O eng.º José Lopes voltou à barragem de Cabora Bassa da seguinte maneira: "Quando em duas estações de chuva seguidas (2007/08) duas tragédias hídricas muito similares ocorrem no Vale do Zambeze, haverá ou não conclusões a tirar quanto à imediata reformulação da gestão hidrológica da Hidroeléctrica de Cahora Bassa?"
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
6 comentários:
A pergunta parece quase retórica, de tão evidente que é a resposta, uma vez consultado o link.
Mas como fazer para que essa reformulação seja pelo menos equacionada, quando há tão grandes interesses em jogo - sobretudo agora, com a pressão para reembolso da dívida trazida com a reversão?
É pena que esta questão não tenha sido suscitada (ou tido a necessária visibilidade pública) quando o estado português ainda era sócio maioritário.
Talvez, na altura, o estado moçambicano pudesse até vir a estar disposto a apoiar esta reivindicação, em nome do interesse das populações.
Neste momento, temo que venhamos a assistir à mobilização, contra ela, da retórica do "interesse nacional", do "patriotismo" e das "mãos invisíveis".
Mas lá que a questão é grave e que algo deveria ser feito, não tenho dúvidas.
O Lopes muito tem batalhado nesse campo, siga as múltiplas entradas dele.
Não digo que não, nem pretendi sugerir o contrário. É o 2º trabalho dele que afixo lá no blog (já agora, obrigado pela chamada de atenção aqui, como sempre em cima da jogada) e, através deste link, pude ver que não é de agora que vem levantando a questão.
O problema foi (e é?) de visibilidade pública, mesmo que se trate, como em 1/2/2008, de um excelente artigo num jornal muito lido.
Dá-me a sensação (talvez errada) de que ele tem andado a falar sozinho, e por vezes isso não chega, por muita razão que se tenha.
Por isso aquela pergunta do "Como fazer?", em parte desabafo, mas em parte um apelo aos cidadãos moçambicanos (coisa que eu não sou, excepto no afecto que sinto por este país) para que encontrem as formas de fazer com que este assunto tenha a atenção que merece.
O problema que ele levanta e levantou já esteve na Assembleia da República o ano passado, desde que escreveu uma carta à HCB. Mas nada resultou.
Apetece dizer (com algum sarcasmo dorido, mas sem ponta de graçola jocosa) que resultou alguma coisa, sim. Resultou mais uma cheia, com mais mortos e muitos desalojados.
Enfim... em todos os países, é sempre muitíssimo difícil "marrar" contra grandes interesses económicos, sejam eles estritamente privados ou públicos, e com os hábitos instalados que ganham foros de racionalidade técnica.
Desculpe o tom meio amargurado, mas vejo nisto paralelos com a minha luta um bocado inglória para chamar a atenção e mudar as práticas de risco nas refinarias portuguesas - também ela com pontual visibilidade pública, mas resultados muito aquém do necessário.
Não é, por isso, apenas a racionalidade a falar, mas também a emoção. Mas não somos apenas máquinas de pensar, não é?
Tem razão! O ano passado a bancada maioritária na AR chumbou uma proposta para se seguir a linha de pensamento do Eng.º Lopes.
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