Com grande dificuldade, a correr (continuo ocupado, perdoem-me), escrevo este segundo número da série.
Há três possibilidades de analisar o fenómeno.
1. Pela crença popular, no sentido de que determinadas cláusulas rituais não foram cumpridas, razão por que espíritos indignados ou feridos provocam desmaios nas raparigas.
2. Pela crença psicológica, no sentido de que um determinado fenómeno ou um conjunto de fenómenos sociais geraram uma psicose colectiva, uma reacção psicosomática, uma histeria de massa traduzida em desmaios.
3. Pela crença médica, no sentido de que um determinado distúrbio orgânico, da psique ou do organismo, causa os desmaios.
Nao consigo por agora pôr melhor ordem no que fica escrito. Enquanto isso, permitam-me sugerir a leitura de documentos relacionados com fenómenos de histeria colectiva na Libéria em 2006, na Inglaterra também nesse ano e no México em 2007.
(continua)
Adenda às 15:36: julgo saber que existe uma situação de pânico na escola e fora dela. A mãe de um aluno da escola procurou-me há momentos para saber como devia proceder. Jornalistas estão a contactar-me. Nada de pânico. E uma sugestão: coloquem psicólogos e antropólogos na equipa encarregada de conhecer e analisar as causas do fenómeno.
12 comentários:
Pois é, nada de pânico. É preciso que evacuar mais psocólogos lá, no terreno, para dar assistência moral às vítimas e não só.
É uma notícia que me preocupa desde que a RM noticiou no passado domingo. Infelizmente, ainda não consegui ouvir as declarações do goveno na pessoa do Ministro da Saúde Dr. Ivo Garrido.
Zicomo
Na minha opinião, cada um tem o direito de praticar o curandeirismo ou depender dele, querendo. Mas aceitemos que esse mesmo curandeirismo é tipo religião e o nosso Estado é laico.
Por outro lado, acredito que o curandeirismo cria problemas de preguica. Só para vermos, os curandeiros, já sabem as causas, não duvidam nem precisam de investigar. Na minha opinião, curandeirismo devia afastar-se das instituicões públicas.
Pois e..."Vovo Disse"
O pior e que os psicologos e antropologos tambem comecaram institivamente a dormir DE LUZES ACESAS!...
O problema e cultural. Esta na genese do nosso EU africano.
Magister Dixit
Antes do psicologo e do curandeiro, há que observar as causas fisicas. Será que as moças não andam anemicas, nao tinham fome na altura dos desmaios, não andaram muito tempo ao sol, nao estavam com sede, saiam da aula de Educacao fisica? Há que ver tudo isto antes de ver fenomenos "ocultos".
MF
MF,
1. todas as 20 alunas são anémicas?
2. So na Quisse Mavota é que ha alunas anémicas?
3. Será possivel que as 20 familias tenham mandado os seus filhos sem os alimentar?
As suas teses são bastante frageis.
Ilustres,
somos africanos e não é atoa que anualmente realiza-se o Gwazamuthine. Recordo-me que anualmente morriam pessoas na epoca do Gwazamuthine.
Leonilde
Se a gente continuar a envocar os antepassados como os reais causadores destes desmaios nãonão chegaremos a lugar nenhum. É melhor esperar que comissão investigadora dê a conhecer o seu reatório a respeito do mesmo.
P.S. Seria bom se esses espiritos em vez de causarem terror e pânico nos ajudassem a sair da pobreza, nos mostrando onde se encontram escondidos os tesouros perdidos nos séculos passados.
Estimada Senhora Leonilde,
Se leu bem, o que escrevi foram apenas hipoteses que podem ser estudadas, antes de se avançarem conclusões, como alguns já o fizeram neste blog e noutros sitios.
Se tem outras acho bem que as coloque. Agora dizer/se que é coisa de "ser africanos" essa cola ainda menos. Eu sou africano e muitos e muitas outras são africanas e não andam para ai a desmaiar à toa.
Acho que se podem colocar outras hipoteses que sejam passiveis de ser estudadas.
Cumprimentos,
MF
De facto... Como pode o espírito do meu pai ou da minha mãe me prejudicar, se eles sempre em vida me quiseram bem?????
Porque temos que pensar que os espíritos dos nossos antepassados nos querem mal? Se esse nos querem assim, que será os outros que não são nossos?
Um abraço!
MF
Tidas essas interpretacoes medicas, tradicionais e psicologas, e tempo para esperarmos pelo relatorio conjunto da comissao afecta para o estudo do caso. Nao e normal, porque so nessa escola, e serio mesmo! Maos a obra meus irmaos intelectuais.
companheiros,
eu sou africano, moçambicano, natural de tete! mas não ando nessa de "nós, os africanos" e deve ser por isso que não ando a desmaiar. nem as minhas filhas desmaiam.
e aposto, se eu visse lá perto desse quisse mavota, despachava para lá o meu par de filhas a ver se iriam desmaiar. qual espírito, qual quê! estudem e deixem-se de sobrenaturalismos gratuitos!
pedro vítor
Acho que se deve destacar uma equipa multidisciplinar (sociologos, psicologos, antropologos, historiadores e um membro da AMETRAMO) ao inves de procurarmos causas rapidas para explicar um acontecimento (causas a la mutola).
Obrigado
Rildo Rafael
Sobre QUISSE MAVOTA e outras ocasiões similares,tenho lido e ouvido o "argumento" mágico e universal: NÓS SOMOS AFRICANOS! Se o termo "africanos" for um acrónimo que deriva de:
A de atrasado
F de fanático
R de retrógrado
I de imbecil
C de corrupto
A de atrevido
N de néscio
O de otário
S de supersticioso,
então recuso-me a ser esse africano.
Domingos Tuto
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