A cidade de Maputo tem cada vez mais condomínios, cada vez mais enclaves fortificados. Seja a partir da Embaixada da China na Avenida Julius Nyerere, descendo até ao Mercado do Peixe e percorrendo a Marginal, o Bairro do Triunfo, quase até ao restaurante Costa do Sol, seja nas barreiras desde a Presidência da República até próximo do Clube Naval - engolindo a zona verde -, apercebemo-nos de quanto o rosto da cidade mudou, de quanto ela se povoou de condomínios, de enclaves fortificados. Já não é mais uma questão de construir uma moradia de luxo, mas de a ter num enclave protegido. E, também, já não é apenas uma mera questão da divisão espacial centro-periferia. Não se trata de criar barreiras pela distância, mas por sistemas de segurança especiais. Os enclaves fortificados são, a esse respeito, um exemplo cada vez mais generalizado, com os muros altos, cercas electrificadas, portões especiais de acesso, segurança electrónica, interfonia, guarda privada, etc. Os grupos sociais estão ao mesmo tempo mais próximos e mais distantes.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
1 comentário:
A vergonha tende a esconder-se. Os ladrões também .
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