O jornalista Mouzinho de Albuquerque pegou na "presidência aberta" e decide vê-la pelo seguinte ângulo em Nampula: "Não sei se o Presidente da República, Armando Guebuza, sabe ou não, mas o que se tem assistido de forma continuada, apesar de protestos, é que das várias vezes que já visitou alguns distritos de Nampula, incluindo a capital provincial, tudo ficou parado, incluindo mercados e outros locais de interesse público, só porque se quer obrigar as pessoas a irem recebê-lo no aeroporto ou estarem presentes nos comícios que orienta. (...) Na recente visita do estadista moçambicano à província de Nampula, alguns pequenos e grandes comerciantes de um distrito considerado como um dos mais pobres da região e que por causa disso deveria desenvolver esforços para inverter o cenário, escalado pelo Chefe do Estado, ficaram revoltados devido ao facto de as suas barracas e lojas terem sido encerradas, porque alegadamente as pessoas tinham que ir obrigatoriamente ao comício."
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
4 comentários:
acredito que a presidencia aberta 2009, vai dar para fazer analises interessantes.
uma constatacao podera ser que a FRELIMO nao tem o tal apoio popular que afirmava ter.
outra, que os 7 milhoes sao um esquema de familia.
mais, a mudanca podera mesmo acontecer.
Acabo de ler na íntegra este artigo de opinião no site do Jornal Notícias. Fiquei comovido pela forma como o jornalista narra a questão. No fundo ele acabou dizendo uma coisa interessante, por um lado a presidência aberta permite ver de perto e em in-louco até que ponto o grau de implementação do programa do governo está a ser cumprido, permitindo fazer uma "circuncisão" aos que menos desempenho apresentam, mas por outro lado, o presidente está a tentar encher um tambor furado, na medida em que depois da sua retirada aos locais de visita os mesmos dirigentes ficam a carregar as baterias de combate. Já disse aqui uma vez que o problema é da lixeira que está suja demais e não das moscas.
Um abraço
Estamos cada vez mais a regredir. Este país não tem observatório permanente para economia capaz de medir o impacto dessas atitudes. Quem manda faz o que quiser. Quando alguém denuncia dizem que é mentira, é da oposição. Será que o presidente também está interessado nessas paragens? Acho que sim. São acções convenientes. As pessoas, de tanto serem excluídas, por sua livre vontade, não iriam ao aeroporto esperar o “nosso” presidente. Figura que perdeu impacto há muito tempo, desde que os governos ficaram voltados a si próprios, seus partidos, seus mais chegados membros.
O exagero que está ai, ainda, é que os funcionários, estudantes, por exemplo, são levados à força. A marcação de faltas é feita logo à partida para o comício ou aeroporto; a falta e estes intrigantes locais é equivalente a falta ao trabalho. Chegam a levar os livros-de-ponto para o aeroporto, em muitos casos, na função pública. Digo porque vi, em Nampula, várias vezes.
Está-se numa era semelhante àquela do saudoso Samora Machel, em que as portas abriam para entrar e ninguém mais saía, mesmo com malária comprovada. Quer-se, portanto, mostrar uma imagem positiva a partir de meios negativos. Uma publicidade a custa da injustiça ao povo.
Não se devia premer as pessoas, elas iriam se se sentissem enquadradas. Com esses homens.
Já alguém contou o número de visitas às provincias do PR? Nos meus cáculos 22... em 5 anos,o equivalente a 3 viagens do Rovuma ao Maputo de finado Machel.A presidência aberta transformou-se num mecanismo de avaliação pessoal do presidente.As populações perceberam isso...mas na realidade esse mecanismo o que faz é debilitar os poderes locais,substituir as admnistrações locais,os responsáveis sectoriais (ministérios/ministros,confirmar e consolidar a ausência de comunicação governativa entre cidadania e poderes públicos,entre outras.Em questão está o novo tipo de papel do chefe de Estado que está a ser introduzido com esta prática excessiva.O que deveriam fazer afinal os directores nacionais,os ministros,os governadores provinciais?.Será que o seu papel é só acompanhar o PR e repetir depois "como o presidente disse"? Numa outra vertente,imaginemos os presidentes dos EUA,de uma França,Espanha,China,India,Brasil,Nigéria,entre outros,se decidissem fazer presidências abertas com o ritmo de visitas semelhante ao nosso? Emfim...coisas da nossa terra!!!
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