05 janeiro 2007

Sobre os valores morais

É frequente, a todos os níveis, ouvirmos pessoas dizer que os valores morais estão em decadência.
Falamos dos valores morais como se fossem algo que sempre tivesse existido com uma determinada estrutura e que, a partir de uma certa altura, começasse a desaparecer de forma perversa e alarmante.
Porém, os valores morais mudam consoante as etapas históricas, as sociedades, os grupos sociais. Por muitos e variados factores.
Não há valores morais eternos feitos de uma única "substância". A certos valores sucedem outros.
E se, quando confrontados com esses outros valores, ficamos chocados por eles nos magoarem, por serem o contrário dos nossos valores (que consideramos sempre puros, íntegros, os únicos), apenas acontece que estamos diante de uma nova etapa histórica (ou de uma transição) que não compreendemos, que não aceitamos, que condenamos, etapa que tem outros valores, tão morais quanto os nossos.
Os valores morais são princípios e normas de conduta e integração sociais que só são "eternos" se admitirmos a sua transformação. Mas, regra geral, é difícil aceitar a transformação.

8 comentários:

Esfinge disse...

está bem, mas sentimentos como amor, ódio e desprezo também mudam?

Carlos Serra disse...

Experimente pegar no que escrevi não como uma receita e investigue. Discutirmos ao nível das ideias certas ou erradas é salutar, mas investigar, mergulhar as ideias na realidade, é melhor ainda. Abraço.

Anónimo disse...

Caro(a) Esfinge, tudo muda... pergunte o que cada um desses sentimentos de que falou significam para os seus pais ou tios, confronte com o que significam para si e seus irmaos e primos e finalize nos seus filhos e sobrinhos. Vai-se espantar com as diferencas.

Os budistas dizem e creio que muito bem, que a unica permanencia do universo e a sua impermanencia.

Carlos Serra disse...

Isso mesmo, la strega! O problema é que muitas vezes até já nos esquecemos de investigar, de sujeitar as nossas belas ideias pró e contra à rudeza da empiria. E, muitas vezes também,o mercado local aceita bem a "ciência das ideias". Por isso...permanecemos.

Anónimo disse...

Eis uma questão das ciências sociais onde se pode recorrer pacificamente às ciências naturais: "Nada se perde. Tudo se transforma".

Carlos Serra disse...

Pois, João!

Wetela disse...

Esfinge, esses sentimentos mudam sempre, a sociedade nao é estática,constantemente ocorrem mudanças dentro dela a nível da sua estrutura social, seus valores,normas e isto é ou devia ser visto como algo perfeitamente normal e não no sentido pejorativo.É muito errado negar essas mudanças...seria o mesmo que não aceitar as mudanças de anos onde desejamos que cada ano seja melhor que o outro ou diferente do outro...Errado ainda quando se tentam estabelecer comparações nisso. Tao simples,no tempo em que eu tinha os meus 7 8 anos, eu fazia os meus brinquedos com arame e latas de leite. Hoje eu não tenho capacidade de dizer ao meu filho para fazer o mesmo que eu fiz se na esquina ao lado existe uma loja cheia de brinquedos coliridos...Algo mudou e não foi da minha vontade e muito menos do meu filho.

Carlos Serra disse...

Isso mesmo, Wetela.