14 setembro 2009

(3) 14/09/09


Deixemos um pouco o nosso país e perguntemo-nos que lógicas habitam as cabeças dos eleitores brasileiros, para usarmos uma preocupação do sociólogo Alberto Carlos Almeida. E pensemos em coisas como a que se segue, eventualmente útil para uma reflexão sobre como funcionam as cabeças dos eleitores moçambicanos:
"Até a década de 60, vigorava entre os especialistas em eleição a idéia de que as campanhas eram dominadas pelos candidatos que oferecessem ao eleitor perspectivas de futuro de maior impacto – ou seja: vencia quem apresentasse as melhores propostas. Essa crença consagrou uma fórmula até hoje muito utilizada por políticos brasileiros, para os quais, para ganhar um mandato, basta contratar um bom marqueteiro, encomendar uma dúzia de pesquisas de opinião e, com base nelas, elaborar um rol de promessas que seduzirá o eleitor. O cientista político americano V.O. Key foi o primeiro a perceber que as coisas não funcionavam bem assim. A partir da análise de resultados de pesquisas eleitorais, ele demonstrou que a escolha do eleitor se dava muito mais em função da sua avaliação das realizações do governo em curso, especialmente na área econômica, do que com base em promessas de mudanças no futuro. Ou seja, a lógica do voto é fundamentalmente a mesma em países com realidades diversas. O que muda é o grau de imediatismo do eleitorado. "Quanto mais básicas são as necessidades do eleitor, mais pragmático é o seu voto", diz o cientista político David Fleischer, da Universidade de Brasília."
Adenda 1 às 7:48: a zona da Polana na cidade de Maputo está literalmente ocupada com cartazes da Frelimo e do seu candidato Armando Guebuza. Gostava de ter informação sobre a luta dos cartazes, do tira e põe. Alguém a possui?
Adenda 2 às 8:02: a propósito da propaganda por cartazes – cartazismo, permitam-me dizer - , sugiro que leiam aqui. Sobre a propaganda política, confiram um trabalho de Jean-Marie Domenach aqui.
Adenda 3 às 8:28: acabo de verificar que a maior parte dos tempos de antena da Rádio Moçambique não está a ser usada por partidos e coligações. Nem a Renamo tem um.
Adenda 6 às 10:17: segundo o “O País” online de hoje, a Frelimo negou que membros seus tenham atacado a sede do MDM em Chócuè.
Adenda 7 às 10:20: creio que vai ser muito interessante analisar o potencial de resposta ao voto face à campanha em curso. Talvez tenhamos algumas surpresas, talvez certos partidos se surpreendam.
Adenda 8 às 10:49: leia um texto com o título "Retrospective Voting as Adaptive Behavior", aqui.
Adenda 9 às 10:54: provavelmente cristalizaram-se no país nichos de agressividade política imediata, zonas com violência latente em período pré-eleitoral e violência activa/imediata em período eleitoral. Um tema para pesquisar.
Adenda 10 às 11:59: uma fonte assegurou-me que a situação no Chócuè está normalizada desde as 20 horas de ontem.
Adenda 11 às 12:02: a seis colunas, o título da manchete do "Notícias" de hoje em primeira página sobre a campanha eleitoral é "Arranque tranquilo".
Adenda 12 às 13: segundo um jornalista radicado na Beira, ontem houve escaramuças em Nhamatanda, a cerca de 130 quilómetros da capital de Sofala, envolvendo militantes da Frelimo e do MDM, tendo ficado feridos quatro membros do primeiro partido. Aguardo confirmação.

12 comentários:

Abdul Karim disse...

vamos ver o nosso caso...

necessidades sao basicas...

desempenho economico de 34 ANOS, nao nos tirou da POBREZA...

e acrescentou FOME e DOENCAS.

'E para MUDAR ?? ou para CONTINUAR ASSIM ???

POR UM MOCAMBIQUE PARA TODOS!

hayden disse...

Heyden,

Para alem das variaveis 'necessidade proximal' que eh a imediata ou 'necessidade distal'que a prometida pelos candidatos, existe ainda um conjunto complexo de factores que estragarao qualquer tentativa de elaborar uma formula de previsao de resultados. Por exemplo:
- Medo de mudanca porque o future eh incerto. Alguem pode preferir continuar assim, do que navegar num mar sem conhecer o destino.
- Falta de lucidez. Para a maioria de populacao nao escolarizada que caracteriza nosso povo, qualquer serve. A escolha eh ao acaso, talvez caia para aquele que ja vi mais vezes ou que tenha cara mais simpatica.

umBhalane disse...

Vamos então vestir a pele de um popular rural, no Moçambique profundo, rural, no "mato", por exemplo, lá em Baoaze, Muto, Cangane, etc,...(Zambézia);

Deixem o conforto do alcatrão!

Conseguem?

Aí, sim.

Anónimo disse...

Professor:
Domingo, cerca das 12 horas,no cruzamento para o chamado bar dos pescadores, perto da gasolineira, o entre Coconuts e Game, um dos paineis publiciários, por sinal de uma empresa que não fixei o nome, tinha ao centro material da FRELIMO e da Renanmo. A cor é na maioria verde e virado para o mar.
Mais: um amigo em viagenm entre Chimoio e Tete, ontem de manhã, num machibombo registou uma conversa interessante: agora vão ser roubados muitos carros. Basta colocar cartazes da Frelimo e Guebuza que a Policia não vai incomodar. Parece anedota, mas se calhar tem um fundo de aproveitamento pelos amigos do alheio....

Joaqum Macanguisse disse...

Alo Dr Serra ! se nao sair do seu campo de acao sugiro uma entrevista ao Dr Maximo Dias.E que todos academicos das ciencias juridicas tem estado a aparecer falando politicamente , deixando de alguma forma a sua funcao banalizada .as mamanas dos mercados precisam tambem de saber melhor o que diz a tal lei 7/2007 e 8/2007 .posicao academica esperava de carlos Jeque ,mas no lugar disso apenas insistiu em chamar nomes de tipo aventureiros, etc .
sera que é possivel excluir a Renamo por desorganizacao sabendo que este mesmo partido é apoiado por acima de 40% de Mocambicanos?provavelmente a acontecer isso dariamos um passo no sentido a organizacao ,mas o mesmo nao diria quanto a consolidacao da nossa democracia que depende em grande medida da sua maior abrangencia

Joaqum Macanguisse disse...

Alo acabo de encontrar documento muito importante para analise dos prazos.

Distribuição dos tempos de antena na rádio e televisão públicas (artigo 29 e alínea r) do n.º 1 do
art. 7 da Lei n.º 8/2007, de 26 de Fevereiro e artigo 35 da Lei n.º 10/2007, de 5 de Junho).
09.09.2009 -25.10.2009.

a CNE atencipou 3 tres dias salvo mau entendimento veja todo programa em

http://www.integridadepublica.org.mz/pub2008/ndoc2008/171_calendario%20eleitoral.pdf

Joaqum Macanguisse disse...

em resposta e medido de um dos nossos comentaristas do sexta passada ,ai estao as leis na integra

Lei n° 7/2007 de 26 de Fevereiro
http://www.cconstitucional.org.mz/UserFiles/File/leieleitoral.pdf

Lei n.º 8/2007 de 26 de Fevereiro
http://www.cconstitucional.org.mz/UserFiles/File/leicne.pdf

Viriato Dias disse...

Que pena do MDM, nenhuma lei consegue proteger este partido. Continua a ser vitima de um sistema titanico, cujo objectivo é acabar com o MDM. O povo é quem mais ordena, será difícil para não dizer impossível.

Um abraço

Anónimo disse...

Campanha eleitoral na Swazilândia

Representação diplomática do Estado moçambicano usada para comícios do Partido Frelimo

Namaacha (Canalmoz) – A campanha para as eleições gerais de 28 de Outubro próximo arrancou ontem em todo o espaço nacional e nos círculos eleitorais de África e Europa e Resto do Mundo. No país vizinho da Swazilândia as instalações do Alto Comissariado da República de Moçambique em Mbabane foram usadas para promoção dos candidatos do Partido Frelimo.
Em violação da Lei Eleitoral que proíbe o uso de instituições públicas para actividades partidárias e eleitorais nomeadamente, a representação diplomática do nosso país no Reino da Swazilândia juntou-se à campanha de caça ao voto do partido de Armando Guebuza, ora publicando anúncios nos órgãos de comunicação social swazis em nome do Partido Frelimo, ora cedendo as instalações consulares para a realização de comício eleitoral que ontem teve lugar naquelas instalações.
Exemplares recentes dos jornais diários «Swazi Observer» e «Times of Swaziland», que regularmente chegam à vila fronteiriça da Namaacha, contêm publicidade paga pelo Alto Comissariado moçambicano no país vizinho, avisando a comunidade moçambicana residente no Reino da Swazilândia de que uma brigada central do Partido Frelimo iria proceder ao lançamento da sua campanha eleitoral nas instalações do sector consular da referida missão diplomática em Mbabane. Redigidos em língua portuguesa, os dispendiosos anúncios encomendados pelo Alto Comissariado da República de Moçambique convocam todos os eleitores recenseados, membros do partido Frelimo, no poder, e demais simpatizantes a participarem no encontro que teve lugar ontem em Mbabane, nas instalações da nossa embaixada.
O facto de uma instituição do Estado moçambicano, mormente o Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, estar a ser usada para fins partidários, em benefício do partido Frelimo presidido pelo actual chefe de Estado, vem somar-se a outros incidentes registados um pouco por todo o país em que organismos e funcionários do Estado se confundem com uma formação política que teima em comportar-se como se o país ainda estivesse subordinado aos ditames de um partido que em tempos se autoproclamou “força dirigente do Estado e da sociedade”, recorrendo para esse fim ao erário público para financiar as suas actividades e as de todo um gigantesco aparelho partidário.

(Redacção)

Mirella Domenich disse...

Caro Carlos, como não estou encontrando seu email, vou deixar aqui o convite para você assistir ao documentário "E a luta ainda continua", sobre as eleições gerais moçambicanas 2004, que será exibido pela primeira vez em Moçambique nesta semana, durante o Dockanema.
Mais informações estão disponíveis em http://minhavidanaafrica.blogspot.com/2009/09/documentario-exibido-no-dockanematraz.html
Espero que você possa comparecer.
Um abraço,
Mirella

Anónimo disse...

É de pequenas coisas que fazem grandes movimentos. A situação descrita pelo anónimo só mudará se cada um de nós fizer algo. A oprtunidade é essa, façamo-nos em massa as urnas a 28 de Outubro, e tomemos decisões inteligentes para o futuro de Moçambique. É a nossa vida e a de nossos filhos que está em causa. POR UM MOÇAMBIQUE PARA TODOS.

Anónimo disse...

Penso que a atitude das autoridades está a insentivar a reação dos membros do MDM e de outros partidos: Elas simplesmente mantêm-se indiferentes as agressões sofridas pelos membros do MDM e outros pequeneos partidos. Por mais pacientes que sejam as pessoas, é dificil verem-se agredidas e humilhadas, sem proteção. Qualquer um nessas condições teria respondido com violência, mesmo sabendo que não é a maneira mais correcta de resolver as coisas.Todos sabemos que não é característico dos membros do MDM responder com violencia a actos violentos mas suponho que já estejam cansados de ficar a espera que quem é de direito resolva mas, nada se faz.