Décimo primeiro número da série. Permaneço no ponto sexto do sumário proposto aqui: 6. Cinco padrões de construção identitária. Passo ao primeiro padrão de construção identitária: página confessional. A hipótese é a de que esta é a página mais comum no Facebook, a mais popular, a mais praticada. Através dela, as pessoas dizem claramente que existem, que têm uma personalidade, uma voz, mais raramente uma foto real (o anonimato é frequente), uma maneira de pensar, um determinado corpo, um conjunto de gostos de vários tipos. Viagens, fotos, feitos, receitas culinárias, ditos, chistes, anedotas, extractos de vida, confissões, citações, símbolos de riso ou de crítica: há todo um mundo variado de acções e de reacções. As pessoas saiem do círculo físico dos laços familares e grupo de amigos para entrar no círculo sem fim dos amigos digitais. Mas não só: o Facebook permite quer o reencontro de velhas amigas e de velhos amigos, quer a passagem dos amigos digitais aos amigos físicos, quer, ainda, a reaproximação de parentes distantes. A página confessional provavelmente serve para combater a solidão e o isolamento em particular nas pessoas acima dos 60 anos, dando um sentido permanente à vida. E, no geral, parece fornecer a sensação, quase gustativa, de popularidade instantânea. O Facebook é, afinal, o ópio do povo.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
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