Eis então a história prometida, do por que e de como foram linchadas duas mulheres na Matola-Rio.
"No princípio de Setembro, duas famílias residentes no Bairro da Matola-Rio, Unidade 7, entraram em conflito.
A família A (chamemos assim), constituída por uma senhora viúva e por filho de 18 a 20 anos. A família B, formada por uma senhora (avó), neta de 16 anos e outros familiares, a neta sendo orfã.
O jovem da família A namorava com a jovem (neta) da família B. Esta estava grávida de oito meses. Sabendo que seu filho namorava com a jovem, a senhora da família A foi a casa da família B, onde se pôs a insultar os respectivos membros, dizendo que eram pobres, mal-educados e incivilizados e que aquela menina jamais entraria na sua casa como nora. Mais prometeu a morte da jovem.
Pelo que apurámos, os membros da família insultada B mantiveram-se calados, apenas tendo dito que assim ficavam a saber que fôra o filho dela quem engravidara a jovem deles. E acrescentaram que o resto se resolveria mais tarde."
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
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4 comentários:
Tenho estado a trabalhar em três frentes e, no cyberbiologia e cybermedicina, editei 3 posts curiosos, e outros dois no neurofilosofia.
Comecei a critica da filosofia da técnica de Ortega y Gasset e introduzi Arendt na neurofilosofia.
Precisava da sua crítica.
Estes casos de linchamentos deixam-se revoltado e agressivo...
Abraço
Irei ler! Mas, infelizmente, a realidade linchatória existe e tb me perturba imenso. Tenho agora 61 estudantes a percorrer os bairros da cidade de Maputo a recolher mais dados (um nova frente para além daquela que é, já, rotina na UDS). Um dos tópicos desse trabalho consiste em saber por que razão mulheres e crianças dançam no linchamento.
Dançam? Um pouco macabro!
Em muitos casos dançam sim, o que muito choca aqui, o que, afinal,choca a muitos de nós. Mas o problema está em encontrar a lógica da racionalidade na irracionalidade desse comportamento, da festa linchatória.Como escreveu um dia Canguilhem (certamente conhece o seu "O normal e o patológico"),o normal é sempre um conceito dinâmico e polémico. Há anos que procuro compreender aquilo que me parece ser uma profunda satisfação (temporal que seja, sem futuro que seja, horrível que seja)com o fim da "poluição social", a catharsis irremediável e "necessária". Chegará o tempo em que porei isso em texto. Abraço.
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