O jornal "O País" apresenta um trabalho intitulado Julgamento do "suposto casamento de Dhlakama", aqui. Não é a história aí descrita que me interessa, a criminalização do jornalista Vasco da Gama no processo "409/2010", mas a linguagem, a estrutura narrativa que avisa e antecipa, simbolicamente, a punição, o castigo. Extracto exemplar para uma semiótica do vigiar e punir: "Por seu turno, o Ministério Público terá afirmado que, para além do crime de difamação e calúnia, Vasco da Gama deve ser acusado também de crime contra a Segurança do Estado pelo facto de Afonso Dhlakama ser membro do Conselho do Estado e Lúcia Afate deputada da Assembleia da República. O Ministério Público pediu, igualmente, que o réu fosse exemplarmente punido como forma de disciplinar a classe jornalística."
Tenho para mim que valerá sempre a pena recordar a obra de Michel Foucault e, em particular, o seu extraordinário Vigiar e punir, conferível na íntegra aqui.
2 comentários:
Visto, passa.
Zicomo
1. Este julgamento não é diferente ao do mecânico de Muecate. Talvez a questão seja de Dhlakama e Afate não terem muito a perder...
2. A atitude do Ministério Público não difere daquela em que o jornalista Fernando Veloso foi sujeito, por escrever artigos sobre Luísa Diogo...
3. A maneira como o Tribunal de Nampula procedeu o julgamento merece uma análise crítica nossa. Desconfio que se Afate e Dhlakama fossem da Frelimo muitos teriam criticado a postura do tribunal de Nampula. Não acho correcto, porque assim estamos a ser parciais demais...
4. Quando o Ministério Público evoca ser crime contra Seguranca do Estado, porque Dhlakama é membro do Conselho de Estado e Afate deputada, julgo abrir-se aqui uma razão para falarmos da postura de membros do Conselho de Estado e deputados. Quero acreditar que não está se sugerir que a gente tem que afastar-se para longe se vir membros do Conselho de Estado e deputados com amantes, bêbados sem controle...
5. E se olharmos pela composicão do Conselho de Estado e relacionarmo-la com episódios do ano passado, em que ficaremos?
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