11 janeiro 2007

A pequena corrupção na Educação em Moçambique

Um trabalho do Centro de Integridade Pública a conferir aqui.

6 comentários:

Anónimo disse...

Acabo de saber por uma amiga desde a semana passada em luta por matricular-se na 11ª classe na Francisco Manyanga que, até este momento, e está precisamente lá a esta hora, não conseguiu saber qual o preço oficial da matrícula. Dada a enchente, nunca conseguiu chegar à secretaria, nem teve acesso a qualquer informação afixada. Toda a informação que possui é dada pelos que vão conseguindo a matrícula. Os primeiros tiveram de pagar 5.000 Mtn e os que estão agora a consegui-la pagam entre 3.500 Mtn e 4.000 Mtn. Tudo depende da negociação com o professor.

Carlos Serra disse...

Esse o enorme mundo tentacular que existe e mal se vê. Seria interessante caminhar por essa via um dia e perguntarmo-nos por que é muito difícil haver uma greve na função pública. Repare nesta hipótese: na luta por condições melhores de vida o "imposto informal" dispensa a greve.

Elísio Macamo disse...

acabo de ler o "estudo". ontem já tinha dado uma vista de olhos ao outro "estudo" sobre a integridade em moçambique. em ambos os casos fiquei arrepiado com a qualidade metodológica, muito embora acho que seja de louvar o esforço de basear as afirmações sobre fenómenos sociais em informações recolhidas de forma sistemática e transparente. o que lamento é o facto de as conclusões serem muito pesadas para o método que as produziu. cada vez que leio estes "estudos" fico mais convencido que o nosso país andaria melhor, e combateríamos melhor a corrupção, se abandonássemos de vez esta horrível palavra. não ajuda. obriga-nos a fazer batota metodológica, isto é a apenas confirmar preconceitos. eu próprio já afirmei que aquilo que se chama de "pequena corrupção" é o maior problema que enfrentamos ao nível da chamada corrupção. disse isso porque o que torna essa corrupção possível é o problema que devíamos abordar. sintomaticamente, essa questão não é levantada neste "estudo" e aparece, miraculosamente, como sexta e sétima recomendação no conjunto de 7 recomendações que são feitas. que tal realizar um estudo sobre "o funcionamento do sector da educação - desafios para a sua melhoria" e proibir os investigadores de usar a palavra "corrupção"? aí sim, havíamos de começar a ver o problema.
já vai longo o comentário, mas gostava de chamar a atenção para uma observação que aparece na página 23 do relatório: "as professoras têm poucas possibilidades de fazerem aqueilo que chamamos de "extorsão sexual" pois nada ganham com isso". Sem comentários.

Carlos Serra disse...

Obrigado pelo comentário, Elísio.

Elísio Macamo disse...

de nada. estamos numa batalha comum pelo bom senso. há muita coisa que incomoda no país, mas temos a responsabilidade de levar as pessoas a usarem o bom senso na fundamentação das suas conclusões. espero que os cientistas sociais que visitam esta página leiam o estudo de forma crítica. por exemplo, o que significa "estudo qualitativo" neste caso? com que base se podem fazer recomendações na base de um estudo qualitativo desta natureza? como foram seleccionados os entrevistados? porquê? porque justamente esses?
do ponto de vista ético seria também interessante reflectir sobre uma observação contida no fim do relatório. o autor faz referência ao facto de que não pôde entrevistar a directora dos recursos humanos do mec, apesar dos esforços envidados. mais uma vez, sem comentários.
bom fim de semana!

Anónimo disse...

Já vai longe o comentário do professor Carlos Serra à minha entrada. Gostaria, no entanto, de concordar com a hipótese que coloca: "Na luta por condições melhores de vida o "imposto informal" dispensa a greve." Talvez pensasse melhor na designação de tal "imposto" para a tornar mais imediatamente significativa. Um bom tema para estudo.