22 fevereiro 2011

Salomão Moyana sobre "os ventos que sopram do Norte"

No seu habitual editorial no "Magazine Independente", este semana intitulado "Tomar a sério os ventos do Norte!" (edição datada de 21/02/2011), a propósito do que chama "ventos cada vez mais desconfortantes do Norte de África e do Médio Oriente", o jornalista Salomão Moyana (na imagem) desenvolve o argumento de que os povos devem ser servidos nas suas necessidades e que os seus problemas não se resolvem com violência, mas com sabedoria e inteligência. Em Moçambique e tomando como eixo as manifestações populares no norte de África e no Médio Oriente, os dirigentes devem avaliar o "grau de insatisfação social" (sic) provocada por carências de ordem vária - propõe Moyana -, devem saber que medidas urgentes devem ser postas em prática para contorná-la, reflectindo, afinal, sobre os desafios de gerir um país "com mais de 54 por cento de pobres que sobrevivem com menos de um dólar por dia" (sic). É urgente descer às bases não para recolher dados para relatórios triunfalistas, mas para trabalhar directamente com o povo - sustenta. O jornalista escreveu, ainda, que "tudo indica que tais ventos estão a caminho da África Austral, onde regimes parecidos com os que estão sendo derrubados no Norte, também existem em número considerável". E assegura: "(...) engana-se aquele que, para a sua auto-consolação, pensar que aqueles ventos vão parar, apenas, no mundo árabe. Engana-se, redondamente, aquele que, para adormecer os incautos, andar por aí a propalar que no seu país jamais se pode verificar semelhante revolução popular" (p. 7)
Observação: mais um editorial escrito sem peias nem falsos moralismos, depois do editorial do semanário "domingo", referido neste diário, aqui. Já agora, permito-me recordar um texto do jornalista Lázaro Mabunda, de "O País", aqui.

9 comentários:

Xiluva disse...

Salomão não tem papas na língua para adormecer os incautos, não é encantador de serpentes...

Salvador Langa disse...

Grande Moyana!

Matusse disse...

Os ventos sopram, de certaza, em direcção ao sul. Iniciemos já algumas reformas, senhores.

Esta minha Africa quando quer....

Matusse disse...

Adoro este grande Moyane! diria o Karin, aqui, nos seus tempos.

Realmente os ventos do norte estão em direcção ao sul e me parece inevitával. Urge algumas reformas, senhores.

Esta minha África quando desperta do seu profundo sono ...

V. Dias disse...

Já está quase a chegar a Angola a onda das manifestações. Angola para Moçambique não é uma longa distância.

Zicomo

Boaventura disse...

Os países crescem pensando quando há pensadores honestos e corajosos como Rafael Marques em Angola e Salomao Moyana em Moçambique. Tenho dito.

Abdul Karim disse...

Todos que a esta altura estiverem com Povo estarao mais seguros, concerteza.

Nao sei se ha tempo suficiente para descer "as bases", pois me parece que "as bases" africanas estao com fortes tendencias de "subir ao colarinho" dos que estao no topo.

Que reformas Matusse ? que reformas sao possiveis de se fazer hoje ? com um governo que nem aceita ouvir ? tamos com muito pouco tempo util, estamos em cima da hora,

'E a tempestade perfeita, com um cenario internacional e nacional estremamente complicado, e fomos atempadamente avisados sobre a situacao,

O petroleo hoje US$ 105.00,
Os alimentos vao subir,
Subsideos ate 31 de Marco no maximo,
Doadores insatisfeitos,
Povo impaciente e esgotado,
Governo totalmente descredibelizado,

Nao sei,... nao sei mesmo.

A Mudanca Esta a Acontecer.

E temos que ser capazes de geri-la de forma mais Harmoniosa possivel,

ricardo disse...

Inevitable...


Hard Times (Curtis Mayfield) by Jonh Legend

Cold, cold eyes upon me they stare
People all around me and they´re all in fear
They don´t seem to want me but they won´t admit
I must be some kind of creature up here having fits

From my party house, I´m afraid to come outside
Although I´m filled with love I´m afraid they´ll hurt my pride
So I play the part I feel they want of me
And I pull the shades so I won´t see them seein me

Havin hard times in this crazy town
Havin hard times, there´s no love to be found
(repeat)

From my party house I feel like meetin others
Familiar faces, creed and race, a brother

But to my surprise I find a man corrupt
Although he be my brother, he wants to hold me up

Havin´ hard times in this crazy town
Havin´ hard times, there´s no love to be found
(repeat)

(rap)

In this crazy town
Havin hard times, there´s no love to be found
Havin hard times, in this crazy town
Havin hard times, there´s no love to be found

Musica aqui:http://www.youtube.com/watch?v=eOgkRniSNTs

ricardo disse...

Pergunta Carlos Castel-Branco:

http://www.canalmoz.co.mz/hoje/18857-sera-a-investigacao-social-neutra-relativamente-ao-conflito-social.html

Agora indo ao assunto. Nao ha duvidas que haverao muitas mais sublevacoes em Mocambique. Mas a diferenca entre nos e eles e UNA e fundamental. Aqui, nunca mudara o regime. Ao passo que la...

JA MUDOU!

Por isso, caro Moyana, ainda nao e desta que as coisas irao finalmente endireitar. Levara o seu tempo, a custa de muito sangue, e muitos artigos de opiniao. Infelizmente.