1. A melhor regra em valores nacionais puros consiste em fazer publicamente a apologia das especificidades locais enquanto privadamente se consomem até à exaustão as iguarias da mundialização ocidental.
2. A melhor regra em economia local consiste em criticar o neo-liberalismo do import no interior de um 4/4 enquanto se defende bucolicamente as virtudes distritais da produção.
3. A melhor regra do purismo linguístico no mercado local consiste em defender as línguas nacionais para os outros e em falar-se bem as línguas estrangeiras que se finge condenar em artigos fogosos de imprensa ou de workshop.
4. A melhor regra em saúde primordial consiste na defesa apaixonada das virtudes curativas da chamada medicina tradicional num digno workshop para, no dia seguinte, se fazer um checkup na mais cara clínica biomédica de Joanesburgo.
5. A melhor regra no exercício do patriotismo senta-abaixo consiste num discurso vigoroso com tradutor diante de centenas de membros da "população" defendendo que na promoção da riqueza absoluta todos somos chamados a participar.
6. A melhor regra em prol do conforto pessoal consiste em defender, por todos os lados, o eufemismo de que tudo está bem ou caminha bem na terra, quando os "defendidos" sabem perfeitamente que quem está bem é quem defende isso.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
7 comentários:
Inde, patrão! Estou esperando mais.
Inde, sempre outros virão.
A melhor regra na Educação em Moçambique, é defender o ensino nas primeiras classes com a língua materna do aluno como língua veicular até ao fim da terceira ou, ainda melhor, da quinta classe(como já vi acontecer num seminário, dados os resultados negativos de sistemas experimentados em África) e pôr o/a filho/a o mais cedo possível num ensino em inglês.
Corrijo:
A melhor regra na Educação em Moçambique, é defender o ensino com a língua materna do aluno como língua veicular até ao fim da terceira ou, ainda melhor, da quinta classe(como já vi acontecer num seminário, dados os resultados negativos de sistemas experimentados em África) e pôr o/a filho/a o mais cedo possível num ensino em inglês.
Haveria que pensar seriamente no que diz, Fátima.Mas os "teneurs" localistas falam mais alto, justamente aqueles que melhor inglês e portguês sabem...
E julgo estar a pensar seriamente, Professor, daí a minha preocupação. A propósito, escuso lembrar que, nas actuais condições de Moçambique, tenho publicamente defendido o ensino bilingue com a língua materna como língua veicular no pré-primário, procurando garantir-se que todas as crianças tenham o domínio mínimo da língua oficial para entrar em relativas condições de igualdade na primeira classe. A partir daí, a língua portuguesa continuaria a ser a língua veicular, entrando o inglês o mais cedo possível como língua estrangeira global. Quanto à língua local (ou materna, se possível), seria uma disciplina obrigatória, veicular de produtos e valores culturais específicos, oral até ao fim do ensino primário e com estudo aprofundado das respectivas escritas, gramáticas e literaturas a partir da primeira classe do ensino secundário.
Mas, a propósito, e talvez para outra ocasião, será que se está a pensar no efeito combinado, nos indivíduos e na sociedade, do fraco acesso ou domínio tanto das tecnologias de informação como de uma língua mais abrangente que as nossas línguas locais? É evidente que aqui o meu pressuposto é que o sistema de ensino bilingue que está a ser experimentado talvez não vá contribuir, como se tem procurado defender, para um melhor domínio nem do português nem do inglês.
Tenho acompanhado as suas posições, lembro-me de um debate em que a Fátima interviu na RM. Vá lutando, face à sua enorme e rica experiência no ensino!
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