Em que consiste a fagocitose social? Consiste em negar o Outro como sujeito reflexivo, quer hipostasiando-o em nós( na nossa cultura, nos nossos valores, na nossa identidade), quer, nas formas mais violentas, pura e simplesmente destruindo-o pela agressão ou pela guerra (a purificação étnica levada a cabo na ex-Jugoslávia e nos Grandes Lagos são disso um exemplo).
Em que consiste o etnocentrismo? Irmão gémeo da fagocitose ou, mesmo, um seu símile, o etnocentrismo consiste na transformação dos valores da nossa sociedade em valores universais.
A fagocitose social e o etnocentrismo pertencem ao tempo, como se diz de há uns anos a esta parte, da globalização e da modernidade( ou, querem outros, da pós-modernidade) neo-liberal, prenhe de problemas de adaptação, de inquietações, de desemprego, de exclusão social, de conflitos e, em África, de uma crescente criminalização e mobutização do Estado.
Este é, na verdade, o tempo no qual se põe, com cada vez mais urgência, o problema do multiculturalismo, da identidade e da alteridade.
Um tempo no qual existem, enfim, cada vez mais apelos à produção de um novo contrato social.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
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