02 outubro 2007

Poder (quando a alma se põe em sentido) (4) (continua)

Escrevi anteriormente que não há poder sem relação e sem consentimento. Lá onde isso não existe não existe relação de poder.
Efectivamente, um relação de poder estrangeira à minha possibilidade de recusar obedecer não é uma relação de poder, mas uma relação de violência que reduz o corpo a um objecto punível em permanência. Uma relação saturada de violência corporal ou da sua ameaça (escravatura, por exemplo), assente numa tecnologia corporal limite, não é uma relação de poder na medida em que não interpela o dominado na condição de ser que aceita ser dominado.
Se essa premissa for razoável, torna-se então necessário saber como se gera a aceitação da dominação - o dilema da obediência, como escreveu alguém -, como se introduz ela de alguma maneira no nosso inconsciente.
Prosseguirei.

7 comentários:

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Brilhante!
Somos reconduzidos ao problema de Espinosa: os homens preferem a escratura à liberdade. Debato-me também com esse problema ao denunciar a luso-corrupção e, tanto eu como outro amigo blogger, fazemos poesia...
Abraço

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Leia, se assim o entender, o poema de Guerra Junqueiro que editei e a resposta poética desse amigo. O riso de Bergson está de regresso: o humor...

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Dediquei-lhe o meu primeiro texto sobre religião editado em NeuroFilosofia (blog), associado ao meu blogue CyberPhilosophy. Seguem-se outros mais neuro...

Carlos Serra disse...

Obrigado!!!Abraço!

Salvador Langa disse...

Olha xamuáli pode é poder com corpo ou com cabeça.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

A Esfinge coloca um problema interessante que reconduz ao dualismo: poder com corpo ou poder com cabeça... Curiosa observação!

Carlos Serra disse...

Hoje há novo número da série. Abraço.