Vamos lá então avançar um pouco nesta encruzilhada samoriana.
Perguntei-me e perguntei-vos, no número anterior, quantos prismas é possível adoptar no tocante a Samora Machel, ícone nacional este ano tornado modelo político. E perguntei-me e perguntei-vos por quê.
Deixarei de lado a leitura daltónica habitual - o bom e o mau, o redentor e o ditador, o nacionalista e o comunista -, para me permitir ter em conta três prismas post mortem: o compósito, o nacional útil e o social inconveniente. Por prisma compósito entendo aquele género habitual de enquadramento que atribui a Samora múltiplas coisas, entre virtudes e defeitos; por prisma nacional útil entendo aquele género de enquadramento que exalta o libertador nacional; por prisma social inconveniente entendo aquele género de enquadramento que salienta o transformador social.
Prossigo mais tarde (crédito da foto aqui).
Perguntei-me e perguntei-vos, no número anterior, quantos prismas é possível adoptar no tocante a Samora Machel, ícone nacional este ano tornado modelo político. E perguntei-me e perguntei-vos por quê.
Deixarei de lado a leitura daltónica habitual - o bom e o mau, o redentor e o ditador, o nacionalista e o comunista -, para me permitir ter em conta três prismas post mortem: o compósito, o nacional útil e o social inconveniente. Por prisma compósito entendo aquele género habitual de enquadramento que atribui a Samora múltiplas coisas, entre virtudes e defeitos; por prisma nacional útil entendo aquele género de enquadramento que exalta o libertador nacional; por prisma social inconveniente entendo aquele género de enquadramento que salienta o transformador social.
Prossigo mais tarde (crédito da foto aqui).
(continua)
6 comentários:
Prof.
As suas análises estão se sofisticando cada dia que passa. O Prof. não estará a ter a mesma iluminação de Sócrates, Platão, etc.? Não estaremos perante um filósofo moçambicano?
Quanto ao nosso marechal, a minha inquietação sobre as campanhas de reinvenção/ recriação deste ícone, está na possibilidade de Samora de Chilembene ter a mesma sorte que está a ter Jesus de Nazaré: uns usam-no para coleccionar tesouros na terra e outros como ponte para a vida eterna.
Boa imagem a do Chimbutane, o tema do uso. Aguardo ansiosamente ver onde a série vai ter.
"Os heróis moçambicanos não são, portanto, livres de descansarem nas suas tumbas quando em jogo está a sua recriação ou a sua reactivação política. Eles são duramente produzidos e reproduzidos. Por consequência, não há heróis em si. Mais: eles não existem, ao fim e ao cabo. O que foram ou o que são é o que queremos que eles sejam, no interior dos nossos interesses."
- http://oficinadesociologia.blogspot.com/2007/08/o-conflito-na-produo-de-heris-em.html
Hum não conhecia este trabalho sobre heróis!!!
Já agora: "Se é o homem é a medida de todas as coisas, a política é a medida de todos os heróis." (na mesma série do Professor)
Sobre o "transformador social",
A concepcao do "Homem Novo", da Frelimo do Machel nao esteve errada, e continua valida como ideia, como solucao, para Identidade Mocambicana,
O que esteve errado foi o metodo, que foi imposto, de forma violenta,
E o erro a seguir, foi "abandonar" a ideia, quando bastava corrigi-lo no metodo, e o proprio Machel ao tentar a mudanca e "aceitar" a economia de mercado ou o PRE, estaria provavelmente a ensaiar a mudanca no metodo, do ponto vista economico, que poderia eventualmente ser gerido de forma diferente do ponto de vista politco.
Retardamo-nos, ao abandonar a ideia, e hoje nem bem sabemos qual a nossa identidade e a nossa unidade se verifica na exclusao social, economica e politica, de nos mesmos, pra nos mesmos.
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