, a busca da purificação.
Quando penso em Joaquim Madeira, borbulha em mim uma imagem fixa: a de um missionário, honesto, íntegro, lutando entre a consciência que o obrigava a actuar e a mão do poder que o mandava indirectamente parar. Quando um dia Madeira disse na Assembleia da República que precisava de auxílio político para singrar, mais não fez do que enunciar dramaticamente a encruzilhada em que se encontrava: a de um homem honesto manietado pelo poder. Ele sabia e sabe pela alma que ninguém está acima da lei, mas também sabia e sabe pela lógica que existem planetas onde o poder está sempre acima da lei.
Entrou Augusto Paulino, hoje nomeado, amanhã a tomar posse. Quando penso em Paulino, penso num hábil e cauteloso jurista que foi produzido pelos mídia, um jurista que ama ser falado, um jurista digamos que cénico. Muito mais do que no reinado de Madeira, a PGR estará agora bem mais em cena, bem mais na ribalta. Ao discurso de impotência de Madeira, responderá Paulino com um optimismo temperado por uma forte frequentação dos mídia e pelo charme das intervenções calmas, proteicas, entorpecentes.
Lá onde Madeira se sentia mal na figura de um representante do poder, Paulino sentir-se-á bem. Tenho dificuldade em ver Madeira a jogar futebol: ele é demasiado missionário. Mas sei que Paulino joga bem futebol: jamais desdenharia marcar o golo.
Dentro da viatura do poder, Madeira não se permitiria rir. Mas Paulino rir-se-á sempre, calma e prazenteiramente.
Quando for a vez de Paulino passar o testemunho a outro - o que, creio, levará tempo -, analisarei então o planeta de Paulino. É sensato, não acham?

De Madeira a Paulino na PGR


Aguardem que eu escreva algo sobre esse tema nas próximas horas.

A voz de Nampula

A blogosfera amplia-se em Moçambique. Assim, "A voz de Nampula" é um blogue criado em Julho por Raul Novinte, mestrado em Ciências de Administração de Empresas. Parabéns! Mas ó Novinte, atenção que a sua última postagem está repetida três vezes...

Não-brancos

Numa escola frequentada por alunos de raça negra na África do Sul, a única estudante de raça branca foi impedida de frequentar uma olimpíada de contabilidade. Responsáveis argumentaram que se tratava de inverter a situação entre os contabilistas encartados sul-africanos, maioritariamente de raça branca. A estudante é filha de um membro do ANC, partido no poder na África do Sul.

Augusto Paulino é o novo PGR



O até agora Juiz-Presidente do Tribunal Judicial da Cidade de Maputo, Augusto Paulino (foto à esquerda), é o novo Procurador-Geral da República, substituindo Joaquim Madeira.
Figura pública, conhecida especialmente desde que foi o juiz no julgamento dos incriminados (foto ao meio) no assassinato do jornalista Carlos Cardoso (à direita).

Nova coqueluche temática: "conflito homem/animal"

Está em grande plano hoje no "Notícias" o já famoso "conflito homem/animal". E com um título dramático: "Animais bravios semearam luto em Mágoè". Com efeito, lá na minha terra e segundo o matutino, "no primeiro semestre deste ano, pelo menos 12 pessoas foram mortas por elefantes e hipopótamos em vários povoados do distrito central de Mágoè, na província de Tete, como resultado de diversos conflitos ocorridos entre o Homem e a fauna bravia principalmente elefantes, hipopótamos e crocodilos."
Tudo isso vem em grande destaque, enquanto o conflito homem/homem na Maragra surgiu perdido numa modesta página. Em Moçambique, agora, muito dificilmente se fala em conflito homem/homem. Não fica bem, não é de bom tom neste glorioso combate contra a pobreza absoluta. Apenas os clérigos pedem, vez que vez, que os humanos se entendam em sua suas inumeráveis desavenças.
Enquanto os conflitos sociais são despojados de visibilidade - ou, se a têm, atribue-se aos trabalhadores a sem razão ou, ainda, pura e simplesmente (o que é mais frequente) escamoteia-se a análise das condições sociais penosas em que os trabalhadores produzem - o "conflito homem/animal" ganha de há cerca de dois anos a esta parte uma publicidade crescente, na imprensa escrita e na Rádio Moçambique.
Para não falar do uso de piripiri, como se faz no Zimbábuè, uma ou duas espingardas em casa sede distrital, usadas por um ou dois caçadores, atenuariam largamente o "conflito". E evitariam certas tragédias, como aquela que se registou entre Junho de 2002 e Maio de 2003 em Muidumbe, província de Cabo Delgado.
Mas o mais importante seria a nossa imprensa investigar as causas do dito conflito. Por exemplo, no tocante aos leões e aos elefantes, seria interessante analisar o impacto da desmatação em curso no país e a gestão de reservas e de coutadas.

28 agosto 2007

Discursos açucarados

O "Notícias" de hoje cita um documento do Ministério do Trabalho que anuncia o término da greve dos trabalhadores da Açucareira da Maragra, distrito da Manhiça.
Segundo o diário, o documento afirma que "a paragem das manifestações resulta do entendimento obtido do encontro havido, na capital do país, entre a Ministra do Trabalho, Helena Taípo, os grevistas e a entidade patronal com vista a se buscar uma solução para o problema. A ineficiente intervenção sindical, o desconhecimento da legislação laboral e a actuação tardia da Direcção Provincial do Trabalho são apontados como as principais razões para a eclosão da greve naquela companhia."
Aqui está uma doce, açucarada, nefelibata maneira de ver a vida. No topo está a razão; em baixo, nos trabalhadores, a desrazão.
Ficamos então a saber que a greve teve todas as causas possíveis e imaginárias menos a que tem a ver com as condições sociais da produção, com os salários pagos, com o futuro laboral, com a dignidade humana. Condições que há tempos levaram os trabalhadores da Açucareira de Mafambisse também à greve.
Se estivermos atentos, veremos que cada vez é mais clara a postura dos mandarins do está-bem, procurando retirar a quem pensa de forma diferente ou a quem protesta o direito a ter razão.

A cultura acústica dos Moçambicanos (6) (continua)



Tal como está no "O País", edição de 24/08/07, pp. 14-15. Clique duas vezes com o lado esquerdo do rato para ampliar os extractos.

Não há crise


Como diz o nosso Povo, não há crise. Foto de C . Bernardo inserta no "Notícias" de hoje, p. 5.

A cultura acústica dos Moçambicanos (5) (continua)




Tal como está no "O País", edição de 17/08/07, pp. 14-15. Clique duas vezes com o lado esquerdo do rato para ampliar os extractos.

Os buracos dos discursos do crescimento


Enquanto o presidente Guebuza diz que as exportações globais de Moçambique atingiram 2.3 biliões de dólares em 2006, representando um crescimento de cerca de 36 porcento em relação a 2005; enquanto o governador de Inhambane diz que a província de Inhambane teve um crescimento económico de 13,8% em 2006; enquanto os discursos de crescimento crescem, vendedores retalhistas e ambulantes instalaram-se junto à Estrada Nacional Nº 1 (entre o novo Mercado Grossista do Zimpeto e a terminal de chapas daquele bairro), na cidade de Maputo, para desenrascarem as suas pobres mercadorias; e o Sr. Alfredo Muhai escreveu que "o custo de vida está a desgraçar a maioria da população moçambicana" e a fome "grassa nas nossas famílias".

Pinto falou

Doze meses após ter sido empossado, o comandante-geral da Polícia, Custódio Pinto, falou finalmente ao "Notícias" sobre a criminalidade. Leia a entrevista aqui.

O cartão vermelho do Sr. Damásio


O Sr. Damásio Chipande entende que quem critica e, especialmente, quem é da Renamo, só fomenta a violência e a criminalidade. Confira aqui. E recorde uma posição similar do autor defendida em Julho.

27 agosto 2007

Geógrafo Guambe contesta governador Meque

O governador de Inhambane, Itai Meque, é um homem optimista: afirmou que a província teve em 2006 um crescimento económico de 13.8%. O turismo foi uma das áreas que para esse feito concorreu - defendeu Meque.
Mas o meu colega geógrafo, José Guambe, entende que o turismo não tem contribuído para o desenvolvimento local da província. Confira aqui.

Empregadas domésticas lutam

A Associação de Mulheres Empregadas Domésticas está a discutir um regulamento destinado a uniformizar as relações existentes entre empregadas e patrões.
Existe um impressionante filme do realizador moçambicano Sol de Carvalho que, através das histórias de vida reais de seis empregadas, põe a nu as deploráveis condições de vida de muitas das empregadas domésticas do país.

Proposta de empatia no "Nice Moçambique"

"Seja bem vindo ao NICE! MOÇAMBIQUE! NICE! MOÇAMBIQUE é o ponto de encontro para quem procura relacionamentos, namoros, diversão, amizades, romances ou casamentos em Moçambique." - eis, exacta e empaticamente, o que propõe o portal que podeis consultar aqui.
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O meu obrigado à Amita pela informação.

Primeiros 13 médicos formados fora de Maputo

Graduados os primeiros 13 médicos fora de Maputo, são sete mulheres e seis homens. Aconteceu na Universidade Católica de Moçambique (UCM), na Beira. Confira aqui.
Parabéns a todos os novos formados na UCM e, em particular, aos novos médicos.

Novo director para o STAE

Bem em cima da realização dos eleições provinciais e muito próxima do censo das outras eleições que se iniciarão no próximo ano, a Comissão Nacional de Eleições (CNE) lançou, sexta-feira última, um concurso público para o provimento do cargo de director-geral do STAE, cargo ocupado desde 1999 por António Carrasco.
A Frelimo naturalmente que concorda com a decisão da CNE e a Renamo naturalmente que discorda.
O problema é que, ponderadas as coisas, parece-me pouco sensato substituir agora António Carrasco. Leia aqui a forma como os porta-vozes da Frelimo e da Renamo encaram a substituição de Carrasco.
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Adenda: segundo a RTPÁfrica, em noticiário desta tarde, António Carrasco pediu a sua demissão a semana passada. Se assim foi, não faz sentido pôr em causa a abertura do concurso.

26 agosto 2007

Convite aos bloguistas moçambicanos

Permitam-me convidar-vos, amigos bloguistas moçambicanos, a entrarem nos portais que avaliam a qualidade do que editamos. Temos blogues de boa qualidade e creio ser pertinente fazê-los avaliar internacionalmente. Por exemplo, coloquei o meu neste avaliador, aqui. A avaliação começa a 31 do corrente mês.

Misr Digit@l

Um prémio internacional de jornalismo foi atribuído a Wael Abbas, editor-em-chefe do jornal online egípcio Misr Digit@l, pela qualidade do jornalismo praticado e pela coragem em denunciar todos aqueles casos que no seu país ferem a dignidade humana.
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Cheguei a essa notícia lendo este blogue.

Nasceu ontem o mais jovem blogue moçambicano


Nasceu ontem, é do Elton e tem um título preventivo: vigilância constante.

25 agosto 2007

Luzmila Carpio

Eis esta bela voz, de Luzmila Carpio, embaixadora dos andes bolivianos, ícone da cultura incaica, num concerto dada na Suiça.

A cultura acústica dos Moçambicanos (4) (continua)

Temos, então, que José Lopes pôs de pé uma obra colossal.
Descobiu que os Moçambicanos são acústicos, esféricos, metafóricos, inclinados a montes de coisas graças ao dom do ouvido, exímios na dança, nas pausas, nas repetições, nas metáforas, nas brincadeiras, enfim, os Moçambicanos amam ouvir e contar histórias.
Um quadro edílico. Esferica e acusticamente, a tese de Lopes abrange rigorosamente desde o presidente Guebuza ao modesto camponês do Zóbuè lá na minha terra, Tete. Ambos e todos são - somos - definitivamente acústicos, incluindo, claro, o Sr. Lopes.
Os acústicos não têm fissuras, não são sujeitos às clivagens sociais, são iguais por inteiro, estudem numa modesta escola do Niassa ou façam um doutoramento no Brasil como fez o Sr. Lopes, sobrevivam num dumba-nengue ou tenham montes de empresas.
Sem dúvida que os acústicos Moçambicanos são crianças adoráveis, maravilhosas, plasticamente poéticas.
Todavia, já no século XIX o velho Hegel tinha tido essa perspicaz e genial intuição, a intuição da poliédrica infância perene, não, claro, em relação aos Moçambicanos, mas em relação a todos os Africanos. Nas suas lições sobre a filosofia da história universal, escreveu que os Africanos eram gente do "país da infância" (sic), gente imediata, vivendo no particular, não no universal, atravessando por inteiro o estado de inocência, da visão imaginativa, ocupando os dias na magia, na dança, na poligamia e no sexo, de forma pura, esquecidos da história do espírito, felizes na redoma dos seus sentidos, entregues por completo à energia pura. E se nas festas se tornavam antropófagos, isso nada tinha de anormal: a carne humana era apenas carne para os Africanos, coisa sensível, sem alma e, portanto, legitimamente comestível. Por isso a carne humana era vendível nos mercados - sustentou Hegel. Enfim, coisa natural, coisa de crianças sem consciência do espírito, puras, totais, crianças vivendo no mais perfeito "estado de inocência" (sic).
Como podiam os Africanos ver que eram antropófagos se eram e são crianças, se eram e são acústicos?
É preciso nunca esquecer que na cultura acústica a mente opera "de um outro modo", como defende Lopes, o neo-hegeliano.
E operar num outro registo, num outro modo (coisa complicada, claro, quando no "outro modo" habitam "muitos modos", diferentes, opostos) , remete para as línguas que os acústicos falam.

Semedo e as forças externas

"A vitória será nossa, se tudo correr dentro da normalidade. Temos condições para isso. Mas é preciso não esquecer que existem forças externas que circundam o futebol e que, por vezes, nos proíbem de ganhar, como são os casos das más arbitragens e dos campos que algumas pessoas fazem questão de não tratá-los devidamente" - Artur Semedo, treinador do Maxaquene, a propósito do jogo que a sua equipa vai efectuar amanhã com o Ferroviário de Nampula, na cidade de Nampula.
Não é a primeira vez que Semedo fala de desígnios obscuros, de mãos externas. Já a isso se referiu quando treinando outras equipas.
Ele é, sem qualquer dúvida, um especialista de causas externas. Dessa forma sempre terá um bom argumento para justificar as derrotas das equipas que treinar.
O que interessam, realmente, as "forças internas"?
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24 agosto 2007

Criminalidade amanhã na RM

Discute-se criminalidade amanhã entre as 9 e as 11 na Rádio Moçambique, criminalidade que faz as manchetes de todos os semanários do país esta semana. Estarei no debate, mas profundamente ignorante do tema.

E o saque da nossa madeira continua


"Um total de 1248 toros de madeira da primeira do tipo pau-ferro e mondzo foram exportados há dias a partir do Porto de Nacala, em Nampula, para China pela empresa China-HK Development Group L.da, operação que constitui mais uma flagrante afronta à legislação em vigor, que considera ilegal qualquer transacção para os mercados externos da madeira não processada."
Como se verifica, o saque prossegue, o desrespeito flagrante da lei mantém-se. O problema não está com os operadores chineses ou tanzanianos (por exemplo), o problema está connosco, na retaguarda penumbrosa que oferecemos.
E assim, dia após dia, mês após mês, ano após ano, enquanto a madeira é saqueada (este diário está repleto de postagens sobre o saque), oficialmente defende-se que tudo está bem, abaixo do nível de corte, é isso o que dizem as estatísticas.

Polícia


Manchete do semanário "O País" de hoje.

23 agosto 2007

Problema apocalítico

Um dos portais da nossa blogosfera reproduz um trabalho do Tribunafax a propósito do que entende ser a sulização da Rádio Moçambique. Todo esse trabalho é uma obra-prima de preocupação social que opera no registo de um produto apocalítico (para usar o termo do Lázaro Mabunda): a alma étnica. Leiam-no.
Talvez o Mabunda pudesse dar aqui uma mão analítica.

A cultura acústica dos Moçambicanos (3) (continua)

Enquanto aguardamos a continuidade do texto de José de Sousa Lopes sobre a cultura acústica dos Moçambicanos - e espaço e tempo haverá, claro, para eu o analisar -, creio ser oportuno convidar-vos a ler (1) o artigo do jornalista Lázaro Mabunda sobre quão apocalítico (sic) foi transformar a língua portuguesa em língua oficial e de unidade nacional e (2) a resposta da sua colega Olívia Massango.
Espero que haja, aqui e depois, após conhecermos a conclusão do trabalho de Lopes, um frutuoso e acústico, bem acústico e nada apocalítico debate.
E, claro, não me esquecerei de Mabunda que, como alguns devem saber, ocupa regularmente espaço neste blogue como mosqueteiro apocalítico da causa do tudo-está-bem no corte de madeira.

Segurança da Renamo guarneceu a cidade da Beira

Segundo o semanário "Magazine", homens fortemente armados foram vistos na Beira por ocasião do centenário da cidade no dia 20. Abordado pelo jornalista Isaías Natal, o brigadeiro Moisés Lucas Machava, membro do Conselho Nacional da Defesa e Segurança da Renamo, afirmou que a medida teve por objectivo dar paz aos habitantes uma vez que "a PRM já mostrou a sua fraqueza perante a população, sobretudo em Maputo onde foi dominada pelos criminosos" (edição de 22/08/07, p. 5).
Aqui está um tema apaixonante que remete para a propriedade (formal e informal) dos meios de violência pública.

As novas palavras do poder


As palavras não têm poder em si. A sua força e a sua eficácia chega-lhes do contexto específico em que são formuladas e da autoridade da instância que as profere. É neste sentido que se insere o livro com a capa em epígrafe - As novas palavras do poder/abecedário crítico, escrito por 67 autores das mais diversas áreas científicas sob direcção do belga Pascal Durand, da Universidade de Liège, e surgido em Paris em Março -, reunindo mais de 130 palavras, expressões e sintagmas-mana que, à força de se repetirem no discurso político e na imprensa, fazem-se largamente esquecer como formas ideologicamente claras da "economia de mercado", da era da empresa. A sua recorrência é tão forte - escreveu Durand - que as palavras são mergulhadas na invisibilidade de que se rodeia o poder no que há de mais de mais intrusivo e de mais naturalizado. Nada de menos visível do que o banal; nada de mais eficaz que uma ideologia tornada quotidiana. Sugiro-vos que procurem encontrar esse livro, cuja edição em francês possuo (Les Éditons Aden) e que, provavelmente, tem já, também, uma edição em inglês.

Aforismos

Aqui está mais uma dose dos habituais aforismos perversos:
1. Quanto mais fugimos a tomar partido mais partido tomamos
2. És tão mais bom crítico quanto mais analisares a obra dos outros sem mostrares a tua ou sem a teres
3. Nunca optes pelas auto-estradas: escolhe o corta-mato, as picadas neutras e andróginas
4. Quanto mais os cientistas arvoram o ar grave e equidistante das poltronas, mais nos apercebemos de quanto a emoção os consome
5. Conselho de mandarim: não escolhas os termos AKM, filtra-te pela doçura das palavras-almofadas

Matando a morte




O escultor Kester tem morto a morte, transformando armas em hinos à vida. Confira aqui pelas mãos de Moçambique.

Koluki


Um blogue angolano de grande qualidade, postado em inglês e português.

Bem-amado Mc Roger mudou a foto e tirou o "patrão"


O bem-amado Mc Roger mudou a foto-emblema e, especialmente, retirou o "patrão" da legenda que figurava no seu portal. Agora a foto é a que está aqui. Apenas falta o luxuoso carro com que o rapper da terra encanta os xiquelenes da cidade.

Mais de 15 polícias assassinados segundo CM


O "Canal de Moçambique" reporta que mais de 15 polícias já foram assassinados, dos quais dez da extinta "Brigada Mamba" e três da "Brigada Rio". Confira aqui.

Siga o debate em torno de Samora


Siga o debate a propósito de Samora Machel, em particular entre Yolanda e Florêncio, aqui.
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Ao lado de Samora está Graça Simbine Machel.