09 julho 2014

Pronto-a-pensar

O pensamento do dia-a-dia opera de três maneiras:
1. Irremedialismo espontâneo - emprego selectivo de estereótipos, de clichés, de julgamentos à maneira de todo-o-mundo, de ditos costumeiros, do tipo “não vale a pena”, “a gente é assim”, “não há fumo sem fogo”;
2. Imputação por bodes expiatórios – atribuição a certos grupos sociais de propriedades malignas. Em situações de desemprego, por exemplo, os estrangeiros são considerados usurpadores abusivos do bem-estar local: “São esses dos Grandes Lagos que nos roubam o emprego” (regra básica: causas que nos satisfazem são mais importantes do que razões lógicas);
3. Primado da conclusão - a conclusão existe preestabelecida, à partida, é a hora plena da emoção e não da razão. Exemplos: “Os nortenhos são atrasados”, “os jornalistas de certos jornais só escrevem mentiras”, etc. Não há um pensamento de análise lógica mas de julgamento peremptório.

3 comentários:

nachingweya disse...

4- Diluição da responsabilidade indidual na "consenso" colegial:
" O Parlamento decidiu", "O Conselho de Estado deliberou"...

Salvador Langa disse...

Sem dúvida que outros referenciais podem ser arrolados.

Foquiço disse...

Bom dia Sr. Professor!

Só para resgatar o dito "não há fumo sem fogo"... Repare-se que este tende a tornar muitas situações como reais e concretas remetendo sempre os agentes em causa a um grau de culpabilidade ou responsabilidade... enfim, este dito mata o raciocínio humano e dá mais poder aos responsáveis pelo falso testemunho com vista a fazer passar os seus interesses, pois, "não há fumo sem fogo".

Precisamos de repensar os nossos ditos e quiçá iniciar um processo de reeducação do povo nos diversos sectores quer através de palestras ou outras formas com vista a uma mudança de atitude face ao estágio em que nos encontramos face ao fénomeno que enferma o nosso dia-a-dia, da base ao topo e vice-versa.

Pensamos que todas as coisas tem razão de ser.
Não pensamos que há coisas que são apenas por emoção de ser.