30 dezembro 2009

Dhlakama: o texto e o intertexto (1)

Há indicadores de que os movimentos do presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, estão a ser cerradamente vigiados. E, provavelmente também, os de figuras séniores desse partido.
Tendo anunciado manifestações de protesto contra os resultados eleitorais de 28 de Outubro, inicialmente em tom violento, situando-as depois na lei e no pacifismo, Dhlakama viu virar-se contra si e contra a Renamo toda a máquina policial preventiva do Estado. A esse nível, Nampula - onde Dhlakama está a residir - viu reforçado o seu dispositivo policial.
Formalmente, Dhlakama parece ser vítima da sua "natureza violenta" (expressão do agrado de certos sectores), parece não ter tido em conta a musculada resposta adversária, parece ter-se citadinamente esquecido de que foi comandante de guerrilha, parece ser agora prisioneiro de um erro táctico na sua estratégia manifestacional.
Porém, pode acontecer que o que se está a passar tenha sido deliberadamente previsto por ele, pode acontecer que estejamos perante um percurso táctico rigoroso numa estratégia política bem mais ampla do que pensam certos quadrantes.
(continua)

5 comentários:

ricardo disse...

Coloquemos a questão em pratos limpos. Se a PRM matar Dhlakama agora, o que é que acontece?!

Algumas hipóteses:

a) 3 meses de protestos nacionais e internacionais;

b) Algumas escaramuças urbanas, possivelmente, aumento da criminalidade suburbana;

c) O seu sucessor pede uma audiência a Guebuza, "patrocinada" por Mazula ou qualquer chancelaria ocidental, em nome da estabilidade nacional e regional, para se chegar a um novo acordo político. Guebuza "cede", mas impõe o desarmamento incondicional da RENAMO como pré-condição para qualquer conversa. A RENAMO cede;

d) Aumento de actos de sabotagem a linhas férreas, torres de energia, autocarros, chapas de autoria "desconhecida", raptos de estrangeiros, moçambicanos brancos, asiáticos e mulatos. Assassinatos macabros de alguns agentes económicos de peso (os descartáveis).

Estado de sítio declarado.

Estaremos oficialmente no Partido Único sine die, com argumentos de peso a sustentá-lo. Porque os fins, justificam sempre os meios.

Balanço final: em vésperas do Mundial, o país retoma o seu curso normal, com as suas tricas e futricas. Mas agora, à nossa única maneira.

E a luta continua!...

Carlos Serra disse...

Boas hipóteses, essas. Acabo de chegar, mas um pequeno contratempo com a asma força-me a prosseguir a série mais tarde. Até já.

Anónimo disse...

Dr.
Será que interessa nos a morte de Dlakama?
Ou Frelimo tenta proteger o homem pois como é sabido o homem arranjou muitos inimigos dentro da própria Renamo ( pode aparecer uma bala perdida e pumpa a corda rebentou);
E para terminar não acredito muito que a Renamo vá a guerra ou manifestações o leader está em Nampula esta com seu~s filhos e não é boa altura para começar nada.
Vou esperar para ver.
PS. Rápidas melhoras Prof.

Mário Litsuri

Gata disse...

Prof., que percurso táctico? Que estratégia? O Dhlakama, já há muito, nos fez ver que não tem mais essas capacidades, senão não assistiramos a tantas cenas tristes com que nos tem abrilhantado nos últimos tempos. Parece que o homem perdeu toda a racionalidade. E fala sem pensar e medir as consequencias, muitas das vezes.

umBhalane disse...

O Presidente da Renamo, Sr. Afonso Dhlakama, é muito mais perigoso morto, do que vivo.

E os estrategas da frelimo estão cansados de saber isso.

É deixar andar mesmo.
O "sistema multipartidário", a "democracia", em Moçambique, são assim mesmo.

Fazer o quê?