Em Madagáscar, Andry Rajoelina - ex-disc jockey e actual presidente golpista apoiado pelo exército após destituir em Março ex-presidente Marc Ravalomanana - dimitiu o primeiro-ministro Cecile Manorohanta, nomeado para o cargo sob o acordo de partilha de poder em Outubro, substituindo-o por um militar, o coronel Camille Vital. Ainda este mês, foi assinado um kafkiano acordo em Maputo que atribuiu pastas ministeriais para um governo de transição sem que Rajoelina estivesse presente.
Nestas circunstâncias, é normal pensarmos que algo está mal no poder político, que algo excepcional acontece. A parte moral da alma crispa-se, dorida e incrédula.
Porém, nada de excepcional aconteceu, salvo um bem mais extremado cesarismo por parte de Rajoelina se comparado com o cesarismo de mercado do anterior presidente.
O que está em causa é, apenas, rigorosamente apenas, uma redistribuição de recursos de poder por sectores da burguesia nacional (aí compreendida a militar, agora bem visível na nomeação do coronel Vital) não contemplados por Ravalomanana. Sendo impossível um acordo diplomático, entra em cena a solução militar. Não foi necessário surgir em cena um general televisivo - como na Guiné-Bissau -, Rajoelina foi o ariete civil. Contudo, agora os galões vieram à superfície, como que resposta musculada à pressão diplomática dos anteriores presidentes deserdados, reunidos há dias em Maputo.
Nestas circunstâncias, é normal pensarmos que algo está mal no poder político, que algo excepcional acontece. A parte moral da alma crispa-se, dorida e incrédula.
Porém, nada de excepcional aconteceu, salvo um bem mais extremado cesarismo por parte de Rajoelina se comparado com o cesarismo de mercado do anterior presidente.
O que está em causa é, apenas, rigorosamente apenas, uma redistribuição de recursos de poder por sectores da burguesia nacional (aí compreendida a militar, agora bem visível na nomeação do coronel Vital) não contemplados por Ravalomanana. Sendo impossível um acordo diplomático, entra em cena a solução militar. Não foi necessário surgir em cena um general televisivo - como na Guiné-Bissau -, Rajoelina foi o ariete civil. Contudo, agora os galões vieram à superfície, como que resposta musculada à pressão diplomática dos anteriores presidentes deserdados, reunidos há dias em Maputo.
Não estamos perante uma crise da classe dirigente malgaxe em si, mas perante uma crise na redistribuição da riqueza nacional. Não há revolução, o povo é mero espectador e vítima.
Então, o que parece estranho, aberrante, é normal e ocorre com frequência em Estados do tipo patrimonial onde, na ausência de um tradição de poder político tradicionalizado sem mais depender de partidos, de homens fortes e de sismos sociais na proa dos tanques, os povos estão à mercê de soluções cesaristas do tipo Rajoelina e dos seus clientelismos quando em causa está o acesso aos privilégios. E sobre privilégios, recorde-se que não é apenas o grupo representado pelo deposto Ravalomanana que os disputa, mas, também, os grupos de mais dois ex-presidentes, Dídier Ratsiraka e Alberto Zafy.
Então, o que parece estranho, aberrante, é normal e ocorre com frequência em Estados do tipo patrimonial onde, na ausência de um tradição de poder político tradicionalizado sem mais depender de partidos, de homens fortes e de sismos sociais na proa dos tanques, os povos estão à mercê de soluções cesaristas do tipo Rajoelina e dos seus clientelismos quando em causa está o acesso aos privilégios. E sobre privilégios, recorde-se que não é apenas o grupo representado pelo deposto Ravalomanana que os disputa, mas, também, os grupos de mais dois ex-presidentes, Dídier Ratsiraka e Alberto Zafy.
2 comentários:
"Tudo farinha do mesmo saco"
Assim diz o povo.
E o pior é que setrata de um jovem. Suṕostamente com mentalidade do século 21. Eita nós...
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