20 fevereiro 2007

Cientistas sociais: engajados ou desengajados? [2]


I
A história das ciências sociais nas universidades é uma longa e curiosa história de rigor e de amputação.
Os nossos antepassados foram, pouco a pouco, produzindo o rigor da razão em luta contra o senso comum, contra o pensar habitual, contra os saberes respeitáveis, religiosos, iconais.
Esse rigor virou-se contra a poesia, a filosofia, o devaneio, a emoção, o sonho. Tudo isto foi considerado anti-científico.
II
A lei das ciências da natureza instalou-se entre muitos dos nossos antepassados, entre aqueles cuja missão era (e continua a ser) a de estudar o que outros seres humanos fazem e pensam.
Regras precisas foram introduzidas, década após década, na sua actividade: forma de escrita, análise temática, provas permanentes, ritos de ascensão à maturidade científica.
O cientista-professor, operário do pensamento, ganha a respeitabilidade de um deus profano. A toga é o seu cartão de identidade.

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