Prossigo as notas sobre o tema, com esta introdução.
A partir dos anos 80 a privatização acelerada da economia a todos os níveis é acompanhada, um bocado por todo o lado, pela privatização da violência. O Estado-providência, velha relíquia do século XX, sofre uma erosão profunda. É agora, de forma clara, o reino do grande Capital.
No interior da privatização mundializada da economia encaixam-se diferentes tipos de violência, com especial relevo para aquela que se traduz na formação de milícias, de gangs e de movimentos guerrilheiros irrigados pelas mais variados motivos, desde os infra-políticos aos meta-políticos, desde o narco-tráfico ao irredentismo de matiz religioso. Exemplos, entre muitos outros, são o mungiki no Quénia, o Primeiro Comando da Capital no Brasil ou os movimentos de jovens casseurs, cada vez mais numerosos, aguerridos e organizados, na periferia de Paris. Encaixados nesses movimentos, brotam crispações identitárias e apelos nacionalistas extremos.
A privatização da violência, esfacelando o tradicional monopólio do Estado, é, naturalmente, acompanhada pela privatização da justiça, privatização da justiça que está, muitas vezes, a cargo das milícias privadas (do tipo mungiki) e das organizações guerrilheiras.
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