11 maio 2006

Angústia

Olho para estes livros. Fixo especialmente os de sociologia. Mas mais especialmente ainda, os da sociologia matematizada. Títulos assim: “Uma formalização da norma social de objectividade do conhecimento”. Variáveis. Cruzamento das variáveis. Efeito de conjunção das distribuições marginais. Correlação. Análise multivariada. Etc.
Uma bateria de coisas. Uma floresta de números. Tudo isto parece uma linguagem esotérica, apenas acessível aos sacerdotes de um certo tipo. Aos sacerdotes da sociologia sem seres humanos.
Como nada invejo os sociólogos multivariados, os sociólogos das distribuições marginais!
Sabemos hoje mais do comportamento social? Ou apenas sabemos que eles, os humanos, são, afinal, ontem como hoje, marginais?

2 comentários:

Anónimo disse...

Nao desamine por favor.
Jonas

Anónimo disse...

A angustia tem duas faces, ela pode ser o mesmo tempo um desgosto da vida ou uma fonte de criaçao.

Embora, nos nossos dias a musicalidade do teclado de nossos computadores se substitu-a ao sussurar da tinta sobre o papel. Isto, nao impede que a angustia se instale ainda que por breves instantes.

Assim,ao longo dos séculos a angustia foi considerada como um estado de alma, uma doença um pecado, ou ansiedade. Angustia, melancolia, duvida, acompharam sempre os “criadores”. De Homero a Montainge. Da renascença ao romantismo, angustia, melancolia, duvida é o simbolo que caracterisa o “criador”, eterno exilado que se apoia em sonhos de solidao, de magoas sem causa. Baudelaire colocara a melancolia no lugar de um mal ontologico.
Ao longo dos tempos o discurso sobre a melancolia passa de teologico e filosofico a medical. Ainda assim certos psicanalisticas descobrem o bem desta “doença”.

Questao: estara o professor angustiado? Nao creio, é apenas um momento de cogitaçao proprio de todo o “criador”, qual “oficina imaginaria”, espelho de duvidas de todos nòs, procurando a normalidade na anormalidade da vida...
Iolanda