Prossegue o seminário do CODESRIA no CEA, com a participação de mestrandos e doutorandos de Angola, Cabo-Verde, Guiné-Bissau e Moçambique, com o título "Atelier sub-regional de Metodologia em Ciências Sociais em África - Sessão especial para os Países Africanos Lusófonos, 2010 - Pesquisa de terreno e teorias do inquérito qualitativo". O término é dia 20. Os pesquisadores enquadradores são Salvador Forquilha (Moçambique), Clara Saraiva (Portugal), Luca Bussotti (Itália) e eu (Moçambique). Como observadora está Alyxandra Nunes, coordenadora do Centro de Estudos Afro-Orientais do Brasil (Salvador/Bahia), primeira foto do topo. Fotos assinalando alguns momentos da segunda sessão de trabalho ontem realizada.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
4 comentários:
'E impressao minha, ou o seminario esta ganhar ritmo ?
Se sim 'e muito bom, pois um dos nossos grandes problemas tem sido exactamente o facto de os politicos e a sociedade em geral estar apenas a considerar indicadores quantitativos. e ai pra nao mencionar que os mesmo indicadores quantitativos servem para deturpar a realidade.
Por exemplo o PIB que 'e quantitativo,
Desculpem a interferencia e ate a ignorancia, mas por exemplo, quando falamos de pobreza e rendimento de US$ 1 / dia tambem 'e quantitativo,
e ai aquestao que se coloca 'e na india ou na china, US$ 1 / dia da pra um nivel superior de vida do que o mesmo US$ 1/ dia na Africa por exemplo. uma vez que este indicador US$ 1/dia 'e apenas um indicador quantitativo usado pelas instituicoes mundiais para determinar o nivel de pobreza, mas nao determina a qualidade de vida obtida com o mesmo US$ 1/dia em areas e espacos diferentes do globo em funcao as especificidades de cada regiao em causa.
Ate pelos servicos adicionais gratuitos e a estrutura da propria economia em questao.
Por exemplo na questao da educacao, fala-se de X escolas, Y alunos e Z professores, mas nunca se fala de que as criancas nao tem carteiras, as escolas nao tem energia e os professores nao tem formacao e salario, o que interfere directamente na qualidade do ensino e consequente produtividade do professor e aluno, originando dai situacoes imprevisiveis pra todos.
Entao sera que este semenario preve tambem a forma de substituir as pesquisas quantitativas por qualitativas ou introduzi-las em paralelo com as quantitativas, de modo que os que tomam decisoes criticas ao nivel de centros de poder africanos passem a considerar tambem os indicadores qualitativos ao invez de padroes pre-estabelecidos e apenas quantitativos, muitas vezes impostos por modelos nao apropriados para realidades africanas ?
A pergunda surge pelo facto de existir uma distancia entre o objecto de estudo ,e a sua utilidade pratica, considerando as expecificidades do contexto academico e politico africano.
Desculpem a questao e ate ignarancia minha talvez, se calhar estou a tentar navegar em aguas profundas e ondas gigantes , com um bote sem remos.
Não Abdul Karim creio que os investigadores sociais devem ter em mente estas questões legítimas, o que é também um facto no caso de Moçambique é as decisões ou são políticas ou económicas, nunca as prioridades são definida por meras razões sociais!
Por exemplo não é pertinete uma estrada asfaltada para Manjacaze porque não há viabilidade económica mas lá vive milhares de Moçambicanos que precisão de ligarem-se ao País inteiro. portanto as pesquisas devem ser mais críticas ainda.
Chacate,
As questoes economicas tambem estao com uma margem de erro enorme por os indicadores serem apenas quantitativos, e desajustados a realidade africana,
E se as ciencias sociais nao puderem determinar a importancia do social na economia, entao certamente nao estaremos a falar de economia, estaremos provavelmente a falar de financas so, sem a componente social.
Concordo que as ciencias sociais devem ser mais criticas, mas a questao que coloco 'e a validade das criticas no contexto academico e politico africano.
Sera que os politicos africanos ligam a estas criticas dos academicos do social ?
Sera que todo o trabalho feito por academicos sociais africanos 'e aproveitado pelos fazedores de politicas africanas a fim de beneficiarem o social africano, incluindo a economia de Africa ?
E se nao 'e aproveitado, entao que formas devem ser adotadas pelos academicos africanos para que possam fazer valer as suas investigacoes, conclusoes e criticas num ambiente hostil politico para o aproveitamento racional do seu proprio trabalho ?
Na minha modesta opiniao a Africa deve criar e buscar modelos de desenvolvimento adequados 'a sua realidade, e os politicos devem dar espaco para que os academicos proponham e apliquem solucoes de problemas para os quais trabalharam.
E, enquanto a Africa nao der espaco 'a inovacao , criatividade, conhecimento, entao nao podera resolver os seus problemas, porque mina 'a partida todos os recursos possiveis de desenvolver solucoes para si propria.
Visto.
Zicomo
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