Li tardiamente, por vezes isso acontece-me.
Agora cada cidade, com excepção de Maputo, vai ter um administrador.
Em cada cidade está um governador. O governo provincial tem vários directores e chefes sediados nas cidades. Depois há o secretário permanente, o presidente da Câmara.
E agora vão chegar os administradores.
Um Estado tentacular, cada vez mais oneroso, mais extenso, que opta pela multiplicação de gestores em lugar de melhorar a qualidade dos que já tem, justamente quando o partido que o detém e o gere afirma que a pobreza absoluta é o eixo da sua luta.
Para explicar semelhante inflação, poder-se-ão considerar duas hipóteses eventualmente exequíveis:
(1) Acomodar a ansiedade das elites, em número crescente e lutando por um lugar no "poder";
(2) Cerrar a malha administrativa das cidades, que é sempre uma malha político-administrativa, por forma a controlar melhor o movimento dos partidos políticos em geral e o seu comportamento em particular face às próximas eleições.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
3 comentários:
professor!
o mais caricato, ninguem diz se esta nova figura vem aumentar a eficiencia na gestao da administracao local, porque? como?
hoje, neste processo de descentralizacao e decentralizacao ficamos com a sensacao que o partido no poder nao esta comprometido com essa agenda. importante seria o debate sobre as financas locais,autonomia administrativa, etc. mas parece que a prioridade esta no controle das proximas eleicoes provinciais.
Dois pontinhos apenas:
1- "De acordo com Chomera, quando nomeou-se uma governadora para cidade de Maputo houve quem não compreendeu quais seriam as funções desta, face a existência do presidente do Conselho Municipal, mas depois ficaram esclarecidos. Agora a situação se repete o que vem provar que o problema não está na lei e sim nas pessoas."
Eu pessoalmente nao estou esclarecida das suas funcoes e razoes de ser. E la me estao a chamar de problematica de novo (no fundo sei que estao e achamar-me de ignorante). Mas a experiencia que tenho e que em todos os sitios em que ha um administrador de distrito e um presidente de camara, ha problemas de jurisdicao... para que negar evidencias?
Sempre que as pessoas desafiam a logica de governo, e porque estao a ser reaccionarias... Mas afinal... isto da democracia e o que? Direito e ser eleito e depois dizer e desdizer como bem lhe apetece e nao com o acordo de quem o elegeu? Ai que este caminho e longo e esta marcha nunca mais acaba... Continuamos num Estado paternalista e omnisciente.
2- "Uma questão, relevante foi levantada ao ministro e dava conta de que estas mudanças na estrutura administrativa suscitava recursos humanos, financeiros, materiais e até infra- estruturas. Quanto a isto, o ministro assegurou que os custos não serão elevados."
Esta historia dos custos so me da vontade de descer dos saltos, como dizem os brasileiros. A nossa economia deve mesmo andar muito boa, que podemos fazer estes gastos administrativos adicionais. Ja nao devemos precisar de fazer combate a pobreza nenhuma, nem investir na producao, saude e educacao. Vamos celebrar... A pobreza acabou!
Vamos a ver no que vai dar. O problema pode ser muito complicado na cidade da Beira.
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