11 outubro 2008

Que tal estudarmos a nossa grande burguesia?

Como é que os aristocratas e os grandes burgueses educam os seus filhos? Qual é o papel da mulher no seio dessa classe social? Como se encontram e se casam? Que desportos e que lazeres praticam? Jean-Christophe Rosé associou-se aos sociólogos Michel Pinçon e Monique Pinçon-Charlot para tentar responder a essas perguntas. Dos castelos do Oise aos salões parienses dos clubes mais chiques, os grandes burgueses dedicam-se assiduamente a dominar o seu meio geográfico e social. Protegem-se dos outros, formando por vezes guetos (tradução minha de um texto consultável aqui em francês). Se vos for possível, podereis ver um programa alusivo amanhã, no France3, às 23:10 (hora de lá). Obrigado ao Ricardo, meu correspondente em Paris, pelo envio da referência.
Observação: seria interessante ter um dia uma equipa de pesquisadores moçambicanos a fazer um trabalho similar entre nós...

6 comentários:

Anónimo disse...

.. ..concordo pleanamente com a tua ideia .... seria bastanate interessante

(Paulo Granjo) disse...

O Jason Sumich já começou, e com resultados extremamente interessantes, até pelos particularismos da construção das altas elites moçambicanas, que são simultaneamente políticas, económicas e sociais e são cada uma delas por serem, também, as outras duas...
Enquanto o livro não é editado, há dois artigos interessantíssimos, no número da Análise Social sobre Moçambique (à venda na Livraria Escolar e com download gratuito no site do ICS) e no Journal of Southern African Studies.

Claro que, como em todos os temas, quanto mais bons investigadores a investigarem, melhor.
Mas, de facto, o acesso a esse grupo (será que é classe? que é camada?) deve ser muito mais fácil para um norte-americano que estava a doutorar-se em Oxford do que para um moçambicano ou (nem pensar!) um português.

Carlos Serra disse...

Muito obrigado pela informação, Paulo. Vou já ver a coisa!

Carlos Serra disse...

Postei algo.

Sir Baba Sharubu disse...

Paulo Granjo,
I agree with you that there are two types of research: good and bad.
I thought that this classification was accepted in Mozambique.
Your comment appears to indicate that, that is not always the case.
Why couldn't a good researcher, from Brazil, India, Mozambique, Portugal, etc, undertake a good research project in Mozambique ?
In your opinion, what could be done to minimize such handicapping situations ?
Mozambique needs more good research, not less !

(Paulo Granjo) disse...

Caro Sir Baba:

A sua vidente facilidade de comentar o que foi escrito em português evita-me a necessidade do esforço de tradução.
Creio, no entanto, que lhe escapou um pormenor: uma frase concordava com a vantagem de que mais bons investigadores estudassem o tema, enquanto outra, independente dessa, dizia que é muito diferente a dificuldade de "entrar" nesse terreno muito fechado.
Independentemente das enormes capacidades do meu amigo Jason (cruciais, neste aspecto), a própria leitura do artigo lhe permitirá compreender por que razões a sua nacionalidade e origem académica foram vantagens para aceder a esse meio fechado, em comparação com o que aconteceria com um moçambicano ou, muito pior ainda, um português como eu.
Não atribuí qualidades intrínsecas a nacionalidades ou à universidade onde se estuda (conheci vários imbecis de Oxford, de Cambridge e das melhores universidades norte-americanas, a par de gente excelente).
Mas uma pesquisa é, também, uma negociação de interesses entre as duas partes envolvidas; e, quanto mais poder se acha ter colectivamente e quanto mais consciência se tem de que a continuidade desse poder também depende, em termos individuais e para o futuro, de relações com estrangeiros de determinados países e com determinados perfis, mais aberto se estará a trocar possíveis vantagens futuras que possam vir dessa relação pela "entrada" no nosso restrito meio social e conversas.