Quando entrais numa sala de aulas, encontrais o Professor.
Que imagem fazeis do professor? É simples: tendes para vós que estais perante um deus profano, perante o sagrado com forma corpórea, perante alguém que tudo sabe, alguém que para vós representa o topo do conhecimento, alguém cuja única dúvida é não a ter.
Esse professor, que tudo sabe para vós, está ainda rodeado dos símbolos do prestígio cognitivo: os títulos (por exemplo, Professor Doutor), os desfiles nas nossas famosas “procissões doutorais”, as “orações de sapiência”, o seu ar grave que não trai emoções, a sua voz pausada, cheia de vírgulas e dos habituais pigarreios.
Mas fixai: ele sabe tanto quanto vós quando se dirige ao social, quando o interroga. A única vantagem que ele tem sobre vocês é que já não tem mais respostas para as dúvidas que o angustiam. Pura e simplesmente decidiu que as dúvidas são vossas.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
4 comentários:
O professor quer dizer que eu sei tanto como o senhor?
Sónia Dedge
Oh...Oh…Sónia, Sónia!!! Oiça, sim, mas com uma modesta nuance: eu sei que nada sei, você apenas não sabe que sabe.
Confesso não saber como responder.
Sónia
Já respondeu: ao colocar a resposta tal como a colocou, ofereceu a si própria a chave da caminhada e da modéstia no conhecimento.
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