25 dezembro 2009

Perseguir o ladrão violando a lei ou deixar-se roubar em nome do patriotismo?


No sempre belo e necessário blogue do jornalista congolês Cédric Kalonji - tantas vezes referido neste diário - está a imagem em epígrafe (título: "Fenómeno "saudação à bandeira") e este texto por mim traduzido do francês: "Todas as manhãs e todas as tardes, em Kinshasa como no resto do país, a vida pára em todo os lados próximos dos comissariados da polícia ou dos escritórios comunais. Quando os agentes içam e arreiam a bandeira, todos os cidadãos devem suspender as suas actividades e permanecer imóveis até ao fim. Esta prática, que dura há muito tempo e que faz parte dos hábitos, provoca contudo sobressaltos. Os polícias aproveitaram-na para aumentar os rendimentos. Toda a pessoa distraída ou que se recusa a parar para a "saudação da bandeira" arrisca-se ao pagamento de uma multa cujo montante vai directo aos bolsos do agente interpelador. Mas faz algum tempo, são os carteiristas que se aproveitam das actividades para irem aos bolsos dos passantes. Os infortunados têm então de fazer face a um dilema: correr atrás do ladrão e violar a lei ou simplesmente deixar-se roubar em nome do patriotismo?"

4 comentários:

umBhalane disse...

Traz-me à memória que em Nampula, onde vivi até julho/79, a imobilização interminável percorria ruas inteiras, quando as pessoas paravam...simplesmente por verem parar os outros...

Era a Bandeira no palácio do governo, a 2, 3, 4...Kms de distância, e que ninguém via!!!

RESPEITO????????????????????

Anónimo disse...

Também me recordo perfeitamente desta prática nos tempos de S. Machel.
Uma coisa será o respeito pela pátria ou bandeira, outra será medo... porque nem sequer sabiamos onde estava a bandeira em causa...
Neste caso especifico mais parece o ditado: "preso por ter cao e preso por nao ter cao"...
Maria Helena

ricardo disse...

Eu também me lembro disto, sobretudo quando passava em frente ao quartel.

Digamos que, na RDC, estão a viver o seu tempo de construção do Homem Novo.

Já são mais de 4 milhões de mortos, quantos mais se contabilizarão até a obra estar finalmente acabada?

Oremos

Beto disse...

Fico do lado dos ladrões! Que a pátria garanta os bolsos da nação! E coloque o presidente da república a bater continência no meio da praça! Me lembro quando Samora nos botava para cantar Kanimambo na praça da indenpendência enquanto a quadrilha ia lanchar nos bastidores!