24 janeiro 2007

Políticos e politiqueiros no jogo das comadres desavindas


As eleições para as assembleias provinciais aproximam-se, seguir-se-ão depois as autárquicas, as legislativas e as presidenciais.
E como quase sempre tem acontecido, os pequenos partidos sazonais ressurgiram com os seus manifestos exaltantes, o seu alinhamento de posições e as suas cissiparidades.
Após o desaparecimento de Ripua da cena política, definitivamente realinhado pelo partido no poder, está em grande destaque na imprensa governamental o político dos turbantes e das capulanas vistosas, o Sr. Yá-Qub Sibindy (imagem à direita), presidente do PIMO e da mediatizada Fundação contra a Pobreza, potencialmente um pequeno cavalo de Tróia dentro da oposição para fazer o jogo do partido no poder, mas, também, um auto-tratador de imagem indigesto e excessivo que ninguém nos grandes partidos está disposto a aceitar como parceiro.
Enquanto isso, do lado do único partido capaz de fazer frente à Frelimo, a Renamo, aparece em evidência uma Junta Nacional de Salvação da Renamo, que se diz representante de antigos combatentes esquecidos pela elite bem-instalada do partido. Este é um fenómeno que a Frelimo certamente irá explorar nos próximos tempos, pelo menos ao nível da imprensa governamental.
Por outro lado, o presidente do terceiro partido do país (PDD), Raul Domingos, o único político consequente na oposição (imagem à esquerda), faz agora face aos pretendentes a presidente do Centro de Promoção da Democracia Multipartidária, por ele criado, entre os quais o sempre presente Yá-Qub Sibindy do PIMO (dificilmente se pode encontrar neste país uma organização, mesmo se do tamanho de um modesto quintal, que não tenha um presidente ou candidatos à presidência).
Nos poros de tudo isso, nadando com bóias de salvação, estão os outros representantes de pequenos partidos sem expressão votal usando, especialmente, o "Notícias" para falarem de programas de alargamento das bases partidárias, de trabalho político e de congressos que não se realizam por falta de fundos. Aqui, também, a questão central é lutar pela bela sinecura de deputado da Assembleia da República, agora que a barreira dos cinco por cento foi removida. A busca de alinhamento pela Renamo deverá ser o caminho mais fácil de percorrer nos próximos tempos, ainda que eu suspeite que ela está disposta a alijar carga do seu barco, face aos seus muitos aspirantes a deputados.
No que concerne à Frelimo, está no terreno com grande força mediática, sabendo perfeitamente que a Renamo não é um adversário fácil, sejam quais forem as campanhas destinadas a mostrar que ela está enfraquecida e em desagregação e que o seu líder, Sr. Afonso Dhlakama, é um ditador.

7 comentários:

Anónimo disse...

Este ano vamos ter muito que comentar, não é Doutor? Há muita eleição. Quanto aos partidos pequenos, entenda-se politico e estruturalmente, que prefiro chamá-los de epifenómenos da nossa democracia, deviam propor ao governo a criação de um instituto, tipo INEFP Instituto Nacional de Emprego e Formação Política. Assim fica tudo resolvido, entregavam os CVs e ficavam à espera dos resultados.

Anónimo disse...

Bonita fotografia do Sibindy, está todo ele envolto de cores mais conhecidas e mais divulgadas no país.
Merece um Prémio Nobel de Política

Carlos Serra disse...

Gostei do INEFP...Ah sim, vão ser 3 ricos anos de coisas e de comentários. Anos decisivos, creio.

Anónimo disse...

A situacao e bem mais complicada. Ha informacoes dando conta de que certos Partidos da Oposicao (conheco-os mas nao os direi)nao teem acesso aos documentos produzidos na Assembleia da Republica bem como noutors sectores do Governo. Quando la vao a resposta do Secretariado tem sido:
" Voces sao muitos, vao la ter com a Oposicao Construtiva que ja tem e tirem com eles as copias"
"Especulem"o maximo o significado desta mensagem.

Carlos Serra disse...

Ah, Egídio, que coisa ao mesmo tempo esdrúxula e simples!!!!! Amei o que escreveu! Tiro no alvo! Viva o construtivismo!

Anónimo disse...

De repente lembrei-me de duas pequenas grandes frases:

'Ou estao comigo ou contra mim'

e

'Todos somos iguais, mas uns sao mais iguais que outros'

Granda porcalhada que para aqui anda... e parece que a procissao nunca mais sai do adro.

Carlos Serra disse...

A ver vamos...