"Resultados reais dizem que estamos a perder as florestas" - palavras do engenheiro Joaquim Macuácua, do Departamento de Inventariação das Áreas Florestais, em entrevista ao "Savana" (edição de hoje, 09/02/07, p. 3).
Entretanto, o mesmo semanário dedica duas páginas ao problema (3 e 5) e insere na p. 13 um "manifesto por uma exploração sustentável das florestas".
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
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6 comentários:
Sim, o Savana menciona o caso dos fiscais. E, claro, além de falta de orçamento para pagar aos fiscais, até pode acontecer que haja quem tenha interesse em que a situação assim prevaleça.
Li a entrevista do Engenheiro Macuacua. Em nenhum momento este técnico parece ligar a perda das florestas com a exploração madereira. Aliás, ele não elabora nas causas da diminuição das florestas. E as causas podem ser várias: Por exemplo (i) pressão populacional, (ii) corte de lenha e queima de carvão, (iii) abertura de campos para algodão, tabaco, jatropha e outras culturas...
E como referiu um colaborador anónimo deste blog, as queimadas para fazer machambas e o fomento do tabaco parece contribuirem muito mais para o desflorestamento do que a exploração madereira. Que tipo de medidas se deveriam tomar para estes casos?
Estou a tentar dizer que este problema parece bem mais complexo do que o que transparece dos nossos debates. E que não iríamos eliminar o desflorestamento nem que baníssemos a indústria madereira. Se fizesse falta uma prova do que afirmo bastava apresentar o desmatamento a que a província de Maputo foi sejeita por pressão de lenhadores e carvoeiros. Mesmo risco corre o Distrito de Massingir, só para citar os que conheço. Como se abordam estas questões? Com simples medidas administrativas de proibição? Ou de aumento de fiscais? A necessidade de sobrevivência das populações periféricas da Cidade de Maputo, que não têm acesso a energia electrica e a gás, faria com que esses fiscais fossem ignorados. Uma marcha, uma carta aberta (ao Presidente de Moçambique ou da China) aborda estas questões complexas?
Ao levantar estas questões não me move qualquer desejo de silenciar as pessoas com vontade de denunciar ou de marchar. Pretendo tão somente demonstrar que estamos em face de problemas que necessitam duma melhor problematização.
Um abraço a todos. Gabriel Muthisse
Prossiga a problematização, Muthisse, precisamos dela, pois certamente a Catherine Mackenzie e o Eng. Pedro Mangue, chefe do departamento de Normação e Controlo do Ministério da Agrocultura, se enganaram. A primeira estudou zombies e o Eng. Mangue devia estar distraído quando afirmou que o Estado estava consciente da devastação e que procurava controlar com fiscais o corte de madeira.
O meu comentário refere-se apenas ao que se pode inferir do que disse o Engº Macuacua. Da maneira como os comentários desta autoridade administrativa estão a ser citados, dá a impressão de que ele ligou a perda das florestas com a exploração madeireira, nosso tema de debate aqui. Até pode ser que sua opinião (do Engº Macuacua) seja essa, de que as florestas diminuem por causa da exploração madeireira. Só que a honestidade manda-me dizer que ele não o afirmou.
Quanto ao que dizem outras autoridades, científicas e administrativas, pronunciar-me-ei, se for o caso, em momento devido.
Cpts. Gabriel Muthisse
Leia o "Domingo" de hoje, Gabriel, sobre o estado florestal da Nação. Como verá, não há razão para pânico, tudo está bem
Sr, Serra, com tudo o respeito, acha mesmo que a principal causa do desmatamento 'e a exploracao florestal?
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