Todos os anos a nossa imprensa dá conta da pressão popular para que mais escolas de todo o tipo sejam construídas.
As escolas estão apinhadas, uma grande parte delas não tem carteiras, muitos professores queixam-se quer de receber os seus ordenados tardiamente quer pura e simplesmente de os não receber porque foram roubados, como reconheceu há dias, agastado, o governador da Zambézia.
Está o Estado confrontado com um duplo constrangimento: se constrói mais escolas sujeita-se a não ter professores ou a tê-los mal preparados ou a tê-los sem ordenados, fora todo um outro conjunto de constrangimentos. Vê-se bem, então, o perfil de saída dos alunos assim “preparados” (um recente estudo mostrou uma generalizada corrupção ao nível do professorado); se não constrói escolas, sujeita-se à crítica popular e coloca o partido que o gere em risco de défice de apoio nos períodos eleitorais. Segundo dados do Ministério da Educação, neste momento há um milhão de crianças sem acesso à rede escolar.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
1 comentário:
Partilho do seu receio, Fátima.
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