A forma como ensinamos às crianças o que devemos ser por comparação com o que nós, adultos, achamos que os outros são ou devem ser, é, sempre, uma tarefa ciclópica e delicada. Como os outros são ou como os outros devem ser representados de forma simples e imediata? Por exemplo, o que são Zulus? E como mostrar às crianças que Moçambique é alguma coisa, por exemplo o ou um país de ciclones (calhou serem ciclones, podereriam ter sido lagostins ou leões ou leopardos ou turmalinas)? Naturalmente que podemos fazer isso com exemplos doce e didacticamente brincalhões. Porém, os exemplos brincalhões e excepcionalmente redutores podem, muitas vezes, quando nos tornamos adultos, transformar-se em práticas comportamentais sérias, definitivamente catalogadoras e absolutizadoras em seu essencialismo quase genético e faunístico. No campo do folclore, a absoluta zuluficação castrense dos Zulus é um caminho exemplar nesse sentido, a absoluta ciclonização tsunamica moçambicana é outro (muitos outros exemplos, poderiam ser desenvolvidos, do género "Os Pigmeus, "filhos da floresta", são muito baixos...", exemplos, de resto, extensivos a outros continentes e povos). Se a África do Sul tem muitas coisas como ouro, diamantes, reservas naturais, safaris (sic), etc., nós apenas somos representados pelos ciclones. Seremos definitivamente ciclónicos para muita crianças que se tornarem adultos amanhã. E ciclónicos de pés descalços como, também, afinal, os Zulus (reparem nas imagens)...
Nota: motivo temático, referências, exemplos e imagens foram retirados do magnífico livro O meu primeiro Larousse do mundo - Um atlas ilustrado (versão portuguesa do Campos das Letras, 2006). O Moçambique dos ciclones é a única referência que surge sobre o nosso país nesse livro de 159 páginas.
3 comentários:
Arre! Agora entendo tanto ciclone político!!!!!De pequenino se torce o pepino....
como fazer "bons" livros sem queimar nenhum
tsamb
Perversa Micas!
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