20 maio 2009

Discurso e poder

Consumimos discursos todos os dias e possivelmente pouco pensamos neles. Aceitamo-los como algo natural. Não existe ainda em Moçambique um tradição científica de análise de conteúdo dos discursos do poder. Precisamos criá-la, já alguns passos foram dados nesse sentido. Eis o resumo de um livro importante para esse trabalho: "O discurso controla mentes e mentes controlam ação. Isso significa que, para aqueles que estão no poder, é crucial controlar, em primeiro lugar, o discurso. Mas de que modo uma entonação específica, um pronome, uma manchete jornalística, um tópico, um item lexical, uma metáfora, uma cor ou um ângulo de câmera se relacionam a algo tão abstrato e geral como as relações de poder na sociedade? Este livro analisa as formas de abuso de poder – manipulação, doutrinação e desinformação – que resultam em desigualdade e injustiça sociais. Utilizando como instrumento a Análise de Discurso Crítica, Teun van Dijk desenvolve ferramentas de análise e as aplica em exemplos concretos como notícias jornalísticas, livros didáticos e discursos políticos. Obra importante para sociólogos, antropólogos, cientistas políticos, críticos culturais, jornalistas, lingüistas e analistas do discurso." Confira aqui e, para o sumário do livro, aqui.

4 comentários:

Viriato Dias disse...

Pelo menos não houve registo de incidentes como tem sido hábito, já é um passo dado. São dois passos atrás dados quando ainda se verificam casos de detenções contra advogados, activistas ou pessoas singulares, que procuram através da pena reivindicar direitos consagrados na constituição zimbabueana. Sei que há um tribunal UA, mas desconheço no fundo qual é o seu papel. Alguém mais actualizado em leituras de casos específicos de direito em assuntos africanos pode me ajudar a esclarecer qual é o papel deste tribunal? Era um favor que me fazia.

Um abraço

Viriato Dias disse...

Está de parabéns o autor do livro. Mas permita-me fazer um comentário. Ás vezes passo por uma pessoa polémica nos comentários que faço. Nada disso, o que acho estranho é o facto do país estar a produzir muitos livros teóricos para uma plateia maioritariamente analfabeta, ou seja, com pouca gente dedicada à leitura. São poucos os que dão importância à leitura. É bom que se escrevam livros desde que os mesmos sejam práticos e com soluções práticas. Não basta identificar problemas. Queremos soluções. Boa parte dos livros que leio não apresentam soluções claras sobre como combater a pobreza, quase que nenhum deles foca o caso da letargia em que se encontram as nossas industrias. As fomes, as calamidades, enfim, aquilo que preocupa o nosso povo. Há grande estudos, reconheço, até porque precisava de ser cego para não reconhecer isto, mas há poucos resultados. Porquê? O currículo escolar é outro exemplo, já em sim o nosso currículo é uma coisa cómica, o estudante não conhece o país, as escolas não têm laboratórios em dia, não têm manuais práticos, a componente prática não existe, enfim, quase tudo anda sem LEME, é um barco que anda à deriva. Quem é que a nível do governo admitiu ter aprendido com os livros ou com os relatórios que são publicados?

Sensualidades disse...

No outro dia vi varios discursos de diversas pessoas a dizer mais ou menos o mesmo, usavam todos as mesmas tecnicas, todos a mesma entoacao, todos a mesma ordem de ideias. No entanto haviam alguns que chamavam mais atencaoque outros, cheguei a conclusao que e tambem preciso algum carisma, algo que nao se pode controlar

Jokas

Paula

PuLa O mUrO disse...

Belíssima dica, Carlos Serra.
Na linha da política, tem o clássico de Thompson "Escandalos Políticos", em que o autor revela uma sequencia de ações tomadas pela mídia no decorrer deum escândalo: desde a formação do escândalo,passando por seu auge até o desfecho. Temos uma edição brasileira deste. Outro muito bom é "Sobre a Televisão", do Bourdieu.

Em 2005 houve aqui no Brasil o tão falado "escandalo do mensalão", em que os políticos do PT foram acusados de pagar propina a deputados da base governista, mas de outros partidos, para aprovar leis. À época, ainda graduando, fiz um trabalho analisando o comportamento de um jornal aqui de São Paulo noticiando o assunto ( http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=374DAC002 ).
Na PUC SP (universidade católica), há um núcleo que estuda mídia e política, o NEAMP ( http://www.pucsp.br/neamp/ ).

Bom, é isso!

Obs.: estou fazendo uma postagem sobre alternativas para a crise, usando como exemplo o caso Alemão e encaminhei um e-mail para várias pessoas em vários países. Enviei e-mail pra ti pra saber como isso repercute em Moçambique, assim como saber qual o impacto da atual crise por aí e quais ações estão sendo tomadas. Enviei no carlos@zebra.uem.mz . Será muito importante para nós contarmos com seus comentários.Estou no aguardo.

Grande abraço,

Júlio Canuto.
canutojh@yahoo.com.br
pulaomuro@yahoo.com.br