14 julho 2007

Dama do Bling e Tati Quebra Barraco: a modernidade que nos "remexe" (4) (fim)

A Yla coloca de forma exemplar o fenómeno da música favelada que deita abaixo as muralhas das cidades herdeiras da música bem comportada. Como tantos outras e outros, Tati é o expoente de uma espécie de casamento entre o popular e o global, entre a "voz do povo" desfavorecido e o fácil consumista urbano marcado pela música americana dos subúrbios exportada para todo o mundo pelo vídeo, pela internet, pela televisão e pelo cinema.
Em Moçambique não fizemos ainda a sociologia das nossas músicas, das origens sociais dos nossos cantores. No quadro de uma tipologia fruste, penso na música rural, na música suburbana e na música dos centros urbanos penetrada pela música global americana, com visibilidade acrescida em Maputo. Fenómenos urbanos moçambicanos como Mc Roger, Dama do Bling e Lizha James, em todo o seu brilho de clown, gestão corporal e vestuária, mentalidade pimba e resposta ao consumismo popular, são herdeiros de um movimento cultural que tem, creio, a sua origem no início dos anos 90, com a consolidação das novelas brasileiras, a proliferação do vídeo e o contacto íntimo e mimético com a música americana. Por outro lado, o casamento da marrabenta com o rap e com o funk mostra bem uma mestiçagem infelizmente ainda não estudada.
Tal como a Yla, convido os leitores para um debate.

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