Mais um pouco da série.
Foi especialmente no século XIX que a estrutura das hoje chamadas Ciências Sociais (outros dizem humanas) se consolidou. E foi também nelas que se instalou e enraizou em muitos cientistas sociais a convicção - bem à Comte, da sua "física do social" - de que também a sociedade poderia ser entendida através de neutralidade, certezas, leis e e quase replicação laboratorial.
Porém, se é fácil um quark deixar-nos indiferentes, é impossível que um outro ser humano, transformado em objecto pelo cientista social, deixe este indiferente, na condição de neutral, de mineral. É fácil uma experiência em química ser replicável, no sentido de que vários cientistas a podem reproduzir num laboratório. É improvável que uma investigação em ciências sociais possa ser replicável. Um questionário, por exemplo, pode dar o resultado A no momento X e dar o resultado B no momento Y. Por quê? Porque as linhas e as opções do comportamento humano são rizomáticas, vastas, dialécticas, sempre em bifurcação.
Fomos buscar às ciências naturais a maior parte dos seus pressupostos, a pretensão do seu rigor (pelos quais um Durkheim tanto lutou), a convicção das leis para uns, da simples verdade para outros. Para parecermos ainda mais rigorosos, criámos regras de estruturação de artigos e teses, estipulámos severas normas para a quantidade de palavras desejável para uma tese ou para uma publicação, procurámos esvaziar a escrita das suas pulsões emotivas.
Porém, se é fácil um quark deixar-nos indiferentes, é impossível que um outro ser humano, transformado em objecto pelo cientista social, deixe este indiferente, na condição de neutral, de mineral. É fácil uma experiência em química ser replicável, no sentido de que vários cientistas a podem reproduzir num laboratório. É improvável que uma investigação em ciências sociais possa ser replicável. Um questionário, por exemplo, pode dar o resultado A no momento X e dar o resultado B no momento Y. Por quê? Porque as linhas e as opções do comportamento humano são rizomáticas, vastas, dialécticas, sempre em bifurcação.
Fomos buscar às ciências naturais a maior parte dos seus pressupostos, a pretensão do seu rigor (pelos quais um Durkheim tanto lutou), a convicção das leis para uns, da simples verdade para outros. Para parecermos ainda mais rigorosos, criámos regras de estruturação de artigos e teses, estipulámos severas normas para a quantidade de palavras desejável para uma tese ou para uma publicação, procurámos esvaziar a escrita das suas pulsões emotivas.
(continua)
2 comentários:
Professor,
Estara a dizer que nos preocupamos tanto na embalagem que ate esquecemos da essencia ou seja o produto em si ?
Parece- me claro que o tempo ( momento e a sua conjuntura ) 'e o factor mais determinante na analise do social por influenciar o comportamento individual e de grupo, sera ?
Sinto falta do Viriato, anda ausente estes dias...
Karim,
Estou. Estive ausente apenas por 1 dia. O trânsito de Lisboa roubou-me muito tempo e quando cheguei à casa já estava cansado. O trabalho nos museus não é fácil, requer muita paciência. Deves imaginar o que é inventariar cerca de 40 mil peças. Mas cá estou. Não fujo a combates, eles é que fogem de mim, disse o indiano Amitabh Bachchan.
Zicomo
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