07 fevereiro 2011

A cada um segundo as suas necessidades, a cada segundo o seu Samora (4)

Se é o homem é a medida de todas as coisas, a política é a medida de todos os heróis.
Vamos lá então avançar um pouco nesta encruzilhada samoriana.
Perguntei-me e perguntei-vos, em número anterior, quantos prismas é possível adoptar no tocante a Samora Machel, ícone nacional este ano tornado modelo político. E perguntei-me e perguntei-vos por quê.
Vou escrever um pouco sobre o que chamei prisma compósito.
Das mais variadas maneiras, aos variados níveis, Samora surge como o herói que carregava consigo múltiplas virtudes, mas, também - como se diz após a sua morte -, defeitos. Na verdade, a imagem de um Samora com defeitos é relativamente recente. Dizer que Samora tinha defeitos é como dotar o herói de uma componente afinal humana, é como convertê-lo aos seres normais. A construção de um Samora compósito - lenda e realidade, divino e terreno -, afinal um Samora real, faz-se entre dois extremos irredutíveis: aquele que consiste em atribuir-lhe uma natureza completamente diabólica (por exemplo, a do ditador comunista responsável pela origem de muitas desgraças) e aquele que consiste em atribuir -lhe uma perfeição absoluta (por exemplo, a de um pai social sempre preocupado com a sorte dos seus filhos). Talvez se possa dizer que o prisma de um Samora compósito é o menos politizado dos três prismas que propus, uma espécie de prisma transversal habitando, sem grandes sobressaltos, os vários grupos sociais do país.
Prossigo mais tarde (crédito da foto aqui).
(continua)

1 comentário:

Salvador Langa disse...

Excelente tema excelente título excelente análise.