
Perante tantos problemas que fazem as manchetes dos jornais, devíamos reflectir sobre aqueles temas modestos, sem glória, mas persistentes, que fazem o nosso dia-a-dia.
Por exemplo, sobre o fecalismo a céu aberto.
Alarguemos a amplitude do problema: por que razão ou por que razões urinamos e defecamos a céu aberto nas áreas urbanas e peri-urbanas? É, provavelmente, uma pergunta muito vasta. Mas fica feita.
Deixem-me avançar cinco hipóteses simples, provocadoras:
(1) Porque as pessoas não têm hábitos de higiene
(2) Porque não existem sanitários disponíveis
(3) Porque as pessoas possuem ainda hábitos rurais
(4) Porque não existe o sentido do pudor
(5) Porque se considera que o mar e os rios são sanitários naturais e ideais
E, já agora, entremos no campo normativo, no campo das medidas a tomar. Três hipóteses:
(1) Educação generalizada a todos os níveis, especialmente nas escolas
(2) Punições graduadas consoante a severidade das faltas
(3) Ambas as coisas
Deixo ficar aqui o desafio a ver se surge o debate.
19 comentários:
Xi xamulai voce nem da tempo a gente para poder ler a vontade. Sempre a colocar coisa sobre coisa. A resposta nada custa: pessoas que urinam e fazem coco em qualquer lado nao tem sentido de respeito, perderam todos os valores morais.Filhas fazem prostituicao, filhos assaltam pessoas e carros, todos urinam e fazem coco em qualquer lado. Nao custa nada responder a pergunta.
Eu quis dizer xamuali,peco desculpa.
A senhora não acha o seu pensamento muito redutor? A senhora acha mesmo que as pessoas não têm pudor e moral? E perderam os valores morais como? Quais valores morais?
Para mim, Cada uma das cinco hipóteses está incompleta.
Talvés tentarmos conjugar todas elas de acordo com cada situação, lugar, região, etc.
Voltarei para formular as minhas a partir das suas, Prof.
Xamulai, voce...Quando escrevi nao tinha as medidas, agora voce colocou medidas. Precisa parar. Redutor? Voce disse redutor? Va ali nas barracas do museu ver aqueles chefes dos pageros urinar de qualquer maneira quando chega sexta feira, parecem torneiras de cerveja sem moral. Se tivesse de haver reducao era nos orgaos sexuais dos homens para terem moral e urinar nas casas de banho. O senhor precisa entrar na realidade. Pessoas perderam a moral com toda esta confusao de falta de ordem, qualquer pessoa faz aquilo que quer.
Casas de banho? Mas e o pagamento? E depois ensinar as pessoas a usar a retrete e a sanita. Novos problemas.
(curioso)
Pelo que vejo, o debate começou. Vamos então aguardar a sua hipótese, Egídio. Você, Esfinge, parece uma Hitler de saias.
Voce xamuali e muito teimoso. Homem sem ordem e como macaco no mato: estraga tudo. Voce deve ir cheirar ali junto do Grande hotel na Beira. Ja foi? Ou ir ver ali na costa do sol de manha cedo. Os municipios devem aplicar multas duras a todos os porcalhoes que estragam o nosso nariz.
é simpatica a maneira como aborda a sociologia das “pequenas coisas” no nosso quotidiano. Gostaria de “deitar mais uma acha para a fogueira”. Sera que existe uma correlaçao entre o afluxo de estrangeiros ao país (habitando em condiçoes deploraveis) e o fecalismo. Sera o fecalismo é induzido por habitos externos?
Analisando as cinco hipóteses,me pareceu faltar uma hipótese nr:
(6) Nenhuma das respostas
Assim sendo não tenho o devido comentário.
Quanto ao campo das medidas à serem tomadas:
(1)X
Esta minha afirmativa na primeira questão de nada tem haver com o que eu responderia nas hipóteses simples se houvesse a questão (6).
Minha opção na afirmativa (1) das medidas...é por sempre acreditar no imenso poder da educação, e por
desprezar todo e qualquer tipo de punição.
Não creio que o fecalismo tenha o que quer que seja a ver com os estrangeiros. Por outro lado, não podemos desprezar outro tipo de hipóteses.Finalmente, importa dizer que uma hipótese não é uma resposta a um problema, mas uma pré-resposta que a pesquisa homologa ou invalida.
Muitos brancos teem a mania que nos pretos somos porcos. Pois eu sou preta e nao sou porca. E depois nos pretos temos a mania que como e nossa cultura e melhor deixar andar. Ha brancos limpos e brancos sujos, ha pretos limpos e pretos sujos. Por isso nao vale a pena estar com pena. Precisamos punir os porcos quando nao querem ouvir a voz da razao e da limpeza.Qualquer dia as nossas cidades sao retretes e so isso.
O mais interessante dos discursos pretensamente 'solucionarios' e perceber os preconceitos que se percebe nas mentalidades...
Se os dirigentes e administradores desta grandiosa nacao sucumbirem aos mesmos preconceitos, as solucoes vao deixar tudo a desejar.
E de necessidade em necessidade vamos continuando na m...esma situacao.
Estou lendo mana strega. Entao diga la qual a sua solucao?
Bem... nao acho que haja uma solucao magica. Acho que existem varias possibilidades, da qual a educacao e uma delas. Mas educacao nao so no sentido de como mantera higiene e salubridade ou conscientizacao dos problemas de saude publica advindos de defecacao ao ar livre; mas tambem no sentido de ensinar aos cidadaos em geral (de uma vez por todas) que se alguem nao faz as coisas como nos fazemos, nao partir do principio imediato que e porque e primitivo, imoral ou ignorante.
A minha hipotese:
Vivemos numa anomia social que bem merece ser compreendida.
As hipoteses lancadas pelo professor nao passam, quanto a mim, de meros sinais dessa animia, sintonamas de uma sociedade que clama pelos bens de consumo.
Em suma:
Porque, perante o poli-traumatismo social (por poli-traumatismo social quero me referir ao multiplo conjunto de carencias de bens de consumo que, juntos, conduzem a uma situacao de anomia social), actos, aparentemente tentadoras ao pudor e a postura urbana, perdem sentido, e sao normalizados, autolegitimando-se.
O urinar-e-defecar-ao-ar-livre, surge ao mesmo tempo como um grito de protesto a esse poli-traumatismo social.
ERRATA a entrada anterior:
Onde se le: animia, deve se ler ANOMIA.
Bem, mais dados foram lançados. E ainda bem. Dois dados aqui ficam: uma educação sem prejuízos (la strega) e o conceito de acto normal fora do espaço onde são oficialmente produzidas as regras de comportamento considerado normal (Egídio).
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