Com grande destaque, a seis colunas da primeira página, o "Notícias" de hoje volta a um tema que aqui abordei várias vezes, alertando: há perigo na Ponte Samora Machel, rio Zambeze, à entrada da cidade de Tete - ponte frequentada por centenas de camionistas -, a infra-estrutura está degradada, a situação dura há anos, pouco ou nada foi feito para melhorar a situação.
Fui avisando neste diário. A 5 de Dezembro do ano passado, escrevi o seguinte: "Caiu o primeiro cabo da ponte Samora Machel em Tete, mas quem não cai é o director-geral da Administração Nacional de Estradas, Eusébio Sequela, que, firme, optimista, granítico, uma vez mais assegurou ontem à Rádio Moçambique que "a circulação na ponte é segura", acrescentando que "as actuais restrições de circulação na ponte são uma medida preventiva pois aquela infra-estrutura foi erguida há muito tempo." Senhor Ministro das Obras Públicas e Habitação, Eng.º Felício Zacarias: pode chamar o Sr. Siquela e explicar-lhe que mais cabos podem cair e, um dia, a ponte toda, para gáudio dos jacarés do nosso Zambeze?
Já agora, reproduzo a carta que aqui escrevi ao ministro das Obras Públicas e Habitação, Felício Zacarias, a 17 de Outubro do ano passado também:
Já agora, reproduzo a carta que aqui escrevi ao ministro das Obras Públicas e Habitação, Felício Zacarias, a 17 de Outubro do ano passado também:
"Carta para o Senhor Ministro das Obras Públicas e Habitação, Eng.º Felício Zacarias
Senhor Ministro
Tenho o costume de escrever cartas aos governantes quando sinto que a minha alma isso exige. Já o fiz por diversas vezes para o Presidente da República, já o fiz para outros governantes, agora é a sua vez.
Sensatas vozes me têm feito chegar, veja lá, o tom cauteloso do povo: não vale a pena. Mas, herdeiro do Zambeze que sou, Ministro, adquiri desde pequeno a virtude de caminhar para a foz. Por isso escrevo. E escreverei sempre.
Qual o assunto, tal como se pergunta nos corredores oficiais da burocracia? O assunto, Ministro, é a saúde da nossa ponte Samora Machel, lá em Tete, sobre o nosso Zambeze, vigiada pelos espíritos manhungwe.
Eu, Ministro, que conheço bem os espíritos do rio, eu, que conheço o âmago do pende, da maçanica, do cabrito e de muitas outras coisas maravilhosas da minha terra, estou inquieto com a ponte: está degradada, já há cerca de seis anos, quando lá passei, tive essa descaída sensação. Apenas eu? Não, Ministro, muitos outros estão inquietos, incluindo os espíritos fluviais.
Ministro, deixe-me propor-lhe duas coisas.
Primeiro, leia a carta do Sr. Tsoca Pacanate Domingos, publicada no "Notícias" do dia 10, p. 5. A seguir, leia a carta do Sr. Isaías Marrão, publicada ontem no mesmo jornal e na mesma página, onde ele me pede e ao Sérgio Vieira que façamos algo por causa da ponte Samora Machel.
Segundo, Ministro, saia de Maputo acompanhado apenas por um assistente, discretamente, aterre no aeroporto do Chingodzi, vá até à ponte e depois passe nela a pé. Inspeccione-a bem, a seguir ponha dois bons engenheiros do seu ministério a radiografá-la durante uma semana, depois leia um relatório com 15 páginas (não são necessárias mais) e, finalmente, tire as conclusões. O Eng.º Zacarias é conhecido por fazer coisas dessas, coisas de surpresa, em mangas de camisa, sem a chateza do protocolo. E têm-no por competente.
Não faz sentido dar-lhe conta da importância dessa ponte na economia regional e na vida da minha terra, da minha cidade, nascida como feitoria em 1530, mitete de seu nome original.
É tudo, Ministro.
Não deixe cair Samora Machel!
Um abraço.
Carlos Serra"
Senhor Ministro
Tenho o costume de escrever cartas aos governantes quando sinto que a minha alma isso exige. Já o fiz por diversas vezes para o Presidente da República, já o fiz para outros governantes, agora é a sua vez.
Sensatas vozes me têm feito chegar, veja lá, o tom cauteloso do povo: não vale a pena. Mas, herdeiro do Zambeze que sou, Ministro, adquiri desde pequeno a virtude de caminhar para a foz. Por isso escrevo. E escreverei sempre.
Qual o assunto, tal como se pergunta nos corredores oficiais da burocracia? O assunto, Ministro, é a saúde da nossa ponte Samora Machel, lá em Tete, sobre o nosso Zambeze, vigiada pelos espíritos manhungwe.
Eu, Ministro, que conheço bem os espíritos do rio, eu, que conheço o âmago do pende, da maçanica, do cabrito e de muitas outras coisas maravilhosas da minha terra, estou inquieto com a ponte: está degradada, já há cerca de seis anos, quando lá passei, tive essa descaída sensação. Apenas eu? Não, Ministro, muitos outros estão inquietos, incluindo os espíritos fluviais.
Ministro, deixe-me propor-lhe duas coisas.
Primeiro, leia a carta do Sr. Tsoca Pacanate Domingos, publicada no "Notícias" do dia 10, p. 5. A seguir, leia a carta do Sr. Isaías Marrão, publicada ontem no mesmo jornal e na mesma página, onde ele me pede e ao Sérgio Vieira que façamos algo por causa da ponte Samora Machel.
Segundo, Ministro, saia de Maputo acompanhado apenas por um assistente, discretamente, aterre no aeroporto do Chingodzi, vá até à ponte e depois passe nela a pé. Inspeccione-a bem, a seguir ponha dois bons engenheiros do seu ministério a radiografá-la durante uma semana, depois leia um relatório com 15 páginas (não são necessárias mais) e, finalmente, tire as conclusões. O Eng.º Zacarias é conhecido por fazer coisas dessas, coisas de surpresa, em mangas de camisa, sem a chateza do protocolo. E têm-no por competente.
Não faz sentido dar-lhe conta da importância dessa ponte na economia regional e na vida da minha terra, da minha cidade, nascida como feitoria em 1530, mitete de seu nome original.
É tudo, Ministro.
Não deixe cair Samora Machel!
Um abraço.
Carlos Serra"
2 comentários:
Prof.
Subescreo totalmente a sua missiva.
Estou do seu e de muitos TETENSES e não só!!!!!
Ouvi que está para breve a construção de uma nova ponte em Tete. Parece-me, entretanto, urgente a reparação da existente antes que os danos se tornem bem maiores.
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