05 maio 2009

Estado sitiado

No "O País" online de hoje, citando o procurador-geral da República: "Augusto Paulino disse existir, em Moçambique, funcionários que condicionam a aprovação de projectos de investimento à sua inclusão ou a dos seus familiares nas sociedades investidoras. “Alguns funcionários dizem: enquanto eu estiver aqui, se aquele (o investidor) não tira algum (dinheiro) eu não submeto a aprovação do seu projecto ao meu chefe”, referiu, defendendo que “é preciso expurgar esse tipo de funcionários do nosso seio porque mancham o nome do nosso Estado e das nossas instituições, e ainda colocam o Estado refém dos seus desígnios”.
Comentário: seja qual o ângulo em que nos situemos, convenhamos que não é fácil dizer publicamente o que o Dr. Paulino disse (é, creio, a primeira vez que semelhante coisa é dita de forma aberta), mesmo que saibamos que já se sabia e se sabe. O procurador contribui, ao mesmo tempo, para desnudar o pensamento daqueles samaritanos persistentes que pensam que o Estado é apenas um coisa técnica, melhorável com conselhos pios, receitas de bom comportamento e diálogos inteligentes.

4 comentários:

umBhalane disse...

Tem piada que cá na Europa já sabe, faz muito tempo, dessa situação tão antiga como as antigas barbas do Vasco da Gama...

E TODOS sabemos quem são os testas de ferro, os pombos-correios, as correias de transmissão aos poderes beneficiários para

facilitação dos processos...

Mola, é o que é preciso.

Mola, no sítio certo.

Mola = óleo nas engrenagens!

É preciso ser no sítio certo.

MOLA.

Anónimo disse...

Todos falam, falam e falam..., lá diz o ditado, fazer o que se diz e não o que se faz, porque os que falam, sabe Deus o que fazem... Qual foi o desfecho do processo que nasceu quando o Procurador Geral assumiu as suas funções???... resultado: esfumou-se...
Precisamos é de uma outra geração para moralizar esta sociedade...

Sensualidades disse...

se decobrirem ai a receita para a cura desse mal, enviem-na para aqui, nos ate damos emprego aso vossos filhos para te-la

Jokas

Paula

Anónimo disse...

Concordo com o Professor quando realça o papel positivo da intervenção do PGR.

Porém, ele não fez mais do que apresentar publicamente um diagnóstico que todos já conheciamos.

Não basta apregoar que "é preciso expurgar", etc., etc. É fundamental identificar as CAUSAS profundas desta situação e trabalhar para as eliminar.

Não creio que com o actual quadro salarial no aparelho de Estado, onde um quadro técnico de nível médio ganha cinco ou seis mil meticais, numa sociedade que construimos hipervalorizando o consumismo e o salve-se quem puder a situação do aparelho de Estado venha a alterar-se significativamente.

A posição do PGR, foi, certamente,mais influenciada pelos parceiros /financiadores do que pela real vontade dos nossos políticos alterarem a situação... que tanto conforto lhes dá!