12 maio 2009

Edmonds, o empreendedor sem pausa

Aqui, nesta Maputo índica, porosa aos negócios, grávida de 4/4, há muitas coisas que surgem e se desenvolvem como cogumelos. Por exemplo: casas de câmbio, bancos, bombas de gasolina e clínicas privadas. Está previsto que mais uma clínica surja brevemente em Maputo, após a criação de uma em Dar es Salaam destinada às classes médias africanas, aos expatriados, às ONGs, aos diplomatas e aos turistas. Pertença de quem? Do grupo empresarial liderado por Phil Edmonds, antigo jogador de cricketer que, entretanto, na mira da carne de vaca, tenta "adquirir" 160 mil hectares no centro do país. Obrigado ao Ricardo, meu correspondente em Paris, pelo envio da referência.

3 comentários:

Anónimo disse...

Sejamos pragmáticos: empreendedor é aquele que analisa oportunidades de mercado e, DENTRO DO QUADRO LEGAL existente, sabe aproveitar as fraquezas em seu benefício.

> Como actua o Senhor Edmonds (CAMEC, AGRITERRA, AMI-African Medical Investments, etc.,)


1. Simples: cria, na Bolsa de Londres, num segmento júnior chamado AIM (Alternative Investment Market) onde as exigências patrimoniais e de gestão são mais “soft”, logo mais sujeitas a falências também, empresas vocacionadas para a exploração de diversas áreas económicas. Ex: CAMEC (para actividade mineira) AGRITERRA (para actividade agrária); AMI (na área da sáude).

2. Estas empresas inscritas no AIM têm como objectivo principal participar no capital de empresas, neste caso, em países africanos, com ou sem parceiros nacionais.

3. O AIM (Alternative Investment Market), como o próprio nome indica, é um mercado alternativo para o financiamento de projectos, fundamentalmente, com base na valorização de recursos (reservas minerais, florestais, agrícolas, etc.,) ou de determinados direitos (exclusividade, isenções, etc) susceptíveis de valorização monetária. Trata-se dum segmento de mercado altamente ESPECULATIVO.

4. As empresas-mãe (inscritas na AIM) constituem-se com um capital insignificante (mas pulverizado em milhões de acções de um valor nominal irrisório), apenas para terem uma base legal para participarem nas empresas nos países onde pretendem instalar-se.

5. Feitas as pesquisas nas áreas das empresas participadas, anunciam no AIM / Bolsa, a descoberta de reservas deste ou daquele mineral, ou a obtenção de licenças para a exploração mineral, florestal , de culturas diversas, pecuária, outras actividades económicas. Valorizam esses recursos/ direitos, a preços de mercado apresentam projectos para a sua exploração.

6. Desta forma, o valor das acções da empresa-mãe aumenta, e os sócios colocam os seus milhões de acções de valor nominal irrisório no mercado a “preços de mercado” com a mais valia inerente à descoberta de recursos e/ou direitos sobre licenças. Complementarmente, podem proceder ao aumento do capital, mediante emissão de novas acções ou recorrer à Banca.

7. Quer isto dizer que (i) as empresas-mãe obtêm no exterior os recursos financeiros que garantem o retorno do capital investido e, (ii) os meios necessários para o investimento para a fase de exploração, apenas com base no valor especulativo dos nossos recursos (jazigos de Carvão, Ouro / potencial para a produção de Açúcar, Cereais, Gado, Serviços/hospital, por ex.).

8. Depois, esses meios financeiros, ou bens entretanto adquiridos, entram no país como investimento directo estrangeiro, logo, com direito a repatriação de capital e juros…. Ao que parece, ficamos com pouco! PORÉM, este tipo de projectos, pela sua dimensão, são aprovados pelo Conselho de Ministros, que, certamente, pondera o interesse nacional e a magnanimidade ou não das isenções e outras regalias!

9. Assim, a haver algo errado (como destinarem-se 50% da capacidade de rega da albufeira de Massingir ao projecto Procana da CAMEC) o erro está em quem, pelo voto, delegámos poderes para nos representar, e não no Investidor.

10. Quanto aos 160 mil hectares para expansão do projecto pecuário, de acordo com o Regulamento da Lei de Terras, só o Conselho de Ministros pode aprovar uma concessão dessa grandeza. MAS … pode bem acontecer que esses 160 mil hectares sejam o somatório de algumas dezenas de milhar de hectares já cedidos/ titulados por algumas das nossas elites políticas..., o que tornaria o processo bem mais simples!

11. Como se pode observar no slide 23 referido na postagem abaixo, o Presidente Guebuza esteve na cerimónia de abertura oficial da DECA (uma das participadas pela Agriterra)em Chimoio, em 2005. O Partido e o Governo estão BEM BENTRO destes empreendimentos.
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AM

Sir Baba Sharubu disse...

Thank you very much AM. One could not explain better how Phil Edmonds acts in Africa.
So far, the loosers have always been the African countries where he is active and the punters at the London Stock Exchange(AIM Market).
The only highlight on Phil Edmonds curriculum vitae appears to be that he was a very good cricket player.
Beware Mozambique !

Anónimo disse...

Porquê Àfrica?

> Somos um continente rico em recursos minerais, florestais, agrícolas, piscatórios, etc.

> Apesar da ocupação colonial, à data da Independência os nossos recursos minerais estavam "quase virgens". Depois,em alguns sectores, "prostiuímo-nos": nas pescas, nas florestas, no turismo, por exemplo.

> Perante este cenário (abundantes recursos e ambiente "facilitador", é natural que Phil Edmonds, com interesses na área mineira e agrícola no Congo e nossos vizinhos, Africa do Sul, Zimbabwe, Zambia, (platina, cobre, cobalto, etc) se tenha interessado também por Moçambique. Vejamos:
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(Wikipedia) "Philippe-Henri Edmonds (born March 8, 1951, Lusaka, Northern Rhodesia) is a former English cricketer and a successful, albeit controversial, corporate executive"

" He was educated at Gilbert Rennie High School, Lusaka, The Skinners' School, Cranbrook School and Fitzwilliam College. He holds an honours degree in land economy from Cambridge University."

"Mr Edmonds is a director of a number of public and private companies and has considerable experience in introducing natural resources start-up companies to AIM, including African Platinum Plc (formerly Southern African Resources Plc), Central African Mining & Exploration Company Plc, Central African Gold Plc and White Nile Limited."

"Mr Edmonds is currently Chairman of Central African Mining & Exploration Company Plc and White Nile Limited."
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www.camec-plc.com/

Central African Mining & Exploration Company Plc is a fast growing AIM listed African focussed emerging diversified producer, with multiple business lines across central and southern Africa. The Company's strategy will continue to be focused on the development of production and cash flow from its multi commodity asset base and by continuing to seek opportunities to enhance shareholder value through acquisition led growth, particularly where it can achieve a first mover advantage in an emerging market and invest at attractive valuations.
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> No meu entender, o maior problema para Moçambique e países africanos em geral, A RAZÂO PORQUE FICAMOS SEMPRE A PERDER, reside na FRAQUEZA (mais pelos interesses envolvidos do que falta de capacidade técnica) na análise da viabilidade económica destes empreendimentos.

Concentramo-nos na análise da viabilidade empresarial, na PERSPECTIVA DO INVESTIDOR, quando deviamos, PRINCIPALMENTE, preocuparmo-nos com a PERSPECTIVA PARA O PAÍS, num horizonte de médio,longo prazo.

Particularmente relevante quando se trata de exploração de Recursos Não Renováveis.
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AM