Escrevi, no primeiro número desta série, sobre as experiências de reabilitação de crianças traumatizadas pela guerra.
Creio ser pertinente recordar uma pequena parte do saldo dessa guerra. Por exemplo, dos 92.881 soldados e guerrilheiros desmobilizados (76,3 do exército governamental e 23,7% da Renamo) após o Acordo de Paz de 1992, cerca de 28% tinham menos de 18 anos, 4.678 menos de 13 anos, 6.828 estavam entre 14 e 15 anos e 13.982 entre 16 e 17 anos, totalizando 25.498.
Por outro lado, acima de 250.000 crianças estavam orfãs e não acompanhadas. As crianças foram submetidas a repetidas experiências traumáticas, a saber: ameaças de morte, terror, agressões, processos sistemáticos de desumanização, fome, sede, malnutrição, exploração pelo trabalho, abuso sexual, envolvimento em actos militares.
No que toca à sua personalidade, foram verificados os seguintes distúrbios: falta de confiança nos adultos e em si próprias, falta de perspectiva de futuro e/ou perspectiva pessimista, isolamento, depressões, resignação, altos índices de agressividade, perda de sensibilidade, regressão, introversão, fobias diversas, falta de mecanismos adequados para resolução de conflitos, capacidade muito limitada para aceitar frustrações, sintomas neuróticos diversos.
1 comentário:
Bombas de efeito retardo, aqueles que eram crianças na altura.
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