15 dezembro 2009

Qualidade do ensino em Moçambique

Em carta de leitor no “Notícias” de hoje e desafiando o pedagogo Zeferino Martins, Arlindo Oliveira não aprecia as passagens automáticas, sustenta que a qualidade do ensino piorou e que nem tudo no sistema educativo colonial era mau. Por sua vez, citado pelo "O País", Zeferino Martins acha que reprovar era uma doutrina colonial: “Gerações de crianças e jovens nos países africanos foram marcadas por uma filosofia pedagógica que defendia a presunção do chumbo: todos estão chumbados até prova em contrário! Chumbar era a norma e passar era a excepção”, descreveu a fonte, querendo mostrar que era preciso abandonar o sistema de reprovação, pois fazia parte de uma doutrina colonial, virada para a estigmatização dos negros."
Entretanto, recorde o que escreveu a Prof.ª Fátima Ribeiro aqui.

9 comentários:

ricardo disse...

É com pedagogos destes que "conseguiremos" vencer a Luta contra a Pobreza...

A grande questão em aberto é saber se os filhos do sr. - ex-Ministro da Educação- Martins estudam (ou estudaram) no sistema que o pai defende.

Concerteza que não. Ou estiveram nas melhores escolas privadas, onde o ensino é quase personalizado ou se calhar, até estudaram fora, onde as "passagens automáticas" não colhem simpatias.

Por isso é fácil para ele falar em nome próprio. Mas nunca se deve comparar o incomparável. Porque coloco uma questão objectiva. Imaginemos que os melhores alunos do sistema fossem de repente estudar nas escolas dos piores alunos do sistema. E vice-versa.

Os resultados ainda seriam os mesmos? Porque não se trata a mesma coisa comparar o "filho do papá" que tem internet, biblioteca privada, lanche e até explicador (que por vezes, é o próprio professor) com o filho do "zé povinho" que assim que sai da escola vai cultivar ou vender rebuçados.

Em termos estatísticos, estamos perante uma amostra claramente estratificada. Por isso, merecedora de inferências distintas.

Quando, no olho do furacão, surgem bons engenheiros, arquitectos ou sociólogos. Aí sim, estamos perante autênticos génios.

Felizmente, Moçambique, tem revelado essa faceta no exterior. Os poucos que lá conseguem ir fazer um curso superior, revelam-se em média, bons estudantes.

Esta coisa da Negritude no ensino, brada aos céus e revela que o problema dos doutores da nossa modernidade está para lá do diploma e das regalias. Trata-se de complexo de Inferioridade perante outras raças. E, no entanto, ainda são eles que nos dirigem.

Só nos restando agora perguntar porque cargas de água, os seus tutores não os impediram de obter os respectivos canudos na Academia. Teriam prestado um excelente serviço à Pátria.

micas disse...

Agora entendo porque o ensino está como está. Quem poderia querer melhor com posições destas?

As passagens sem mérito, sem trabalho, sem esforço promovem aqueles que estão na escola a fazer figura de corpo presente( alunos e não só)Nivelam por baixo a educação.

E é isso que queremos? Claro que não!

Sei que é difícil modificar esta situação.

Mas que tal começar pela formação dos professores dos 1ºs graus? Dar-lhes mais incentivos? Dar-lhes mais ferramentas pedagógicas? De pequenino se torce o pepino...crianças com boa bagagem de início....

Depois, apoiar os alunos mais carenciados(barriga vazia, não ajuda não é?)

As condições físicas das escolas são importantes, mas acreditem que se podem fazer grandes trabalhos à sombra de uma árvore.Não! não estou a ser lírica.Sei na pele de que estou a falar.

Nesta luta é necessário, fundamental mesmo, fazer com que pais, professores e alunos estejam no mesmo barco.

Importante é também que os grandes pedagogos se juntem e PENSEM seriamente sobre a eduação em Moçambique. Mas sem demagogia, pf!

O desenvolvimento de um país começa com a eduacação. Melhor educação, melhor e mais responsável cidadão.

ricardo disse...

Quando a raça entra no cálculo dos nossos pedagogos.

Há quem os inspire...

http://www.endireitar.org/site/artigos/brasil/431-no-hospicio-do-dr-mabuse

Anónimo disse...

Conheço e estimo muito o Sr Zeferino Martins. Conheço as suas capacidades técnicas. Ele é um muito bom profissional! O professor Zeferino tem razão quando diz que chumbar o aluno não é a solução. A solução é TRABALHAR com o aluno para que ele aprenda e nao justificar o fracasso pelo sistema de avaliação (ou seja neste caso as passagens por ciclos). O sistema de avaliação é uma maneira de medir o que foi conseguido. Qualquer sistema de avaliação pode ser bom, se o trabalho (dentro da sala) tiver sido bom! O problema não pode ser colocado no sistema de medição, mas sim na forma como se trabalha e como todos envolvem para que tenhamos sucesso (cumprindo as suas responsabilidades e vigiando quem não cumpre).
O insucesso escolar foi sempre igual, com passagens por ciclos ou anteriormente quando os chumbos eram anuais. Isto porque o sistema de aprendizagem não melhorou.

Eu vejo pouca gente preocupada com o trabalho dos professores, a sua motivação, a sua vontade de trabalhar, de se empenhar. Eu vejo também pouca gente se preocupando com os seus filhos. Eu vejo muita gente endossando a educação à escola e desligando-se deste processo e isso eu acho grave.

A educação dos nossos filhos é, em primeiro lugar NOSSA responsabilidade (como pais) e não da escola. Por isso, quando os nossos filhos têm problemas na escola temos que ser nós a ir lá e a procurar saber o que se passa. A vigilância pelo trabalho do professor deve ser nossa! Não podemos esperar que as pessoas façam apenas o trabalho. Não podemos esperar que as pessoas "tenham consciência" se não vigiarmos permanentemente a situação.

Sei que nem todos podem ajudar da mesma maneira aos seus filhos, mas é preciso incentivar os cidadãos a serem mais proactivos e exigirem os seus direitos. E aqui acho que o Estado tem que educar as pessoas a fazerem isso em todos cantos. Empoderar as pessoas para que tenhamos acesso a tudo o que é publico. So desta maneira teremos cada um responsavel pelo seu trabalho e prestando contas permanentemente de cima para baixo e de baixo para cima!
MF

Anónimo disse...

Fiz dezena e meia de anos de escola no tempo colonial, em escolas de distrito e capitais provinciais. Nunca vi, em escola alguma, que chumbar fosse a norma.
Não compreendo a razão dessa afirmação.

Anónimo disse...

Eu afirmei que o insucesso escolar foi sempre igual antes do novo sistema de avaliação ou agora. Referia-me ao sistema de Moçambique Independente. Mas nós moçambicanos aprendemos de e com outros também.

As nossas justificações para o insucesso escolar são sempre as mesmas.

Aplicamos os mesmos argumentos para tudo. As turmas são numerosas (sim na Zambézia, mas não em Maputo). As meninas reprovam porque vão aos ritos de iniciação (sim em zonas rurais, não nas cidades - Maputo, Beira, Nampula etc...). A questão é a avaliação por ciclos, etc... etc. Os mesmos argumentos são aplicados para tudo.

Agora o problema que levantamos todos em surdina é que a promoção é automática ou que os exames foram de multipla escolha (Sim para a 12a classe, NÃO para a 10a classe).

Acho que os problemas são muitos e complexos e a sua solução não será, certamente a busca de justificações mas muito mais trabalho em todas as frentes.
MF

ricardo disse...

Já que fala tanto de TRABALHO...

Diga, de maneira clara e objectiva, quais são para si as determinantes (estatísticas) para se fazer esse trabalho?

Aguardo resposta.

Reflectindo disse...

Estou cá reflectindo para entender como é que Zeferino Martins chegou de falar dessa história do sistema de educacão colonial 34 anos após a independência. Será que ele falou mesmo do sistema colonial para defender as passagens automáticas? Foi necessário?

umBhalane disse...

O sistema colonial é bom demais. Nunca falha.

É sintoma de TODAS as doenças.

Faz lembrar aquelas placas dos "drs," que o Prof posta aqui, de quando em vez - curam todas as doenças.

Só desconseguiram curar a doença do sistema colonial. Mas também não convém muito.

Depois vão falar o quê???