27 outubro 2007

Dos empreendedores de Macuácua aos xiconhocas de Rebelo

"Não basta que seja pura e justa a nossa causa. É preciso que a pureza e justiça existam dentro de nós" (Jorge Rebelo)
A vida tem a alma de Janus. Vamos a ver como:
O Comité Central do partido Frelimo discutiu o papel dos empreendedores (um termo que parece ganhar crescente força, bem mais elegante do que empresários e bem mais leve do que capitalistas) no país. Os empreendedores têm de ser mais empreendedores, devem aprender a gerar riqueza, a lutar contra a pobreza, os empreendedores moçambicanos devem ser respeitados, as pessoas têm de aprender que a riqueza se gera com honestidade, não se pense que não se deve ser rico, quem fica ric0 com honestidade deve ser respeitado, as pessoas têm de saber que ter riqueza nada tem a ver com processos mágicos. Claro, nem todos os Moçambicanos podem ser ricos - esta uma tentativa de resumo de uma intervenção de Edson Macuácua, porta-voz da Frelimo, sempre bem-falante (Rádio Moçambique no noticiário das 12.30 horas de ontem, TVM e País online).
Enquanto isso, fazendo fé no jornalista José Belmiro, o membro sénior da Frelimo, Jorge Rebelo, antigo homem forte da Informação e Propaganda da era samoriana, fala em muitos xiconhocas no partido, nos muitos que apenas militam no partido para terem vida fácil, na corrupção generalizada, no enriquecimento sem fim, no medo de confrontar os corruptos.

8 comentários:

Anónimo disse...

Eu creio que estes nosso senhores deviam entender que o porblema nao esta no facto de serem ricos ou pobres. A questao centra-se no facto de como as pessoas enriquecem.

O facto de as pessoas associarem a riqueza de muitos senhores a corrupcao eh porque na maioria dos casos ela tem varios denominadores comuns: 1. Estar associado ao partido no poder; 2. O produto da riqueza ser quase que invisivel.

Claro, o Sr. Macuacua como eu sabe perfeitamente que nenhum dos seus colegas empreendedores produz algo de palpavel. O Sr. Macuacua sabe que a maior parte da riqueza baseia-se em jogo de influencias, por isso eki a maioria esta envolvida na area de prestacao de servicos.

Apontem o empreendedor que possui uma fabrica ou um empreendimento agricola com impacto no pais? Sera dos empreendedors com base em facilidades adquiridas pelo estatuto politico, como base em cadeias de influencias que de uma forma anticompetitiva, para nao dizer ilicita, atribuem-se entre si contratos chorudos, com base na atribuicao de contratos e recepcao de comissoes astronomicas de que o Sr. Macuacua esteja falando.

PP

Carlos Serra disse...

Creio que o problema central, agora, consiste em saber por que razão surge, neste momento, este dicurso sobre o "empreendedorismo". Tem alguma ideia, PP?

Anónimo disse...

Eh muito dificl ser exacto, mas suspeito possa ter a ver com a proximidade das eleicoes e a incapacidade de a Frelimo combater a corrupcao neste pais. Dai a necessidade de se admitir que afinal a riqueza que nos todos somos dados a observar e cuja proveniencia ninguem consegue perceber nao eh produto da corrupcao. Portanto, temos que minimizar a dimensao da corrupcao. Depois temos tambem a voz incomoda de Jorge Rebelo, que certamente nao deve te deixado sossegado muita gente.

Ha um outro elemento novo que acho interessante, e trata-se do facto de a frelimo vir ca fora com uma serie de recomendacoes ao Governo. Essas recomendacoes aparecem como que de outras pessoas muito distantes ao Governo, mas que querem o bem. Ou por outra, a frelimo ja percebeu a descrenca nesse Governo e dai que procura diferenciar as accoes do Governo e as boas ideias da frelimo.

Este discurso de empreendedorismo esta na mesma linha.Se a Frelimo estivesse ciente de que o enriquecimento de muita gente fosse claro nao vinha ca com esses discursos. Olhamos par aum Bill Gates, e toda gente tem ideia clara de como ele enriqueceu. Olhamos para alguns Grupos emergentes em Mocambique, ninguem sabe como de dia para noite tiveram tanto dinheiro.

Mas como disse no principio, eh muito dificil perceber o que mexeu com esta gente para vir justificar. Por que nao creio que o problema do verdadeiro empreendedor mocambicano seja as disconfiancas sobre a sua riqueza. Sao as mas politicas governamentais que nao estimulam a inovacao e o crescimento do empresariado nacional.

PP

Carlos Serra disse...

Há pontos vitais no que escreveu e sobre os quais pensarei, como como outros, creio, farão. Vamos aguardar o desenrolar dos fenómenos.

Anónimo disse...

Creio que sim!! talvez um jornalista pergunte ao Macuacua a motivacao do seu pronunciamento.

PP

Anónimo disse...

Não é a primeira vez que, na FRELIMO, se levanta a questão da estigmatização da riqueza, principalmente quando os ricos são moçambicanos negros.

Vastos sectores acreditam que nas acusações de corrupção há racismo. E inveja. Racismo porque essas acusações não se levantam quando os ricos não são negros. Dá a sensação de que há elites que se incomodam com a emergência de uma elite negra. Os que defendem esta posição apoiam-se no facto de todas as figuras percebidas publicamente como corruptas (certa imprensa jogando papel de relevo para isso) serem negras. No entanto os ricos de Moçambique são multirraciais.

Inveja porque muitos dos negros não aprenderam a ver um amigo, um vizinho ou um amigo de infancia a prosperar. Essa prosperidade funciona muitas vezes como uma acusação muda para a nossa própria mediocridade. Como então justificar perante a esposa, a namorada, os filhos, a riqueza de um compadre. Questão difícil! A solução é acusar o compadre, mesmo sem a mínima prova, de ladrão, de corrupto. Esta acusação parece mandar o recado de que, se eu sou pobre, todos os que estão à minha volta deveriam ser pobres. De preferência mais miseráveis e mediócres que eu.

Quando a não se saber a origem das riquezas. Talvés dizer que os ricos de todo o mundo não costumam dar as fórmulas das suas riquezas. Mesmo Bill Gates.

Obed L. Khan

Anónimo disse...

Falou bem Obed. So ki em Mocambique a formula eh sobejamente conhecida. Por isso apeasr de inumeros investimentos, o pais continua pobre mas ha senhores a enriquecerem a torta e a direita.

Thanks

Anónimo disse...

O ilustre Rebelo mostra ser coerente e não "quadrado". Diz o que pensa e isso é apreciável.
Pena que a grande maioria dos Frelimistas reclame nos corredores. Há que ser frontal para melhorar as coisas. Um jovem disse"isto não é um País, é um sítio". Deve ter os seus motivos para afirmá-lo. Quem não os tem?
Ainda bem que nem todos vendem a alma ao Diabo.