O jornal pró-governamental "Notícias" continua a surpreender-me. Certamente também surpreende outros. Na sua página de leitores exibe hoje mais uma carta que vai contra a corrente dos pensadores oficiais, aliás, a segunda parte de uma carta, escrita por Egídio Estevão Chaimite. Eis um extracto (sugiro fortemente que a leiam na íntegra): "Outro aspecto que despertou a minha atenção foi o tipo de discurso que foi sendo construído em torno desta questão. Não havia razão para manifestação antes do diálogo. A FEMATRO dialogou com o Governo...o povo devia fazer o mesmo” – dizia o Secretário Geral da FRELIMO, Filipe Paúnde. Interessante. De que forma queria que o povo dialogasse com o Governo? Será que pretendia dizer que todos os habitantes do grande Maputo e Matola deviam se dirigir às instituições do Governo e dizer: “Não aceitamos esse preço?!” A que instituição? Que mecanismos usaria? Seria ouvido? O povo tem representantes. Alguns dos seus correligionários também o são mas não canalizam as preocupações do povo, aliás, nem as conhecem, pois não mantêm contacto com ele (o povo) e limitam-se a lutar por mais regalias – mais 4X4, mais salários, etc. As decisões são tomadas de cima para baixo (são elitistas) e não há participação, daí que o povo não as reconhece. Quando essas decisões lesam seus interesses, o povo se manifesta. Pena que seja de forma violenta. (...) Primemos pelos princípios de auscultação e inclusão, que são inerentes à tão propalada democracia que nos acusamos de estar a viver no país. Consideremos cada indivíduo como cidadão - com direitos e deveres. Façam-nos sujeitos e não puros objectos ou receptáculos do processo para que as decisões sejam tanto legais assim como legítimas. Não protelem."
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
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2 comentários:
Informar correctamente e prestar servico publico, parabens ao noticias, por finalmente estar a escrever sobre o pais, o que ira melhorar a leitura dos dirigintes e permitir que tracem solucoes. Porque quando nao ha problemas como pretendia mostrar o noticias a pouco tempo a tras nao ha nada a resolver e depois aparecem greves. Deixem os politicos nos boletins partidarios e colaborem mais para melhorar o pais, o nosso povo merece e agradece.
Parabens ao Noticias por esta, inda que timida, viragem editorial. Surpreenda-nos mais!
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