05 março 2010

Titânio de Moma: más notícias para nós


Hoje, na Bolsa de Londres, a Kenmare - empresa irlandesa que explora titânio em Moma, província de Nampula - viu as suas acções perderem quase 30% do valor. Confira o último parágrafo de um texto do Guardian, aqui. Obrigado ao Ricardo de Paris pelo envio da referência. Recorde uma recente postagem neste diário sobre a Kenmare, quando anunciou que iria dobrar a sua produção em Moma, aqui. Free Translation
Adenda: um amigo mandou-me um email do qual extracto o seguinte: "Ontem à noite telefonei a um amigo (conhecedor de assuntos mineração) em Londres, para compreender a razão da caída vertiginosa da acção Kenmare. A explicação está nas linhas acima publicadas: a Kenmare angariou na Bolsa de Londres 179.6 milhões de libras, através da emissão de novas acções que foram vendidas com um grande desconto, a 12 pence cada uma. Como as novas acções vão diluir o preço das antigas, muitos accionistas (especuladores ?) venderam logo as que tinham antes que o preço toque no fundo, a 12 pence. É mesmo possivel que o preço da Kenmare desça para baixo dos 12 pence. Segundo a minha fonte, o projecto da Kenmare em Moma é interessante e deve vingar durante os próximos anos: 1. os custos de produção dos minérios de titânio em Moma sao baixos, comparados com os de outros produtores internacionais. 2. MOZ esta bem colocado, geograficamente, para fornecer os futuros grandes compradores desses minérios, que são a China, a Índia e o Japão. Vou estar à coca com este assunto e se encontro informação com interesse mando imediatamente."
Adenda 2 às 18:50 de 06/03/2010: confira aqui.

5 comentários:

Viriato Dias disse...

O Ricardo de Paris está sempre em cima dos lances. Poucas vezes entra em cena, aqui, neste espaço para deixar as suas achegas...

Sobre o assunto em referência, é de facto uma má notícia. Eu mal sei como andam as coisas por lá, se este projecto está a corresponder às expectativas do Governo. Quase que nunca se fala deste projecto, será porque está longe e de difíciel acesso, ou será porque os camaradas não tem lá as mãos naquilo. Não sei.

Acredito que o Ricardo de Roma ou de Maputo tenha palpites a dar.

Zicomo

Anónimo disse...

caro professor,mandaram-me este email que acho muito pertinente,para sua análise:
Tóxico


De acordo com a proprietária de uma viatura que já foi à inspecção,

a senhora disse que não a autorizaram a ficar perto da viatura e que

quando chegou a casa é que reparou que lhe tinham roubado os CDs

todos, o controlo remoto do portão de casa e umas moedas que ela

tinha dentro do cinzeiro para os miúdos que guardam o carro.

EDITORIAL

Uma inspecção com objectivos dúbios

Na superfície tudo parece uma decisão sensata, normal para um país normal. Porém, uma análise mais profunda da questão revela uma decisão cínica, uma fraude de gigantescas proporções.



É isso que representa a decisão do governo de introduzir a inspecção obrigatória de veículos. Trata-se de uma decisão que seria normal em condições normais. Mas as condições aqui não são normais.

A inspecção obrigatória de veículos é um procedimento normal em vários países, tendo como objectivo proteger os cidadãos contra a circulação na via pública de veículos que pelas suas deficientes condições mecânicas constituem um perigo para outros utentes da via pública.

Mas nesses países o Estado assume como sua responsabilidade garantir que não sejam as vias de circulação a principal causa para a existência de viaturas em más condições mecânicas.



No nosso caso o Estado moçambicano não tem o poder moral de exigir que viaturas estejam em boas condições mecânicas, ao ponto de impor uma inspecção que se torne a condição para a circulação de viaturas.



Não tem poder moral porque tanto ele como os seus municípios não têm cumprido na íntegra o seu papel de oferecer estradas em óptimas condições de transitabilidade. E como é que se pode exigir que uma viatura que circula em ruas e estradas em más condições de conservação, poeirentas e repletas de buracos se sujeite a uma inspecção obrigatória como condição para a sua circulação?



Ao que tudo indica, a introdução das inspecções é uma decisão tomada com o intuito de satisfazer os interesses de um grupo de pessoas influentes que viram num procedimento legítimo e normal em sociedades normais como oportunidade para fazer um negócio chorudo, mas sem quaisquer benefícios práticos para o país. É o cabritismo na sua mais alta expressão. Trata-se, por isso, de uma decisão totalmente desajustada à realidade do país, sendo essa a razão porque ela deve ser rejeitada totalmente. Está-se a colocar a carroça à frente dos bois, com o único objectivo de enriquecer uma meia dúzia de indivíduos gananciosos, e que se querem valer das suas posições e ligações oficiais para chupar ainda mais o sangue do povo.

Argumenta-se que a introdução do sistema de inspecção irá contribuir para a redução de acidentes de viação, que muito luto têm estado a causar no seio de muitas famílias moçambicanas. Que falácia!

Embora seja verdade que viaturas em más condições mecânicas possam ser uma das principais causas dos acidentes de viação, a outra verdade é que grande parte dos acidentes de viação que se verificam nas nossas estradas são causados pela deficiente formação de uma grande parte dos automobilistas que diariamente se põem atrás do volante. E as péssimas condições das estradas e má sinlização, estão no topo das causas de acidentes de viação. PRIMEIRO VAMOS REPARAR E SINALIZAR DEVIDAMENTE AS ESTRADAS.





E se a proliferação de acidentes é a principal preocupação do governo, então o primeiro ponto de intervenção deve ser nas escolas de condução e no serviço nacional de viação que têm dado cobertura a esquemas de corrupção que tornam habilitadas pessoas que nem sequer deveriam estar nas proximidades de um volante. É lá onde a inspecção deve começar.

micas disse...

Espero que este episódio não passe de acidente de percurso, reflexo da crise global e que rapidamente a empresa recupere.Para bem de Moçambique e de Moma em particular.
Esperemos pois que este facto não vá colocar em perigo o desenvolvimento da zona, quer com a extração das areias pesadas quer com o desenvolvimento do turismo inerente ao aumento de visitantes a tão bela zona. Creio que foi lançado um hotel de 5 estrelas nas Ilhas Primeiras.

http://www.verdade.co.mz/destaques/nacional/hotel-5-estrelas-no-distrito-de-moma.html

ricardo disse...

Esse e o risco que se corre quando se aposta em projectos insuflaveis como este. Sao autenticos empreendimentos nomadas

Tao depressa eles chegam. Como depressa vao.

Mas isto, e o projecto de desenvolvimento de Mocambique, aceite por muitos dos reputados economistas da praca, como ajustado as nossas necessidades, numa regiao, onde muitos habitantes nao sabem sequer o que uma conta poupanca.

Intelectuais do governo...

P.S.

Comentava alguem sobre a inspeccao de veiculos. E verdade, eu tambem recebi informacao identica que lamento. Mas, quem leva o carro ao mecanico, normalmente esvazia o carro de seus pertences. Sempre foi assim. So que sobre este imbroglio das inspeccoes tenho ainda a dizer o seguinte:

1- Eu acho que a inspeccao dos veiculos e necessaria e importante, por deve ser feita por todos, por uma questao de cultura de responsabilidade e cidadania. Temos o mau habito de furar sistematicamente normas e regras, por isso, recebemos sempre as criticas e contrariedades como algo pessoal e nao circunstancial;

2-A questao das estradas tambem e importante. E responsabilidade do Governo comecar a resolve-la fundindo o ministerio dos transportes e comucnicacoes com o das obras publicas, transformando-o num ministerio das infra-estruturas. Porque, note-se ainda que a razao esteja do lado dos automobilistas, o ministro dos transportes - mesmo que desejasse responder ao anseio destes- esta a merce do trabalho do seu colega, cuja secretaria parece grande demais para seu espaco de visao. Prova-se uma vez mais, nao ser possivel planificar pontes, sem pensar e linhas ferreas; planificar estradas, sem pensar em portos, aeroportos, ou terminais rodoviarios. E persistimos na asneira desde 1975;

3- Cresce a impressao que esta inspeccao e mais um tributo fantasma para alguns bolsos. Porque? Porque com as estradas nas condicoes actuais, e quase certo que a cada inspeccao, o volume de consertos que tenham de ser feitos nas oficinas de Maputo crescam exponencialmente, em nome da LEI;

4- Por ultimo, temos uma SADC, onde ha normas que devem ser respeitadas pelos estados-membro. Este e o preco a pagar. Veja-se o caso de Portugal na UE, como exemplo concreto. A impressao que tenho por vezes e que os Mocambicanos andam a dormir acordados...

Nao e Linnete?!

Viriato Dias disse...

Está aqui mais um exemplo de "copy past." Até imagino o mentor da ideia, deve ter ficado feliz. Tudo para mostrar ao chefe que não está a comer o bife de graça. Coisas boas, como abrir machambas, construir estradas, hospitais, escolas, etc., não fazem alegadamente por falta de meios. Mas para parir ideias banais até desfilam mil argumentos capaz de acordar a um morto. O homem (não vou repetir o que disse Fijamo) é mesmo um animal complicado.

Lamento. Sempre tido como louco, mas as coisas - a verdade - tende vir aos meus pés.

Zicomo