18 julho 2014

Trombetas malthusianas no país

No jornal "O País", versão digital: "As projecções do Instituto Nacional de Estatística apontam que até 2050 a população moçambicana poderá chegar aos 49 milhões de habitantes, o dobro da população actual, estimada em 25 milhões." Segundo o jornal, isso pesará na "produção de alimentos e provisão de serviços públicos básicos, sobretudo a Educação e Saúde." AquiSemelhante informação deu origem, aqui e acolá, ao som das clássicas trombetas malthusianas. Ora, o ângulo de incidência e análise pode ser mudado com a seguinte formulação: não é a superpopulação que gera a pobreza, mas esta que gera aquela. O problema não está na escassez de alimentos para alimentar muita gente, mas no tipo de relações sociais e de distribuição de renda que gera superpopulação e, por consequência, escassez de alimentos.

4 comentários:

Salvador Langa disse...

Sem dúvida que é um problema, mas também não há dúvida de que nem todos querem pensar em mudar o coração da vida que temos. É a conjuntura regional e internacional favorável à mudança? Penso que não. Mas vale sempre a pena pensar de forma diferente.

Unknown disse...

Prof.
Isso é resultado da indefinição da politica de população em relação à necessidade de aumentar (a que ritmo?), reduzir (a que ritmo?) ou estabilizar a população. Quem lê a nossa política de população, que já é antiquada e merece revisão, vê claramente a inexistência de qualquer estratégia ou visão governamental sobre o assunto.

nachingweya disse...

Se não venderem o país, Moçambique têm 800 000 quilômetros quadrados de superfície. Desde há 39 anos só um, apenas um presidente sonhou em fundar uma cidade do nada, Samora. A cidade, Unango. Os sucessores só se limitam a pretender requalificar o Chamanculo, o b. Central e pouco mais. Daí que lhes assustem 50 milhões de compatriotas. Vêem neles concorrência e não os 100 milhões de braços que pedra a pedra se vão libertando dos seus tiranos.
Cabemos todos e bem. Precisamos de saber planificar apenas. E partilhar.
Olhemos para o Japão. Entre as orelhas os japoneses têm o mesmo órgão que os moçambicanos: uma massa acinzentada!

Manuel Lobo disse...

Acho que o problema não deve ser visto de maneira do tudo ou nada. Do sim ou não ou do certo ou errado. Quanto à relação de causalidade entre o crescimento demografico e pobreza não sei se esta estabelecida, mas creio que esta não é conclusiva. Creio haver aqui uma relação de reciprocidade em que as duas se reforçam constantemente. Eu pessoalmente acho que é importante que o pais defina o que quer em termos de população e como vamos crescer. A actual política não é clara sobre isso. O rapido crescimento da população só vai continuar a manter a espiral da pobreza e o ciclo vicioso da mesma. Assim é importante que haja clareza no que se pretende. Para controlar o ritmo de crescimento da populacao é preciso investir na redução da mortalidade infantil (melhorar a nutrição de mulheres e crianças em particular). Sem isso vai ser dificil reduzir a fertilidade das mulheres. Aliás a fertilidade das mulheres cria problemas a esta e aos seus filhos e reduz a sua capacidade (tempo) de participacao na (escola) força produtiva o que certamente lhe vai dar mais tempo para trabalhar para a si e sua familia. Por outro lado é importante promover a educacao e em particular a educacao pós-primária sobretudo das mulheres. Tudo isto aliado a um programa de investimento no planeamento familiar com uma forte campanha informativa, vai permitir controlar o crescimento populacional. "As familias pequenas, vivem melhor
Manuel