11 maio 2010

CIP


Nota de imprensa do Centro de Integridade pública, aqui.

4 comentários:

V. Dias disse...

Regimento dos deputados?

Os nossos parlamentares, ao invés de dedicarem toda a atenção com regalias, "modus vivendi" da AR, que mais não é do que uma rotina enfadonha, deviam, também, preocupar-se com a causa do povo. Com os problemas de base. Se dedicassem toda a atenção nos problemas do povo, em 24h teríamos um Moçambique melhor.

A AR é sede de partido para alguns deputados. Mal sabem o papel de um deputado. O que mais conta é a política: "venha aqui ao nosso reino" e mais nada. O povo? É melhor nem falar.

Zicomo

Matusse disse...

"...não avançou muito na regulação da conduta dos deputados. Foi uma oportunidade perdida. Mas também não houve consulta à sociedade civil." CIP

Mas estes homens do CIP pensam que os manos deputados iam consultar a sociedade civil na "revisão" das suas regalias? nem pensar. Este assunto não é do povo. os deputados auscultam quando o assunto é do povo. Eles já não são povo, "representam" e falam em nome do povo.

ricardo disse...

Erro de perspectiva origina homicídio (Pedro Muiambo)

"...Como funcionário do Estado e quadro sénior do Ministério das Finanças, Titos Mabjeca tinha o privilégio de se embrenhar por este Moçambique adentro em infindáveis e inúteis missões provinciais.
Na verdade, o seu interesse recaia mais nos valores relativos às ajudas de custo que o ajudavam a ser mais fiel à promessa que tinha feito ao sogro de que nunca faltaria à missão de manter a esposa com as unhas devidamente afiadas e envernizadas.
Mas isso era o útil da questão.
Havia também o agradável que residia na possibilidade que se lhe oferecia de amealhar algumas raparigas, nomeadamente, nessas poucas oportunidades em que não receava o “gungu ― flagrante” da sua possessiva e egoísta consorte. Assim, inspirado num verso do seu amigo Goethe, que dizia “ascenda-se ao recesso aberto a poucos, ao mundo celestial da fantasia”, as foi amealhando de todas etnias e de todos os feitios.
Não pôde ― na verdade, não quis ― furtar-se das emanações subtis que exalam as magras e delirantes, que se fartaram de lhe cravar as unhas nas costas, tornando os seus anos mais juvenis.
Teve ainda coração para de se render à sedução das gordas e transpiradas, quase lhe sufocando na caminha.
Já renascer se sentiu quando as baixinhas e insaciáveis lhe sorveram até ao âmago... e não exactamente pela boca.
As altas e atrevidas, aéreas como em sonhos, elevaram-lhe, pelo colarinho, para inesquecíveis fusões de fluidos.
E desse jeito, pelo útil e pelo agradável, Mabjeca se esgotava em desnecessárias viagens de supervisão.
E eis que um dia escala a cidade de Nampula.
Escolheu um sábado por forma a permitir-se um descanso de fim-de-semana prévio... e andou pelos bares a passear com o director provincial.
Ansioso de festança, foi dar ao Xitende, a casa de pastos mais pontual na saudação aos visitantes que chegam de avião.
Havia já tempo demasiado que segregava abundantes centímetros cúbicos de glândulas salivares por dia, instigado pelas histórias mirabolantes sobre ninfomaníaca forma de fazer sexo das “muthiana orera” (mulher bonita na lingua macua) e não descansara de sonhar com o dia em que uma delas lhe cairia na mesa ... ou na cama, o que julgava, e com razao, dar no mesmo.
Estava ali a sua oportunidade. Abanando o inclemente traseiro preso numa saia curtinha, mas tão curta, tão curta, que a própria língua portuguesa reclama um diminutivo mais pequenino para a descrever, a macua estremecia, frenética e enlouquecedora, ao som de uma música africana.
Mabjeca preferia já nem sequer contemplar: tinha batido todos os recordes nas modalidades do desejo... a rapariga tinha um dançar que lhe metia medo. Dando rédea larga à fantasia, sussurrou para os seus botões: “uhm!, a julgar pelo modo como ela executa o kwassa-kwassa... na cama... ah!”. E assim descobriu de que estava a falar o seu amigo Goethe quando disse:

Muita acção sobretudo. Os circunstantes
querem ver e mais ver. Chovam sucessos
uns sobre outros a flux. Folga a plateia,
na curiosa abundância embasbacada.
.../...

ricardo disse...

"...Na sequencia escancarou o bolso... que a macua dançarina merecia mundos e fundos. Demais a mais, estava consciente de que o que na voz não logra exprimir-se, derrama-se nos tostões.
E viveu horas ad eternum de ansiedade, pregustando a noite que ia ter entre os abraços, no seio nu da lua, isso tudo enquanto os dentes da pequena se revezavam no mastigar todas as iguarias que depôs na mesa e a glote dela rasteirava com alacridade os sucessivos cocktails de “amarulas” e “whiskies” que ele mandou chover.
― Beba à vontade, minha donzela ― disse Mabjeca, após o que, virou-se para o colega e sussurrou: ― É melhor assim, temperar a pata ainda viva. Estará mais relaxada no momento M das artes kamasútricas. Já sinto estremeções.
E estalaram as inevitáveis e alcoólicas gargalhadas.
Até a hora de recolhimento no luxo hoteleiro, mais música soou e mais nádega abanou, para o desespero viril de Mabjeca, que estava convencido de ter acertado no “jackpot”.
Mas, para o seu azar, as coisas aconteceram duma forma futuromelhorística frelimiana, ou seja, não conforme o previsto. Ou porque a macua não sabia, ou porque estava cansada, a ginástica tão ansiada não se verificou.
Era uma gaffe total e completa.
Tentou resolver o problema com um pouco de poesia, sempre do seu amigo Goethe:
Que tens? É pasmo? É êxtase? São dores?
Nada de nada.
Era apenas uma frieza abominável.
Mabjeca recordou-se até de um tronco que, certa vez, lhe imobilizou a perna na machamba dos seus pais ainda era criança.
Ainda hoje, o coitado jura que a única coisa que aquela vilã conseguiu mexer, foram os lábios, quando, sussurrante, disse: “checa, checa, estou cansata”, eram apenas decorridos cinco minutos.
― Já conheço o pólo norte ― confessaria mais tarde ao juiz.
Era um investimento falhado, não obstante a grandiosa que fora a promoção...
Inconformado, Mabjeca levantou-se nu e ficou a beira da cama, olhos chamejantes, declamando o seu malfadado fausto:
Deixa-me, por quem és; busca outro escravo!
para ajudar-te na perversa empresa
de derrancar no mundo o siso, o gosto,
querias que o poeta assim brincando
seus foros naturais renunciasse?
Como é que ele os afectos senhoreia?
Com que poder subjuga os elementos?
Depois pegou calmamente na almofada do hotel e virou homicida..."