24 fevereiro 2007

Reitores: endogenia, eleições e mandatos


Aqui ficam algumas notas para eventual discussão e debate. Acho que chegou a altura (atrasada, claro) de reflectirmos no que se segue.

I
O matemático Filipe Couto é o quinto reitor da Universidade Eduardo Mondlane. Se exceptuarmos o historiador Fernando Ganhão, o primeiro desde Maio de 1976, apenas Narciso Matos, químico e terceiro reitor, era da nossa universidade. O segundo reitor, Rui Baltazar, jurista, tinha sido Ministro das Finanças. Depois de Narciso Matos, chegou Brazão Mazula, educador e ex-presidente da Comissão Nacional de Eleições. E agora é a vez de Filipe Couto, ex-reitor da Universidade Católica e ex-assessor do Ministério da Educação.
Por que razão não deve ser prática nas universidade públicas os reitores serem "nossos"?

II
Os nossos reitores são designados pelo presidente da República após proposta do Conselho Universitário.
Mas não é o presidente da República eleito, legitimado pelo voto popular? Por que razão os nossos reitores não são eleitos por nós, professores, estudantes e funcionários? O princípio da elegibilidade devia ser extensivo a directores de faculdade e de centros e chefes de departamento.

III
Os reitores estão na UEM (mas não só, veja-se o caso da Universidade Pedagógica) um tempo sem tempo. Por exemplo, Fernando Ganhão foi reitor durante 11 anos, alguns meses menos do que Brazão Mazula.
Não tem o presidente da República um limite no seu mandato? Por que razão não há limite no mandato dos nossos reitores salvo aquele que o presidente da República decidir?
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O colega Calane da Silva, da Universidade Pedagógica, escreveu recentemente no semanário "meianoite" justamente sobre a elegibilidade dos reitores das universidades públicas.
Entretanto, siga este debate aqui, no imensis.

6 comentários:

Anónimo disse...

QUAL É A DÚVIDA?

Anónimo disse...

Esse e o discurso dos mandoes, dos tiranos.

JCTivane disse...

O problema central não é o conjunto das virtudes ou dos defeitos do padre Couto, mas o facto de os candidatos da UEm terem sido ignorados.

Anónimo disse...

Habemus Reitor

A globalização torna-se ainda mais interessante quando longe do país podemos, através da Internet, participar em debates sobre acontecimentos em Mocambique. Perdão para os que interpretem esta introdução com “show off”. Juro palavra de honra que não se trata disso, quero apenas advertir que esta contribuição è feita por alguém que esta fora do país.

Estava eu a navegar no mar da internet, quando deparei-me com a informação que a maior instituição superior de Moçambique vai mudar de Reitor. Como para todos aqueles que se interessam pelos acontecimentos nosso país, aguardei com muita expectativa por saber quem iria suceder o Prof. Dr. Brazão Mazula. Para analizar o trabalho deste, deixo por conta daqueles que trabalharam com ele. Estou è interessado no seu actual sucessor, sim o Dr. Couto, padre católico e matemático.

O padre Couto é mais uma figura religiosa numa instituição do estrado, depois do Reverendo Arão Litsure (actual presidente da CNE), e do Padre Jamisse (Reitor do ISRI). Embora hajam criticas sobre estas nomeaçoes, vejamos o que poderá ter motivado o presidente da república a nomear mais uma figura com o background religioso para o cargo de Reitor da UEM.

No momento em que o nosso país é conotado como um dos mais corruptos do mundo, creio que é pertinente que a sociedade moçambicana desempenhando o papel do “principal”, incumba como seus “agentes” figuras religiosas para desempenhar diferentes funções nas nossas instituições, principalmente para aquelas que estão directamente ligadas à formação superior. Assim estas figuras religiosas, não só deverão prestar contas àqueles que o confiaram, mas também a Deus. Sim, parece inocente a minha análise. Vejamos então o que a religião conseguiu alcançar no nosso país.

A religião teve sempre um papel importante em Mocambique. Muitos moçambicanos que contribuíram para a independência tiveram a sua formação básica em instituições religiosas. A paz no nosso país foi negociada numa instituição religiosa, com a participação activa das igrejas de Moçambique, sejam elas católicas ou protestantes. Independentemente desta nomeação ter sido política, constitui no meu ver um bom sinal e poderá contribuir para a revitalização dos valores morais nas instituições do estado. Às vezes a politica tem destas coisas, nomeações por conveniência, creio que esta foi uma delas.

Quanto ao Prof. Couto, vamos deixá-lo trabalhar, o tempo de julgá-lo virá, alias como religioso digo que Deus está em melhores condições de julgá-lo.

Quinho

NB: Sou estudante da Universidade Humbodlt em Berlim, umas das mais privilegiadas na Alemanha e na Europa. Cujo Reitor é um Teólogo.

JCTivane disse...

O nosso Estado é laico e por isso é anti-constitucional a nomeação para cargos públicos de pessoas declaramente pertencentes a corpos institucionais de uma dada religião. Os skeiks islâmicos podem agora exigir paridade.

ninozaza disse...

Discordo da sua posição senhor Quinho, porque o combate e a moralização da sociedade não se faz apenas com a vontade de individuos mas sim com normas, procedimentos, regras e punições duras e severas para os prevaricadores.
Brazão Mazula também têm um passado religioso mas, isso não o impediu de aparrecer conotado com escandalos de desvios de fundos (Fundos doados pela Suécia), portanto não é a religião que a pessoa professa que deve contar, mas sim a sua competência profisional e chega de politica na academia.