03 março 2008

Marta

Blogue da Marta, as palavras são máquinas fotográficas: "Quando em Lisboa me perguntam como é que é Maputo, como é que são as coisas quando cá venho, invariavelmente começo por destacar o que mais me impressiona: A quantidade de carros topo de gama que circula na cidade. Nunca vi tantos no mesmo sítio (e já fui a algumas capitais europeias). Numa cidade onde nos deparamos diáriamente com a miséria, miséria mesmo, isso indigna-me a mim e certamente muito mais a este povo."

23 comentários:

Anónimo disse...

Não creio que o que Marta diz seja rigorosamente verdade. Respeito seu direito de se indignar ao ver carro topo de gama nas mãos de alguns africanos. Mas dizer que é em Moçambique que eles se encontram em maior número! Senhores! A nossa indignação não deve conduzir-nos a dizer inverdades. Muitos de nós também viajam. E comparam

Marta disse...

Agradeço o eufemismo “inverdades” mas para mim isso quer dizer mentira na mesma.

Penso que ainda não foi inventado o dispositivo que permitirá ao cibernauta ver através dos olhos do bloguer e nesse caso, não percebo como é que pode atestar com tanta segurança o que eu vi ou deixei de ver.

Repito. Lisboa, Porto, Madrid, Paris, Veneza e Praga (isto para falar das maiores), nunca vi tanto carro topo de gama junto e em percentagem tão alta na mesma cidade.

Peço desculpa por insistir mas para mim isto é muito chocante.

Já agora também me choca a sua assunção do que o que me indignou foi “ver carro topo de gama nas mãos de alguns africanos”.

(Paulo Granjo) disse...

Passando por este post e comentários, fui à janela do sítio onde de momento estou.

Vi estacionados um carro de gama média-alta (segundo critérios internacionais), um Jaguar novinho em folha e todos os restantes são SUVs (4X4 de luxo, também segundo critérios internacionais).

É um dia normal e não estou a escrever a partir de Sommerschield, nem do bairro do Triunfo, nem de nada que se pareça.

As "estatísticas" e as "amostras aleatórias" valem o que valem, mas aqui vejo cenários semelhantes diariamente e nunca vi nada de parecido noutras cidades.

Também vou quase diariamente a bairros "de caniço", o que faz um certo contraste...

Matsinhe disse...

Parabens Marta

Veio a África e viu o que nunca viu em mais sítio nenhum. Há de haver alguma coisa em que África e Moçambique em Particular ainda surpreendam quem cá venha.

Marta, levanto cedo desde que tinha 5/6 anos (nesta idade para pastorear), mais tarde para pegar estrada e andar quilómetros até a escola (a pé). Há 5 anos atravessava o deserto que é como chamamos o troço que vai desde o portão que dá acesso ao TANGARÁ atem aos edifícios do campus universitário queimando debaixo do sol das 12/14 horas.

Hoje trabalho. Para ir a minha povoação não posso usar o carapau com que me desloco todos os dias. Preciso de um 4x4. Tenho possibilidades, porque continuo a acordar cedo para trabalhar duro. Lá está o meu Land Cruiser. É um luxo para si. Um carro de toda a utilidade para mim. É isso que lhe choca?

A mim me parece que não. O problema está no preconceito que se tem de África. Não lhe chocaria nada que fóssemos todos indigentes porque essa é a imagem que se projecta de África a partir da Europa e de outros cantos. A ideia de que África é só miséria. Não é bem assim Marta.

Aqui trabalhamos duro. Muitas vezes de baixo do sol sem ar condicionado. Andando de um lado para o outro em estradas de terra batida, e somos remunerados por isso.

Choca-lhe que eu ande no meu carro fruto do meu esforço? Choca-lhe o meu SUV que me ajuda a chegar onde nem os defuntos transportes oliveiras chegavam pelas condições precárias da estrada?

Come on.

Marta disse...

Há muita coisa em África (diga-se Maputo) que me surpreende pela positiva e ainda bem, ou não teria voltado.

Sim, o 4x4 é para mim um luxo mas não o considero tal, para as pessoas, como você, que tem que se deslocar para fora da cidade. Para alguns sítios é mesmo uma imposição e ainda bem que alguém os tem se não, nem eu poderia sair daqui para lado algum.

Agora quanto me dizem que, membros das ONGs por exemplo (uma comunidade em franco desenvolvimento), precisam de um 4x4 para ir ali ao xipamanine ou até à Matola . . . ninguém me convence que não poderiam ser um pouco menos gastadores, tendo em conta o que cá vieram fazer.

Quando digo que circulam em carros topo de gama (sem referir marcas porque sou uma naba nesse campo), refiro-me ao carros ultrajosamente caros em vez de carros normais, como os que se conduzem, por exemplo, em Lisboa.

O que me choca é o abismo entre a qualidade de vida de quem vive na cidade (Maputo cimento) e o resto da população. Porque África não é só miséria para uma minoria absurda, como aliás no resto do mundo só que nas outras capitais, as necessidades básicas vão estando mais ou menos asseguradas enquanto que aqui, e continuo a falar de Maputo, saio da Praça OMM e . . . quer convencer-me a mim que aqueles africanos vivem bem.

Eu já passei dificuldades, já vi muito, mas nunca vi tanta miséria. Sim, também. Vai dizer que é mais uma coisa nova para mim. Seja!

Não sei quem possui estes carrões mas se reparou na notícia que provocou este post concordará que existem algumas pistas. Não vai querer convencer-me que os membros da administração central e do governo se deslocam de Fiat dentro da cidade e que o "boloide" que vejo passar é do professor universitário.

E essa insistência, na falsa ideia que eu teria de África e dos africanos ou é provocação, ou temos ambos um péssimo complexo.
De facto, de África, para além de um ou outro passeio pontual, só conheço Maputo, mas conheço moçambicanos(angolanos, cabo-verdianos e guinenses), tanto cá como lá fora e conheço também alguns indigentes, nunca me ocorreu que houvesse alguma relação directa entre uns e outros.

Marta disse...

Palavras fotográficas, Obrigada.

Anónimo disse...

Pois e, no lugar de criar um sistema vias e de transporte publico eficiente, a cidade esta esburacada que ha que comprar 4x4, e cada um tem seu carro,isso e muito mau.

Anónimo disse...

Olha! Um moçambicano que anda de chapa (como 96% da população em Maputo).

Matsinhe disse...

Minha gente,

Quando ouvimos falar do orçamento americano para certas coisas absurdas podemos ser tentados a pensar como a Marta: porque esses homens gastam tanto com aquilo quando aqui em Moçambique se morre de picada de mosquito? Isso altera algo? NADA. Anualmente saiem mais orçamentos absurdos se os compararmos à nossa pobreza.

Numa cidade como a nossa, sem um sistema de transporte público eficiente, para quem pode, dá um jeito ter seu carro, quanto mais um 4x4 que nos ajude a chegar à nossa zona rural que, apesar de nos termos urbanizado não nos desligamos dela.

Se calhar em lisboa faz sentido uma família comprar um Fiat UNO ou um PICANTO da Kia. São pequenos e fáceis de estacionar/parquear numa cidade com MUITO trafego rodoviário. Faz sentido comprar um carro desses aqui?

Ao comprar esses carros, os lisboetas estão, penso eu, condicionados pelo trafego, pelo sistema tributário e, eventualmente, pelo preço. Eles também desejam andar num GRAND MARK II, MErcedes, Jaguar etc e vários outros que, sem preconceitos ou inibições muitos moçambicanos compram e usam com todo o direito de o fazerem.

Temos que desmistificar essa mania de que já que a maioria vive na miséria todos deviamos APARENTAR ser miseráveis. A pobreza é um facto em todo o mundo (mesmo em portugal ou nos EUA) mas isso NUNCA impediu o aparecimento de gente mais ou menos abastada ou com posses. Porque teria que ser diferente aqui?

Os membros do Governo Central não andam em carritos em Moçambique como não andam os membros do Governo Português. O meu carro do dia a dia não é um fiat 1300 CC é um toyota de 2500cc como é o carro de algum portugues em lisboa e no porto. Porque deveria estar eu impedido de o fazer? Porque há 2 casas da minha alguém não tem carro ou nesse dia não tem dinheiro de pão? Eu também passei fome.

Não nos olhem como miseráveis sem sonhos. Gente condenada a indigência que não pode prosperar. Trabalhamos no duro e muitos merecem os 4X4 que com o andar do tempo acabam comprando.

Anónimo disse...

Estou agora em Windhoek, depois de passar por Johannesburg. Vi laa e caa tantos carros topo de gama como em Maputo. Anda por aii muita gente a incitar aa violeencia. Muitos dos posts e comentarios que tenho lido nos blogs sao um atentico atentado aa razao. E sao, sobretudo, um incitamento aa violencia na esteira do que se viu nos principios de Fevereiro.

O regozijo de alguns pelas cenas de violencia, porque presuntamente confirmavam vaticinios anteriores, chega a ser obsceno.

Na verdade o que essa Marta diz ee a mais pura mentira. Mesmo em Africa, Maputo nao ee a capital com mais carros de luxo. Desconheco se ela jaa esteve em Hahannesburgo, ou em Lagos, ou em...

Por acaso, os taxis em muitas cidades europeias sao mercedes e muitas outras marcas que, para noos em Africa, sao carros de luxo. A senhora Marta viu os taxis de Maputo?

Indignem-se com a miseria mas nao digam mentiras. Como a que reza que a miseria mais gritante foi vista em Maputo. Visita-nos e, depois insulta-nos. Com mentiras

Matsinhe disse...

O SONHO COMANDA A VIDA. Eu sonho com um Moçambique próspero. Sou realista... não sonho com um Moçambique em que todos andemos de carro etc... sonho com um Moçambique onde a maioria da população viva acima da malfadada linha da pobreza. Onde comprar PÃO não seja problema. Onde muitos mais possam sonhar ter um carro básico para o dia a dia.

Como o emigrante diz, não é só em Moçambique que há carros de luxo (os que os tem também tem direito de os ter) enquanto a pobreza espreita na esquina. Como também diz o anónimo dá jeito ter carro próprio numa cidade sem transporte público.

Um dia chegaremos ao sistema de transporte público de Londres e outras grandes cidades que, em algum momento, enfrentaram os problemas que temos e cujas cidades cresceram DEVIDAMENTE PLANIFICADAS. Sonho com isso.

Recuso com veemência a condenação da realização dos nossos sonhos em função dos (muitos) que andam de chapa. Que se dirá se no meu quarteirão no bairro do Maxaquene decidirmos criar a estrutura de um condomínio, derrubando murros interiores, contratarmos empresas de segurança privada etc? De certeza que não temos MORAL e que SOMOS INSENSÍVEIS às condições da maioria... será que somos?

Anónimo disse...

O que me espanta ee o facto de alguns jovens com potencial, que tenho lido aqui, levarem muito a serio os apostolos da pobreza. Nao se dao conta de que eles soo o sao em relacao aa pobreza dos outros. Eles vivem muito bem. Mesmo quando aparentam serem pobres. Conheci alguns apostolos da pobreza no Maputo que andavam sujos, nao mudavam de jeans, aparentavam uma barba ou bigode esgudelhados. Tudo palha. Soo para enganar os encautos.

Desafio os jovens que passam a vida nestes blogs a amaldicoar aqueles que fizeram sucesso: escolham tres ou quatro dos chamados "reservas morais do pais". vao ver como vivem nas suas casas. Vao ver a educacao que dao aos seus filhos. Ficariam estarrecidos. Essas febres esquerdistas passariam num apice.

Meus compatriotas jovens. Deixem de se lamuriar. Abandonem a inveja que patenteiam sempre que alguem ee bem sucedido na vida. Lutem voces proprios pelo vosso sucesso. Acordem mais cedo. Aumentem os vossos conhecimentos. Nao esperem por nenhuma ilusao. Soo s governos comunistas distribuem empregos nas classes terminais. No mundo de hoje ee preciso porfiar. Dar no duro. Namorar pouco. Beber pouco. Trabalhar muito. Lamuriar menos.

Nao se deixem envolver por esquerdistas de pacotilha. Lutem por favor. Voces teem potencial.

Um jovem que despertou

(Paulo Granjo) disse...

Mais uns comentários e vamos acabar por concluir que a Marta é a tal de "mão invisível" por trás do 5 de Fevereiro (http://antropocoiso.blogspot.com/2008/02/semnticas-invisveis.html) e que descobriu o instrumento ideal para fazer rebelar o Chiquelene e Magoanine: comentários na Internet que, obviamente, logo serão lidos e espalhados no caniço.
Afinal, já pudemos concluir, até agora, que quando um “jovem com potencial” não fica rico é porque é preguiçoso, bêbado ou mulherengo.
Pudemos também concluir que, quando alguém que visita Moçambique se espanta com um parque automóvel com um nível visivelmente superior ao das capitais europeias, num país em que 40% da população vive abaixo de 1 USD por dia (UNCTAD), e outros 40 e qualquer coisa não andam acima dos 2 USD, está a mentir e a insultar Moçambique e os Moçambicanos.
(Quanto a este último ponto, posso sugerir que, para melhorar a retórica, se consultem os discursos de Salazar, sobretudo quando ele fala dos “terroristas” que fizeram as Lutas de Libertação, dos anti-fascistas em Portugal e do os estrangeiros diziam disso. Ou então, o artigo do Sérgio Vieira no Domingo passado, nesse caso com a vantagem de dizer, lá pelo meio, algumas verdades duras, mas com as desvantagens de os leitores poderem pensar naquelas verdades em relação a nacionais e do passado do autor, que nos seus bons velhos tempos teria pregado com todos os opinantes no Niassa.)

Na minha modesta opinião, insultar Moçambique e os moçambicanos é outras coisas. É, cada um de nós que aqui escreve ou lê, pagar num restaurante mais do que o salário do empregado – mesmo que diga “por favor”, “obrigado” e não o trate, como aqui é costume (muito colonialmente mas sem cor), como se ele não fosse uma pessoa. É pagar a um contabilista o mesmo que um professor doutorado ou um juiz ganham na Europa, «para que não roube». É encomendar/fazer estudos de assessoria sobre as condições de acessibilidade dos deficientes aos chapas. É um(a) estudante de doutoramento ficar chocado(a) quando um investigador sénior de um país “rico”, onde tais mordomias nunca existiram, lhe pergunta por que razão diz precisar, para além de tradutores, de um “assistente de pesquisa”. É os melhores operários de fundição de alumínio do mundo ganharem 15.000Mt, para aí uns 97% da população sonharem com esse dinheiro, e nós esnobarmos disso, porque cá a gente “trabalha muito”, em “condições muito difíceis” e nunca mexeria uma palha por tão pouco dinheiro. É esfregar a riqueza na cara da miséria (seja uma mansão, um SUV, um Jaguar ou um McLaren-Mercedes como aquele que só aqui vi ao vivo) e dizer que isso é a justa recompensa de quem não é bêbado, preguiçoso e fodilhão – ou seja, de quem não é “preto”, de acordo com os piores estereótipos coloniais.
É, sobretudo, achar tudo isso normal.
Mas, claro, eu sou estrangeiro e, portanto, suspeito (ou a priori condenado), pelo menos de acordo com uma lógica que combato até ao murro quando um meu compatriota a usa, mas que aqui deverá ser uma outra coisa qualquer, respeitável e legítima.
Não obstante, na minha modestíssima e muito suspeita opinião, quando as assimetrias são gritantes e quem tem (alguma coisa ou muitíssimo) procura não as ver, negá-las ou justificá-las com base nas supostas incapacidades dos que nada têm ou irão ter, essa pessoa está a criar e a chamar problemas sociais graves. Porque, por muito que possa parecer a quem olha de cima, as pessoas que estão mais abaixo não são gado.
Para além de que, no meu ponto de vista, essa atitude é imoral e, na perspectiva “local” e “tradicional”, ela corresponde ao comportamento dos feiticeiros – o que, em parte, é uma outra forma de dizer a mesma coisa. Mas suponho que também isso será irrelevante, pois eu sou estrangeiro e essas outras pessoas são “atrasadas”.

Já agora, Matsinhe (apelido que muito respeito, devido a parentes que provavelmente não conhece): é óptimo e necessário ter sonhos. Os seus são louváveis, segundo a minha modesta opinião. Mas os sonhos só se transformam em “um dia” se fizermos alguma coisa para os concretizar.

PS: É curioso. Vou umas duas vezes por semana a ambos os lados de Maxaquene e nunca lá vi um SUV. A não ser, claro, frente aos edifícios que rodeiam o posto de gasolina da Praça da OMM, que formalmente pertencem ao bairro.

(Paulo Granjo) disse...

Peço desculpa ao Carlos Serra e aos restantes comentadores pelo tamanho e virulência do meu comentário de ontem.
Devido à minha relação afectiva com as pessoas e o país, esqueço-me por vezes que, por esta não ser a minha terra nem eu pretender que seja, me é exigido mais comedimento.
Posso apenas garantir que, se esta conversa, com estes pressupostos e teses, fosse acerca do meu país, eu teria sido ainda mais longo e virulento. Como, aliás, fui várias vezes, pois também lá nem tudo são rosas.

Anónimo disse...

Quanto paga o senhor Paulo Granjo ao seu empregado domestico? Nao tera por acaso um que lhe cuida do caozinho? Do que estamos fartos ee de voces viverem bem, bastante acima da media dos mocambicanos, e vir aqui pregar que todos deveriamos viver na indigencia ja que o nosso povo vive com menos de 1 dolar. Comece voce. Dee o exemplo. Nos o seguiremos.

Ja agora, use o seu olho critico para ver quem, maioritariamentte, tem empregados cuja unica funcao ee cuidar dos caozinhos! E os paga miseravelmente! E depois vem para aqui pregar que os mocambicanos, mesmo aqueles que lograram romper as amarras da pobreza, aparentem viver na miseria, "para serem como o povo que vive na extrema pobreza"

(Paulo Granjo) disse...

Não tenho empregados. Em contrapartida, eu e a minha mulher temos a felicidade de ter, cada um, duas mãos saudáveis.

Não sou apóstolo da miséria. Sou apóstolo de não se olhar só para o próprio umbigo e, depois, ficar surpreendido por os pobres se fartarem de ser tratados como lixo.

Mas, para mim, esta conversa já não vale a pena.

(Paulo Granjo) disse...

Reformulo a frase, que não ficou muito clara:

Não sou apóstolo da miséria. Sou apóstolo de que não se olhe só para o próprio umbigo e, depois, se fique surpreendido por os pobres se fartarem de ser tratados como lixo.

Anónimo disse...

Estes europeus foram ensinados que os africanos vivem na miseria. Quando chegam aos nossos paises, coitados, ficam espantados (e indignados) por se darem conta que alguns africanos vivem como eles.

Toca entao a gritar que nao, que como existem muitos pauperimos todos nos deveriamos fazer um voto de pobreza. E eles vivem bastante bem. Mesmo nestes nossos paises onde a maioria vive na extrema pobreza.

Matsinhe disse...

Sr. Paulo Granjo não nos insulte. A sua visão do bairro de Maxaquene não difere da visão da Marta de Moçambique. Naquele bairro o senhor só vê pobreza. Se lhe encontrar por aí levar-lhe-ei a minha zona de residência e verá como vivemos, que casas temos etc.

Tire o preconceito de que todos no bairro do Maxaquene são miseráveis. Não somos. E lá no nosso quarteirão/comunidade somos solidários uns com os outros e não cultivamos a inveja e a maldicência.

Não é apóstolo da miséria mas não lhe faria mal nenhum que eu esburracasse o meu tecto para ficar similar a tantos outros no meu bairro POR SOLIDARIEDADE....!!!

É possível que um dos SUV que viu nas bombas da praça da OMM seja meu. É ali naquelas bombas que compramos a energia que ilumina as nossas casas (salvo se pensar que vivemos de Xipefo, vela ou candeeiro a petróleo).

Chega disto.

Anónimo disse...

Ó africano bem sucedido: Não leste o que o homem disse, para estares com essas bocas?
Não sabes que vives num país que vive de mão estendida?
Não sabes que 2/3 do dinheiro do estado vem directo da Europa, da parte do salário que os europeus pagam para impostos, lá na terra deles, e que tu se calhar nunca pagaste na tua?
Não sabes que quase todo o dinheiro que aqui corre vem de fora?
Dos bolsos de quem é que julgas que veio o dinheiro que pagou o teu jeep, os teus luxos e a tua arrogância?
Em vez de insultares os europeus e cuspires no teu prato de sopa, devias era rezar para o Banco Mundial não descobrir outro «bom aluno», se não ainda acabas na rua a «pedir 1000» aos turistas boeres.

Eu tenho empregados como tu tens e não tenho complexos com isso.
Sou um empresário, como tu gostarias de ser mas nunca vais ser.
Porque eu não faço negócios, faço coisas. Tenho sucesso porque sei como elas se fazem bem e ensinei e exijo aos meus trabalhadores que as façam bem. Posso exigir e eles correspondem, PORQUE LHES PAGO BEM. Quando estão a trabalhar, têem a barriga cheia, sabem que a família tem o que precisa e todos os meses lhes sobra um dinheiro para melhorarem umas coisas lá em casa deles. Vivem com os mesmos meios modestos mas DIGNOS com que os meus trabalhadores viviam em Portugal e com que eu vivi muitos anos.
Não sou pai deles nem sou um doador, sou um patrão inteligente. Se fosses tu, ias pagar-lhes uma miséria, para teres depressa dinheiro para mais um jeep ou uma casa, e depois queixavas-te que eram preguiçosos, que o moçambicano é assim.
Quando é assim é porque gente como tu, seja preta ou branca, os faz assim. Quer receber sem dar em troca, trata os outros como merda e depois ainda vem cagar postas de pescada racistas de mendigo orgulhoso.

Anónimo disse...

Sempre que vou a Maputo também fico atónito com a quantidade de carros luxuosos e mansões que aparecem por todos os sítios.Em circunstâncias normais isto seria um bom sinal que Moçambique está a crescer e a desenvolver-se, mas essa infelizmente não é a realidade, o crescimento é muito lento e as desigualdades são cada vez mais gritantes. Neste cenário, tanta ostentação gratuita incomoda e levanta questões. Por exemplo, comenta-se que muitas fortunas têm origem em negócios duvidosos e que muitos destes ricalhaços são figuras ligadas ao poder vigente.

Anónimo disse...

Isto cheira-me a despeito dos portugueses. Só eles é que se espantam de encontrar em África pessoas vevendo dignamente. Pois vão se indignar mais ainda. Os moçambicanos apostam fortemente no progresso individual! Vá ver as vagas das escolas e universidades à noite. Todas ocupadas. Deus queira que continuemos a viver em casas melhores e usemos, também, carros cada vez melhores. Para irritação permanente destes racistas despeitados

Marta disse...

Na minha já longa experiência de dizer o que penso, aprendi a reconhecer quando é que as pessoas sentem que não tem razão e esperneiam da maneira menos elegante.
A minha mãe diz que eu sou uma revoltada, os meus irmãos chamam-me ignorante, o meu marido diz-me que sou teimosa e os africanos chamam-me recista.