22 dezembro 2009

Benedito e a qualidade do ensino em Moçambique

Em carta de leitor, o Sr. Benedito da Silva traçou um quadro dantesco da qualidade do ensino ministrado em Moçambique: "Que qualidade, compatriotas? Hoje em dia um estudante da 12ª classe mal expressa-se, mal faz as contas e mal escreve! Mas o mesmo gradua com uma média de 17 valores e ingressa na universidade onde termina o curso com sucesso e em tempo recorde, mas que no terreno nada tem de conhecimento científico e prático. Como refúgio acaba ficando no gabinete para ordenar. São engenheiros formados por universidades de muita qualidade assim conhecidas e constroem edifícios que com um pingo de chuva desabam. As universidades já abandonam os seus principais objectivos recorrendo a novos cursos para angariar mais fundos, mesmo com carência de docentes capacitados na área. Olhem para o ensino primário actual, uma criança da 7ª classe não sabe diferenciar vogal da consoante. Chegado na 10ª classe não sabe identificar números primos. Já na universidade não sabe localizar geograficamente as províncias do seu país nem conhecer a data da independência do seu país. Mas as estatísticas da redução dos analfabetos no país estão sempre a subir."

3 comentários:

angela meives disse...

bom dia, o trecho nao somente retrata o ensino em Moçambique, mas sobretudo como estao sendo diariamente estruturadas as nossas relações sociais, onde o mais importante é viver o aparente e nao o real em si. ANGELA MEIVES

Anónimo disse...

A qualquer interessado, proponho um exercício simples para se aferir a qualidade dos resultados de aprendizagem no fim do ensino primário (7ª classe) e do primeiro ciclo do secundário (10ª classe) em Moçambique, e seu impacto na vida do país e do cidadão: pedir que se procure o número de alguém ou alguma entidade numa lista telefónica impressa e medir o tempo de busca. Já o fiz várias vezes, pelo que não me surpreende nada ter ficado um ano à espera da renovação do meu bilhete de identidade e haver quem já espere três e o reclame nos jornais. Quanto tempo demorará localizar um processo? Como se podem localizar manualmente e com rapidez itens e processos registados e arquivados por ordem alfabética ou alfanumérica, sem saber ordenar rapidamente as letras do alfabeto, competência que já devia existir nos primeiros anos de aprendizagem escolar?
Pois a verdade é que me parece muito grande o número de graduados dos níveis referidos com muitas dificuldades neste domínio. O custo, em todos os sentidos, dessa "simples" lacuna de aprendizagem para o país e cada um de nós, nas inúmeras situações em que tal competência se aplica, parece-me imensamente grande.
Foi só para citar um exemplo a exigir reflexão.
Fátima Ribeiro

ricardo disse...

Mas, isso é analfabetismo funcional. E até afecta alguns dos nossos PHDs que estudaram em Harvard...

Kumon resolve.