14 abril 2007

"Médicos sociais" em África (1) (continua)


Seguem-se algumas hipóteses, as quais vocês irão certamente melhorar ou impugnar.
Na cultura africana, adoecer não é necessariamente um desajuste orgânico, uma patologia do corpo, mas um desajuste social provocado por forças invisíveis e negativas a cargo dos espíritos ou de seres humanos malévolos. Não é o corpo que adoece, mas a sociedade que represento ou que representamos. Claro, não esqueço duas outras possibilidades de crença: a concepção mestiça (que aceita a causalidade orgânica e a causalidade mágico/espírita) e a concepção puramente biomédica (que opera ao nível do visível).
Para diagnosticar os desajustes provocados pelas forças do invisível e para eles encontrar uma terapia adequada, existem dois grandes tipos de médicos sociais (uns dirão curandeiros, outros dirão médicos tradicionais, outros, ainda, dirão contra-feiticeiros): os adivinhos/lançadores de sortes e os hervanários. Claro, corro o risco de diluir categorias intermediárias ou de esquecer que os dois tipos propostos não são tão estanques como parecem.
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O primeiro estudo sério do tema existente em Moçambique data da era colonial e tem a seguinte referência bibliográfica: Cota, Gonçalves J., Mitologia e direito consuetudinário dos indígenas de Moçambique. Lourenço Marques: Imprensa Nacional, 1946, pp. 55-84.

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